Por ocasião da morte, a consciência retira-se do corpo físico denso para o duplo etérico por um curto tempo, quase sempre por poucas horas, e depois passa para o corpo astral.
A morte consiste, assim, num processo de desnudamento ou de descarte de envoltórios. O ego, a parte imortal do homem, atira para fora de si, um após o outro, seus revestimentos externos, primeiro o físico denso, a seguir o duplo etérico e, então, mesmo o corpo astral, como veremos mais adiante.
Em quase todos os casos, a passagem parece ser perfeitamente indolor, mesmo depois de longa doença envolvendo sofrimentos terríveis. O aspecto pacifico do rosto dos mortos é forte evidência em favor dessa afirmação, que também se confirma pelo testemunho direto de maioria daqueles que foram interrogados quanto a esse ponto, imediatamente depois da morte.
No real momento da morte, mesmo quando se trata de morte súbita, o homem, o homem vê toda sua vida passada desfilando diante de si, em seus mínimos detalhes. Em um momento ele vê toda a cadeia de causas que estiveram agindo durante a sua vida. Vê, e agora ele se compreende tal como realmente é, despido de lisonjas ou de auto-ilusão. Lê sua vida, permanece como espectador, observando a arena que está abandonando.
A condição da consciência imediatamente depois do momento da morte é, quase sempre, sonolenta e cheia de paz. Haverá, também, um período de inconsciência que pode durar apenas um momento, embora com freqüência se mantenha por alguns minutos, ou varias horas, e às vezes mesmo dias ou semanas.
A atração natural entre a contraparte astral e o corpo físico é tal que, depois da morte, a contraparte astral, pela força do habito, retém sua forma habitual: conseqüentemente, a aparência física de um homem será preservada quase sem modificações, após a morte. Dado o fato de que a matéria astral é rapidamente modelada pelo pensamento, um homem que habitualmente pensa em si próprio, depois da morte, como mais jovem do que o era na hora, provavelmente assumirá uma aparência algo mais jovem.
Muito depressa, após a morte, na maioria dos casos, uma importante modificação tem lugar na estrutura do corpo astral, devido à ação do elemental de desejo.
Muito da matéria do corpo astral é composta de essência elemental, conforme foi dito antes: essa essência é viva, embora não inteligente, e, na ocasião, está separada da massa geral da essência astral. Cega e instintivamente, e sem razão, ela busca seus próprios fins e mostra grande engenhosidade na obtenção de seus desejos e em favorecer sua evolução.
Em seu caso, evolução é descida na matéria, e sua meta é tornar-se uma mônada mineral. Seu objetivo na vida, portanto, é aproximar-se do plano físico tanto quanto lhe for possível e receber todas as vibrações mais grosseiras que puder obter. Não sabe, nem pode saber, coisa alguma sobre o homem em cujo corpo astral está vivendo naquela ocasião.
Deseja preservar sua vida separada, e sente que só pode fazê-lo em conexão com o homem; está consciente da mente inferior do homem e compreende que, quanto mais matéria mental puder apanhar para si, mais longa será sua vida astral.
Quando da morte do corpo físico, sabendo que o período de sua vida separada é limitado e que a morte astral do homem se seguirá, em menor ou maior prazo, a fim de fazer com que o corpo astral do homem dure por mais tempo possível, ela arranja sua matéria em anéis concêntricos, ou conchas, as mais grosseiras formando uma crosta. Do ponto de vista do elemental do desejo, essa é uma boa política, porque a matéria mais grosseira pode manter-se unida por mais tempo e suportar melhor a fricção.
O corpo astral então em novo arranjo é chamado Yâtanâ, ou corpo sofredor; no caso de um homem muito mau, em cujo corpo astral exista preponderância da matéria mais grosseira, é chamado Dbruvam, ou corpo forte.
O novo arranjo do corpo astral tem lugar acima da superfície da contraparte do corpo físico, não acima da superfície do ovóide que o rodeia.
