O Terceiro Raio - Atividade Inteligente

Enviado por Mauricio Medeiros em dom, 18/08/2019 - 22:02
Landscape water

Bem-vindo ao terceiro post investigando em mais detalhes os sete raios. Vamos agora falar do terceiro raio, também conhecido como o raio da "Atividade Inteligente".

Se você ainda não leu os demais posts dessa série, faça isso agora! Ao menos leia a introdução aos sete raios, e se possível também os raios do aspecto e de atributo e os raios abstratos e da forma. Embora não seja essencial, assumo que os assuntos tratados neles são conhecidos.

O terceiro raio é a energia que adapta a forma, ou corpos, à alma que a habita. No posto sobre os raios do aspecto vimos que este raio se relaciona com o "corpo" divino, com a "aparência" assumida pela força de vida. Ele manifesta a ação inspirada pelo primeiro raio e equilibrada pela sabedoria do segundo. Por esta razão a "natureza", entendida como a soma da manifestação divina em busca de evolução (atividade inteligente) é um excelente símbolo para o terceiro raio. Essa atividade se expressa de formas distintas dependendo do reino que analisamos, mas é sempre um impulso evolutivo. No ser humano pode ser entendida como a ânsia pela ativida, nos animais pelo impulso de se alimentar. Seres humanos por vezes ainda manifestam esse impulso irresistível na forma da gula, mas em geral essa atividade se refina e se transforma na medida em que evoluímos. Essa possibilidade surge da ação do terceiro raio. É nele que encontramos a semente de nossa capacidade de escolha.

De acordo com Djwal Khull em "Psicologia Esotérica" (páginas 204 e 205), este é o raio do pensador abstrato, do filósofo, do metafísico, do homem que extrai prazer da matemática avançada mas que dificilmente se incomodaria em manter sua contabilidade em dia. Possui uma imaginação muito desenvolvida, e através dela ele pode captar a essência da verdade. É o sonhador e o teórico, e de seu ponto de vista bastante amplo e sua grande cautela consegue ver todos os lados de uma questão com igual clareza - o que por vezes pode paralisar suas ações, mas também pode resultar em um excelente homem de negócios. Como militar é capaz de resolver complicados problemas táticos sem sair de sua mesa, mas dificilmente se destacaria no campo de batalha. Como artista, sua técnica pode não ser muito elaborada, mas seus assuntos são sempre cheios de interesse. Ama a música, mas a não ser que esteja sob a influência do quarto raio não irá produzí-la. Em geral, é uma pessoa sempre cheia de idéias,  mas sem senso prático suficiente para concretizá-las. 

flamingos
Flamingos. O raio da multiplicidade.

Sob a influência secundária do quinto raio, contudo, a personalidade expressa seria completamente diferente. A combinação do terceiro e quinto raios gera o matemático capaz de se elevar às mais altas abstrações e trazer seus resultados para o uso prático; gera o historiador que compreende todas as forças em ação em um determinado período e possui a paciência e acurácia necessária para investigar todos os detalhes necessários.

O estilo literário de alguém unicamente sob influência do terceiro raio pode ser excessivamente vago e confuso, mas sob influência do primeiro, quarto, quinto ou sétimo raios isso se altera, e em particular sob a influência do quinto raio ele potencialmente seria um mestre literário.

Ângela Batà resume o comportamento dos tipos do terceiro raio de forma bastante simples: há uma grande polarização no aspecto mental, muitas vezes em detrimento de emoções ou mesmo de ação, e existe a tendência ao uso do pensamento mesmo sem nenhum estímulo externo, só pelo "gosto" de raciocinar. Vale frisar porém que polarização mental não necessariamente implica em alto grau de inteligência ou maturidade intelectual. Polarização implica apenas foco; podemos ter pessoas extremamente polarizadas no aspecto mental, e ainda assim seus pensamentos serem confusos, desorganizados, mesmo incoerentes. A inteligência pressupõe a existência de outras qualidades além da capacidade de mover energia mental, como clareza, poder de síntese, capacidade de análise, e sobretudo a capacidade de compreensão.

Rio sinuoso. Floresta tropical.
Um rio que flui ao redor dos obstáculos, a letra "S", são também símbolos deste raio.

