No livro intitulado La manifestation à la lumière, de Champollion, há um capítulo sobre o Ritual que está cheio de diálogos misteriosos que a alma mantém com vários "Poderes". Num desses diálogos é mais do que expressiva a potencialidade da "Palavra". A cena ocorre na "Câmara das Duas Verdades". O "Portal", a "Câmara da Verdade", e mesmo as várias partes do portão, dirigem-se à alma, que se apresenta para admissão. Todos lha negam, a menos que ela lhes pronuncie os nomes misteriosos. Que estudiosos das Doutrinas Secretas não reconheceria nesses nomes a identidade, em significação e propósito, com aqueles que se encontram nos Vedas, nas últimas obras dos brâmanes e na Cabala?
Magos, cabalistas, místicos, neoplatônicos e teurgos de Alexandria, que ultrapassaram os cristãos em suas consecuções na ciência secreta; brâmanes ou samaneus (xamãs) da Antigüidade e brâmanes modernos; budistas e lamaístas - todos eles declararam que um determinado poder se agrega a esses vários nomes, que pertencem a uma única Palavra inefável. Mostramos, por experiência própria, quão profundamente está enraizada até em nossos dias na mente popular de toda a Rússia a crença de que a Palavra opera "milagres" e está no centro de toda façanha mágica. Os cabalistas conectam misteriosamente a Fé com ela. Assim fizeram os apóstolos baseando as suas afirmações nas palavras de Jesus, que diz: "Se tiverdes fé, como um grão de mostarda (...) nada vos será impossível" [Mateus, XVII, 20]; e Paulo, repetindo as palavras de Moisés, afirma que "perto está a PALAVRA na tua boca e no teu coração esta é a palavra da fé (Romanos, X, 8). Mas quem, exceto os iniciados, pois orgulhar-se de compreender sua significação total?