O efeito é evitar a livre e plena circulação de matéria astral que habitualmente tem lugar no corpo astral. Ademais, o homem só pode responder às vibrações recebidas pela camada mais externa do seu corpo astral. Assim, fica o homem encerrado, por assim dizer, numa caixa de matéria astral, podendo ver o ouvir apenas as coisas do plano mais baixo e mais grosseiro.
Embora vivendo em meio a altas influências e belas formas-pensamentos, ele estaria quase que de todo inconsciente da existência de tais coisas, porque as partículas de seu corpo astral que poderiam responder a essas vibrações estão fechadas em lugar onde não podem ser alcançadas.
Conseqüentemente, também, podendo perceber apenas a matéria grosseira nos corpos de outras pessoas e sendo inteiramente inconsciente de suas limitações, acreditará que a pessoa para a qual está olhando possui apenas as pouco satisfatórias características que ele consegue perceber.
Já que só pode ver e sentir o que é mais baixo e mais grosseiro, os homens que o rodeiam parecem-lhe monstros cheios de vícios. Sob essas circunstancias, é pouco de se admirar que ele considere um inferno o mundo astral.
O novo arranjo do corpo astral pelo elemental do desejo de modo algum afeta a forma reconhecível dentro do ovóide, embora as modificações naturais que ocorrem se inclinem no conjunto a tornar a forma algo mais apagada e de aparência mais espiritual conforme o tempo corre, por motivos que agora ficarão esclarecidos.
No correr do tempo, a concha mais externa do anel se desintegra: o homem se torna então capaz de responder às vibrações do próximo nível mais alto do plano astral e assim “subir para o próximo subplano” e, daí por diante, passar de um subplano para outro. Seu estágio em cada subplano corresponderá naturalmente à quantidade de atividade da matéria em seu corpo astral pertencente àquele subplano.
Quando falamos de um homem “subindo” de um subplano para outro, não queremos dizer que ele precise necessariamente mover-se no espaço: trata-se, antes, da transferência de sua consciência de um nível para outro. No caso de um homem com um corpo astral arranjado de novo, o foco de sua consciência se desloca da concha mais externa de matéria para a que lhe vem após. O homem se torna assim, gradualmente, incapaz de responder a vibrações de uma ordem de matéria e passa a responder às de ordem superior. Assim, um mundo com seus cenários e seus habitantes parecerá ir-se apagando lentamente diante de seus olhos, enquanto a aurora de um novo mundo surge sobre ele.
Já que a concha habitualmente se desintegra lentamente, o homem vê a contraparte dos objetos físicos tornando-se cada vez mais apagada, enquanto as formas-pensamentos se lhe tornam cada vez mais nítidas.Se durante este processo ele se encontra de vez em quando com outro homem, imaginará que o caráter desse homem está melhorando constantemente, apenas porque ele próprio está se tornando capaz de apreciar as vibrações mais elevadas daquele caráter. O novo arranjo do apreciar as vibrações mais elevadas daquele caráter. O novo arranjo do corpo astral interfere constantemente, de fato, com a verdadeira e completa visão de seus amigos, em todos os estágios de sua vida astral.
Este processo de arranjos novos do corpo astral, que tem lugar na maioria das pessoas, pode ser evitado pelo homem que puser sua vontade contra isso. Na verdade, quem quer que compreenda as condições do plano astral pelo elemental do desejo. As partículas do corpo astral se manteriam, então, interligadas como na vida e, em conseqüência, em lugar de ficar confinado a um subplano de cada vez, o homem estaria livre em todos os subplanos, de acordo com a constituição do seu corpo astral.
O elemental, sendo medroso em sua curiosa maneira semiconsciente, tentará transferir seu medo para o homem que o está expulsando da redistribuição, a fim de evitar que ele consiga isso. Por isso é que se torna muito útil conhecer esses fatos antes da morte.
Se o arranjo novo, a redistribuição ou enconchamento já ocorreu, ainda é possível romper tal condição, se houver alguém que deseje ajudar esse homem, que então ficará livre para trabalhar em todo o plano astral, ao invés de ficar confinado a um só nível.