Os templários modernos e antigos não existe, no melhor dos casos, outra analogia senão a adoção de certos ritos e certas cerimônia de caráter puramente eclesiásticos astutamente incorporados pelos clero à Grande Ordem antiga. Após essa desconsagração, ela foi perdendo gradualmente seu caráter primitivo e simples até a sua ruína total. Fundada em 1118 pelos cavalheiros Hugues de Payens e Geoffoy de Saint-Adhémar, com o fito nominal de proteger os peregrinos, o seu verdadeiro objetivo era a restauração do primitivo culto secreto. A versão da história de Jesus e do Cristianismo primitivo foi revelada a Hugues des Payens pelo Grande-Pontífice da Ordem do Templo (da seita nazarena ou joanita), chamado Teocletes, que a ensinou depois a outros cavalheiros da Palestina, dentre os membros mais elevados e mais intelectuais da seita de São João, que foram indiciados nos seus mistérios. A liberdade de pensamento intelectual e a restauração de uma religião universal eram seu objetivo secreto. Presos ao voto de obediência, pobreza e castidade, eles foram no início os verdadeiros cavalheiros de João Batista, vivendo no deserto e se alimentando de mel e gafanhotos. Assim a tradição e a versão cabalística verdadeira.
É um erro afirmar que a Ordem só se tornou anticatólica posteriormente. Ela o era desde o princípio e a cruz vermelha sobre manto branco, a veste da Ordem, tinha a mesma significação para os iniciados de todos os outros países. Ela apontava para os quatro pontos cardeais do compasso e era o emblema do universo. Quando, mais tarde, a Irmandade foi transformada numa Loja, os templários, a fim de escapar às perseguições, tinham de realizar as suas próprias cerimônias no maior segredo, geralmente no salão de alguma corporação, mais freqüentemente em cavernas isoladas ou choças erguidas no meio de bosques, ao passo que a forma eclesiástica de culto era celebrada publicamente nas capelas pertencentes à Ordem.
Embora fossem infamemente caluniosa muitas das acusações feitas contra eles por ordem de Felipe IV, os seus pontos principais eram corretos, do ponto de vista do que é considerado como heresia pela Igreja. Os templários atuais, adentrando tão estritamente como fazem à Bíblia, não podem pertencer ser descendentes diretos daqueles que não acreditam em Cristo, seja como homem-Deus, seja como o Salvador do mundo; que rejeitavam o milagre do seu nascimento e os que foram operados por ele; que não acreditam na transubstanciação, nos santos, nas relíquias sagradas, no purgatório, etc. O Jesus Cristo era, em sua opinião, um falso profeta, mas o homem Jesus era um Irmão. Consideravam João Batista com seu patrono, mas nunca o tiveram no conceito em que o tem a Bíblia. Reverenciavam as doutrinas da Alquimia, da Astrologia, da Magia, dos talismã cabalísticos e seguiam os ensinamentos secretos dos seus chefes do Oriente. "No último século", diz Findel, "quando a Franco-maçonaria supôs erroneamente ser uma filha do templarismo, era muito difícil acreditar na inocência da Ordem dos cavalheiros templários. (...) Com essa intenção, não só lendas e acontecimentos sem registro foram fabricados, mas também se tentou sufocar a verdade.
A verdade é que a maçonaria moderna difere muito radicalmente daquilo que foi uma vez a fraternidade secreta universal na época em que os adoradores brâmanicos do AUM intercambiavam sinais e senhas com os devotos do TUM e em que os adeptos de todos os países da terra eram "Irmãos".
Qual era, pois, esse nome misterioso, essa "palavra" poderosa por cuja potência os hindus e os iniciados caldeus e egípcios operavam maravilhas? No capítulo CXV do Ritual Funerário egípcio, intitulado "O Capítulo da Vinda do Céu (...) e do Conhecimento das Almas de Annu (Heliópolis), Hórus diz: "Conheci as Almas de Annu. Os mais gloriosos não passarão (...) a menos que os deuses me dêem a PALAVRA". Em outro hino, a alma, transformada, exclama: "Que me seja aberto o caminho para Re-stau. Eu sou o Supremo, vestido como Supremo. Eu cheguei! Eu cheguei! Deliciosos me são os reis de Osíris. Crio à água [pelo poder da Palavra]. (...) Não vi os segredos ocultos (...) Confiei no Sol. Sou puro. Sou adorado por minha pureza" (CXVII-CXIX, Capítulo da ida ao Re-stau e do regresso de lá). Em outro lugar, o envoltório da múmia expressa o seguinte: "Sou o Grande Deus [espírito] que existe por si mesmo, o criador do Seu Nome (...) sei o nome desse Grande Deus que está aí" [cap. XVII].
Os inimigos de Jesus o acusam de ter operado milagres e os seus próprios apóstolos o apresentam como um expulsador de demônios por graças do poder do INEFÁVEL NOME. Os primeiros acreditam firmemente que Jesus o roubou do Santuário. "E ele expulsou os espíritos com sua espada e curou todos os que estavam doentes" (Mateus, XVIII, 16). Quando os governadores judaicos perguntaram a Pedro (Atos, IV, 7-10). "Graças a que poder, ou graças a que nome, vós o fizestes?", Pedro responde: "Graças ao NOME de Jesus Cristo de Nazaré". Mas este nome significa o nome de Cristo, como os intérpretes nos querem fazer acreditar, ou ele significa "graças ao NOME que estava de posse de Jesus de Nazaré", o iniciado, que foi acusado pelos judeus de tê-lo aprendido, porém que só o aprendeu com a iniciação! Além disso, ele afirma repetidamente que tudo o que faz, ele o faz em "Nome de Seu Pai", não em seu próprio.