Ernest Wood faz uma analogia entre sanyama e os três primeiros raios. Sanyama é, de acordo com Patanjali, a prática e experiência simultânea de "dharana" (foco ou concentração completa), "dhyana" (meditação / contemplação) e "samadhi" (união divina). No entendimento de Wood, o indivíduo do primeiro raio terá mais facilidade e afinidade com a parte de "concentração", o do segundo raio com a "meditação" e o do terceiro raio com a "contemplação", devido a sua tendência natural ao pensamento abstrato.

Como feito nos artigos sobre o primeiro e o segundo raios, vamos analisar uma citação do livro Psicologia Esotérica que descreve a forma como um representante de cada raio reage ao processo de individualização (que é o processo de identificação com a forma). Essas afirmação contém o impulso primário de cada raio, sua qualidade nativa e a técnica de desenvolvimento ideal para cada raio.

 

O Bem-aventurado reuniu forças. Ocultou-se atrás de um véu. Embrulhou-se nesse véu e escondeu profundamente sua face. Nada podia ser visto exceto aquilo que velava, e movimento ativo. Dentro deste véu estava o pensamento latente.

O pensamento se adiantou: "Atrás deste véu de maya estou postado, um Bem-aventurado, mas não revelado. Minha energia é grande, e através da minha mente eu posso expor a glória  da divindade. Como posso, portanto, demonstrar essa verdade? O que devo fazer? Eu vagueio em ilusão."

A palavra se adiantou: "Tudo é ilusão, Ó Habitante das sombras. Venha para a luz do dia. Expõe a glória oculta do Bem-aventurado, a glória do Um e Único. A glória e a verdade rapidamente destruirão aquilo que ocultou a verdade. O prisioneiro pode partir livre. O rasgar do véu que cega, a clara enunciação da verdade, e o direito à pratica entregarão ao Bem-aventurado aquele fio dourado que proporcionará libertação de todo o labirinto da existência terrena.

- Psicologia Esotérica, vol 2, pág. 36

O primeiro parágrafo descreve o processo de identificação com a forma para o indivíduo do terceiro raio. Nesta fase, as pessoas do terceiro raio reúnem e usam as forças do ambiente, manipulando-as com destreza, criando um véu de glória, beleza e realizações materiais. Ficam assim envolvidos nessa intensa atividade e mergulham em ilusões, fascínio e maya ("e escondeu profundamente sua face"). A única coisa visível são os resultados materiais e a energia da atividade como um fim em si mesma ("aquilo que velava, e o movimento ativo"). A inteligência criativa da alma não se expressa ("pensamento latente").

Krishnamurti nos ensina que ao longo das nossas vidas, não observamos o mundo à nossa volta. O que realmente vemos é apenas o reflexo de nossas crenças e nossas memórias, que agem como um filtro para tudo que captamos do mundo. Como exemplo, não vemos realmente nossos cônjuges e amigos, mas sim o acumulado de todas as interações que já tivemos com eles, e nesse contexto, cada ação possui um significado extraído dessas memórias. Para o indivíduo do terceiro raio, esse processo pode ser potencializado, chegando facilmente a um estado onde "nada podia ser visto além daquilo que velava".

Aurora Boreal
Aurora boreal. Também conhecido como "O Raio da Inteligência Abstrata", representa a capacidade de captar o que é abstrato e torná-lo conhecido.

O representante do terceiro raio se encontra aqui mergulhado em ilusões - suas criações mentais e seus resultados materiais. Esse estado normalmente é alimentado por suas emoções, gerando o fascínio, que ao direcionar a sua energia potencializa maya, esse mundo de ilusões intensificado pela energia vital. 

Mas é em meio a vivência desse estado que se inicia a crise de evocação. Pensamentos mais profundos se fazem perceber ("o pensamento se adiantou"), mostrando uma natureza divina oculta atrás da aparente futilidade das suas ações ("um Bem-aventurado, mas não revelado"). Surge a noção de que essa natureza oculta é muito poderosa e pode trazer a iluminação ("através da minha mente posso expor a glória da divindade"), porém a mente não entende ainda como fazê-lo ("como posso demonstrar essa verdade"), nem se percebe quais passos devem ser tomados ("o que devo fazer?"). A longa reflexão sobre essas questões eventualmente torna muito claro o ambiente em que se vive - fascínio e ilusões ("eu vagueio em ilusão").

A partir da constatação de que a realidade vivida foi distorcida pelas ilusões centradas na personalidade ("tudo é ilusão, Ó habitante das sombras"), a alma encontra espaço para se manifestar e progressivamente influenciar a sua percepção ("venha para a luz do dia"). Os fascínios começam a se dissolver, e a alma consegue agir com mais liberdade ("A glória e a verdade rapidamente destruirão aquilo que ocultou a verdade. O prisioneiro pode partir livre.").

Albert Einstein
Albert Einstein. Este raio representa a capacidade de organizar pensamentos abstratos, gerando projetos, invenções, filosofias, sistemas econômicos.

Ao se libertar progressivamente das próprias distorções, o indivíduo passa a conseguir trabalhar na promoção do Plano Divino: a percepção intuitiva (através da alma) de idéias que trazem avanços na ciência, psicologia, religião ("a destruição do véu que cega"), sua enunciação clara e aplicação prática materializa a libertação e alívio de muitos. A captação dessas idéias, sua clara enunciação e a sua demonstração prática mostram um dos grandes poderes do terceiro raio: a manipulação seletiva da realidade em busca de um objetivo. A realização neste estado, contudo, não é mais puramente material - ela atende aos anseios da alma, e está alinhada ao Grande Plano.

Sobre "aquele fio dourado que proporcionará libertação de todo o labirinto da existência terrena", colocado aqui como o "coroamento" do processo comentado no parágrafo anterior, vejam o artigo "O Antahkarana". Em resumo, ele é a conexão entre o corpo mental inferior e mental superior, ou em outras palavras, a principal conexão entre nossa personalidade e nosso Ego. O progressivo fortalecimento desta conexão faz com que cada vez mais nossa personalidade esteja a serviço do Plano Divino, e portanto é uma das grandes metas de nossa vida terrena, independente de quais raios regem nossos corpos de expressão. No caso do terceiro, o trabalho com a mente mais abstrata e a estruturação de forma prática desse conhecimento construído é um dos caminhos de menor resistência para o fortalecimento desta conexão.

 

Símbolo: triângulo, a letra "S", dinheiro (uso fluido da matéria), teia.

Animal: cobra, aranha, raposa, gato, abelha, formiga, doninha, castor.

País: China (personalidade), França (personalidade), oriente médio (personalidade), povo judeu (personalidade).

Instituições: bancos, instituições financeiras, mercado de ações, agências de publicidade, a internet (www).

Tendencias vocacionais: filosofia, negócios, finanças, empreendedor, especulador financeiro, publicitário, advogado, vendedor, marketing, astronomia, linguista, estrategista, economista, matemático, acadêmico.

Pessoas: John. D. Rockefeller, Steven Spielberg, Woody Allen, Isaac Newton, Isaac Asimov, Bill Gates, Donald Trump, Albert Einstein, Ken Wilbur, Voltaire.

Cor: preto (exotérica), verde (esotérica).

Signos zodiacais: Cancer, Libra, Capricórnio.

Planetas: Saturno, Terra.

Forças: Atividade e adaptabilidade, fertilidade mental e criatividade, capacidade de especulação e teorização, planejamento e estratégia, análise e raciocínio rigoroso, pensamento abstrato, entendimento de relatividades, capacidade de modificar e quantificar visando precisão no pensamento, comunicação, facilidade com línguas, facilidade de entender e manusear dinheiro, aptidão para negócios, filantropia, poder de manipulação.

Fraquezas: Orgulho intelectual, evasivo, criticismo, pensamento vago e desnecessariamente complexo, pensamento em demasia sem ações práticas, perplexidade e confusão, "cabeça nas nuvens", hiperatividade, desperdício de energia, tendência a dividir a atenção entre assuntos demais (perdendo o foco), falta de precisão em detalhes práticos, descuidado, manipulador e calculista, oportunismo, materialismo amoral, enganador, contornando a verdade, adaptabilidade em excesso.

Outras páginas interessantes: