O filho de Deus e o espírito imortal. O cristianismo primitivo.

Enviado por Estante Virtual em sex, 23/11/2012 - 01:34

O "filho de Deus" é o espírito imortal atribuído a todo ser humano. É esta entidade divina que é o "homem único", pois o escrínio que contém a nossa alma, e a própria alma, são semi-entidades e, sem o seu obscurecimento, o corpo e a alma astrais não são senão uma Díada animal. É preciso a Trindade para perfazer o "homem" completo e permitir-lhe continuar sendo imortal a cada "renascimento", ou revolutio, através das esferas subseqüentes e as ascendentes, cada uma das quais o aproxima do reino refulgente da luz eterna e Absoluta.

(N.C. Relacionado à esse tema, o Livro da autora “A Sabedoria Tradicional, pg. 121 diz o seguinte:

“I. Âtma (ou Âtman) - o “Eu Superior” não é nem o seu Espírito nem o meu, mas assemelha-se à luz do Sol que brilha sobre tudo. É o “princípio divino” difuso universalmente e é inseparável de seu Meta-Espírito uno e absoluto assim como o raio do sol é inseparável da luz solar.

I Buddhi (a alma espiritual) é apenas o seu veículo. Nenhum deles separadamente, nem os dois coletivamente, são de maior utilidade ao corpo do homem que a luz do sol e seus raios o são para granito enterrado sob a terra, a menos que o Duo divino seja assimilado por, e refletido em, a consciência. Nem Âtman nem Buddhi são jamais alcançados pelo Karma, por que o primeiro é o mais elevado aspecto do Karma. [Karma - Fisicamente Ação; metafisicamente Lei de causa e efeito.], seu agente de SI MESMO em um aspecto, e o outro é inconsciente neste plano. Esta consciência ou mente é:

III. Manas, a derivação ou produto numa forma refletida de Ahamkâra, “a concepção do Eu” ou EGO-IDADE. É, portanto, quando unido inseparavelmente aos dois primeiros, chamado de EGO ESPIRITUAL e Taijasa (o radiante). Esta é a real Individualidade ou o homem divino. É esse Ego que - tendo encarnado originalmente na forma humana insensível animada por, mas consciente (uma vez que não tinha consciência), da presença em si mesmo da Mônada dual - fez da forma humanóide um homem real. É esse Ego, esse “Corpo Causal” que obscurece todas as personalidades em que Karma o força a encarnar; e é esse Ego o responsável por todos os pecados cometidos através de e durante cada novo corpo ou personalidade - as máscaras evanescentes que escondem o Indivíduo verdadeiro durante a longa série de renascimentos.

"O PRIMOGÊNITO de Deus, que é o `Véu sagrado', a `Luz das Luzes', é aquele que envia a revolutio do Delegatus, pois ele é o Primeiro Poder", diz o cabalista.

"O Pneuma (espírito) e dynamis (poder), que vêm de Deus, não devem ser considerados como nada menos que o Logos, que é também [?] o Primogênito para Deus", responde um cristão.

"Os anjos e os poderes estão no céu!" diz Justino, dando assim expressão a uma doutrina puramente cabalista. Os cristãos adotaram-na do Zohar e das seitas heréticas e, se Jesus as mencionou, não foi nas sinagogas oficiais que aprendeu a teoria, mas diretamente nos ensinamentos cabalistas. Nos livros mosaicos, elas são mencionadas raramente e Moisés, que estava em comunicação direta com o "Senhor Deus", preocupa-se muito pouco com elas. A doutrina era secreta e considerada herética pela sinagoga ortodoxa. Josefo lembra os hereges essênios ao dizer: "Aqueles que foram admitidos entre os essênios devem jurar não comunicar suas doutrinas a ninguém, a menos que essa pessoa as tenha recebido como eles, e também preservar os livros pertencentes à sua seita e os nomes dos anjos". (Josefo, Jewish Wars, II, VIII, 7). Os saduseu Olimpo aos deuses e aos semideuses, ou "espíritos". Apenas os cabalistas e os teurgos aderiam a essa doutrina desde tempos imemoriais e, em conseqüência, Platão e Fílon, o Judeu, depois dele, seguido primeiramente pelos gnósticos e depois pelos cristãos.

Assim, se Josefo nunca escreveu a famosa interpolação a respeito de Jesus, forjada por Eusébio, por outro lado, ele descreveu, nos essênios, todas as características principais que encontramos nos nazarenos. Para orar, eles procuravam a solidão. "Quando tu orares, entra no teu aposento (...) e ora a teu Pai que está em segredo" (Mateus, VI, 6). "Tudo que foi dito por eles [pelos essênios] é mais forte do que um juramento. Eles se abstém de prestar juramento". "Mas eu vos digo que não presteis nenhum juramento (...) Que vossa palavra seja sim, sim, não, não" (Mateus, V, 34-7).

Os nazarenos, bem como os essênios e os terapeutas, acreditavam mais nas suas próprias interpretações do "sentido oculto" das Escrituras mais antigas, do que nas leis mais recentes de Moisés. Jesus, como vimos antes, sentia uma veneração muito pequena para com os mandamentos do seu predecessor, com quem Irineu tanto ansiava compará-lo.

Os essênios "entraram nas casas daqueles que eles nunca viram anteriormente como se fossem seus amigos íntimos". Esse era incontestavelmente o costume de Jesus e de seus discípulos.

Epifânio, que situa a "heresia" ebionista no mesmo nível da dos nazarenos, também observa que os nazários se situavam logo após os Coríntios, tão injuriados por Irineu.

 

Outras páginas interessantes: