No livro intitulado The Human Atmosphere (1911), o Dr. Walter J. Kilner expõe as experiências que ele fez sobre a aura humana, por meio de retículos coloridos.
Neste capítulo resumimos os princípios gerais e as descobertas desse autor. Para maiores detalhes, sobretudo quanto à maneira de empregar os retículos coloridos, aconselhamos ao leitor o estudo de obra já referida.
Notemos um pronto interessante: o dr. Kilner afirma não possuir grau algum da faculdade de clarividência. Nada havia lido sobre a aura humana, antes de ter examinado mais de sessenta doentes; afirma que seus métodos são puramente físicos, e podem ser aplicados por qualquer pessoa que esteja disposta a investigar.
Os retículos consistem em ampolas finas e achatadas, contendo cores de dicianina dissolvidas em álcool. Conforme o fim a atingir, são empregados diversos matizes, tais como o carmim carregado e claro, o azul, o verde, o amarelo.
O operador olha a luz, por alguns minutos ou mais, através de um retículo de cor carregada; examinando em seguida, o paciente, através de uma ampola de cor clara, consegue perceber a sua aura.
O uso destes anteparos parece afetar a vista, a princípio temporariamente, e depois de maneira permanente, a ponto de acabar o operador vendo a aura sem se servir deles. Não obstante, é aconselhável usá-los com toda prudência, pois os olhos tendem a ficar muito doloridos.
É preciso usar uma luz atenuada, difusa, proveniente de um só ponto, situada, de preferência, atrás do observador; habitualmente basta para que se veja distintamente o corpo. Um fundo negro sem brilho é, em geral, necessário, embora algumas observações exijam um fundo branco.
A pessoa em observação deve estar colocada a uns 30 centímetros à frente do fundo, a fim de que sejam evitadas as sombras e outras ilusões de ótica.
Independentemente dos retículos coloridos, o Dr. Kilner empregou um outro processo engenhoso, para estudar a aura, ao qual chama método das cores complementares. O observador fixa a vista durante 30 segundos no mínimo, e 60 no máximo, numa faixa colorida de 5 centímetros por 2 centímetros e bastante iluminada. Com isto enfraquece, na vista, a faculdade de perceber esta cor particular; além disto, os olhos tornam-se impressionáveis à ação de outras cores. Quando o olhar é dirigido ao paciente, aparece uma faixa ou orla da cor complementar; é do mesmo tamanho e da mesma forma que a faixa precedente; este "espectro" persiste por algum tempo.
Na prática, verifica-se que as mudanças de cor nas auras têm por efeito mudar a cor da faixa que apresenta o tom complementar. Utilizando-se estes processos com habilidade, é possível verificar muitos fatos relacionados com a aura, que escapariam à observação, empregando-se somente os retículos coloridos.
As cores empregadas pelo Dr. Kilner são as seguintes:
- Goma-guta com l c/c. de azul da Prussia.
- Azul de Antuérpia, com l c/c. de goma-guta.
- Carmim, com guta, com l / de verde esmeralda transparente.
- Verde esmeralda, com l c/c. de carmim.
A observação revela que a aura apresenta três partes distintas, chamadas pelo Dr. Kilner:
- O duplo etérico.
- A aura interna.
- A aura externa.
O duplo etérico, visto através dos retículos coloridos, tem a aparência de uma faixa escura em contato imediato com o corpo, cujos contornos segue exatamente. Sua largura é a mesma em toda a extensão; em geral é de 1, 5 a 5 milímetros; varia segundo as pessoas e também numa só pessoa, sob condições variáveis. É perfeitamente transparente e nitidamente estriado. Linhas de um belo róseo, muito delicadas, parecem matizar o intervalo entre as estrias. A cor rósea contém certamente mais azul do que o carmim. Parece provável que as linhas são em si mesmas luminosas. Até agora não se notou, no duplo etérico, nenhum atributo ou modificação que pudesse ajudar o diagnóstico.
A Aura Interna começa no rebordo exterior do duplo etérico, embora pareça, muitas vezes, tocar o próprio corpo. Apresenta geralmente largura uniforme, de 5 a 10 centímetros, às vezes um pouco menos, ao longo dos membros, e segue os contornos do corpo. É relativamente mais larga nas crianças do que nos adultos. Sua estrutura é granular; os grânulos são excessivamente finos e dispostos à maneira de estrias. As estrias são paralelas entre si e perpendiculares à superfície do corpo, e aos feixes, estando as mais compridas no centro e os mais curtos por fora, com borda arredondada. Esses feixes estão amontoados, dando assim à aura um contorno crenado. Nenhuma cor se notou nas estrias. Em casos de doença, são menos visíveis.
A aura interna é a parte mais densa da aura propriamente dita; nas pessoas de saúde robusta, é, em geral, nitidamente acentuada e mais ampla.
A Aura Externa começa no rebordo externo da aura interna, e ao contrário da Aura Interna, varia consideràvelmente em tamanho.
Ao redor da cabeça ultrapassa, em geral, de cerca de 25 milímetros o plano dos ombros; nos lados e atrás do tronco tem cerca de 10 a 12 centímetros de largura, e um pouco menos na parte dianteira do corpo, cujos contornos acompanha de perto. É, às vezes, um pouco mais estreita nos membros inferiores. Sua largura é a mesma nos braços e nas pernas, porém é geralmente mais larga nas mãos e ultrapassa de muito, frequentemente, a extremidade dos dedos.
O contorno não é perfeitamente nítido, pois esvanece-se gradualmente no espaço. A Aura Externa parece sem estrutura e não é luminosa. A parte interior da Aura Externa apresenta grânulos maiores do que os da parte externa; os diversos tamanhos de grânulos se fundem gradativa e imperceptivelmente uns nos outros.
Até à idade de 12 ou 13 anos, as auras das crianças de ambos os sexos se assemelham, sendo apenas a aura feminina mais delicada, geralmente, do que a masculina. A partir da adolescência, as duas auras masculina e feminina podem ser distinguidas. Uma e outra apresentam, entretanto, numerosas particularidades individuais.
A aura feminina é geralmente muito mais larga nas partes laterais do corpo e sua largura máxima encontra-se na cintura; é também mais larga atrás do que na frente; a parte mais larga está na concavidade lombar, onde forma frequentemente uma convexidade.
O Dr. Kilner acha que a forma ovóide é mais perfeita; os desvios resultam de insuficiente evolução. A delicadeza e a transparência caracterizam a aura de tipo superior.
As crianças têm auras cuja largura, em proporção à altura, é maior do que nos adultos. Além disto têm, sobretudo os meninos, uma aura interna quase tão larga quanto a externa, a ponto de se tornar, às vezes, difícil distinguí-las.
As pessoas inteligentes possuem, em geral, auras maiores do que as mediocres; isto é mais notável ao redor da cabeça. Quanto mais acinzentada é a aura, tanto mais o indivíduo é obtuso ou de mentalidade débil.
Às vezes pode ser discernida uma névoa excessivamente leve, ultrapassando de muito a aura externa. Só foi observada em pessoas cuja aura é excepcionalmente extensa e parece sr uma continuação da aura externa. O Dr. Kilner chama-a aura ultra-externa.
Foram observados raios, placas, correntes luminosas, que emanam de diversas partes do corpo; umas vezes aparecem e desaparecem rapidamente; outras vezes persistem. As placas parecem sempre incolores. Os raios também o são em geral, embora, às vezes, apresentem alguns matizes. Neste último caso, a aura é habitualmente muito densa. Existem três variedades:
Primeira — Raios ou placas, mais claros do que a aura circundante, inteiramente separados do corpo; apesar disto, ficam-lhe muito próximos, aparecem na aura e são envolvidos por ela. A mais comum de suas formas é a alongada, com o eixo de maior comprimento paralelo ao corpo. Seus lados são geralmente nítidos e coincidem exatamente com o bordo da aura interna: confundem-se muitas vezes com a aura vizinha.
A Aura Interna no inteiror do Raio perde geralmente, porém nem sempre o seu aspecto estriado e torna-se granular. Quanto mais alongado o Raio, tanto mais grossos se tornam os grânulos.
Segunda — Raios provenientes de uma região do corpo e dirigindo-se para outra não muito distante. Estes raios são geralmente os mais brilhantes. Podem, por exemplo, ser vistos fluindo do corpo a um braço, ou, se o braço está dobrado, da axila ao punho.
Se o observador coloca a mão perto do paciente, as auras de ambos se tornam quase sempre mais brilhantes localmente, e logo um Raio completo se forma entre a mão e a região mais vizinha pertencente ao paciente. Estes Raios se formam mais facilmente entre extremidades do que entre superfícies.
Num caso, o Raio da mão de uma pessoa para a de outra, era de cor amarela brilhante, que mudou para uma cor de rubi transparente.
Terceira — Raios projetados perpendicularmente no espaço, mais brilhantes e na mesma distância, ou mais, que a Aura Externa. Os Raios são geralmente, mas nem sempre, paralelos, e raramente em forma de leque; suas extremidades são pontiagudas, e extinguem-se,
especialmente quando fluem das pontas dos dedos.
Os raios observados são invariavelmente retilíneos. Sua direção normal é perpendicular ao corpo, porém podem tomar qualquer direção, como, por exemplo, quando saem das pontas dos dedos de uma pessoa para os de outra.
Além da cor ordinária, azul-acinzentada, a presença do vermelho e do amarelo foi verificada em certos raios. A estrutura destes parece-se com a da Aura Interna; além disto, não se observa que provocassem diminuição da densidade ou do brilho da Aura Externa vizinha. Estes dois fatos nos autorizam a concluir que os raios e a Aura Interna têm origem comum no corpo e que, por conseguinte, um raio é simplesmente o prolongamento de um feixe de estrias pertencentes à Aura Interna.
O Dr. Kilner verificou também que, em condições similares, porém mais dificilmente, pôde perceber uma névoa ou aura azulada envolvendo os ímãs, sobretudo nos poios; uma aura amarela ao redor de um cristal de nitrato de urânio; uma aura azulada ao redor de células galvânicas, e ao redor de um condutor qualquer reunindo os dois pólos e também no espaço compreendido entre dois fios ligados respectivamente a cada um dos pólos.
O Dr. Kilner constatou, assim, os seguintes fatos:
- que a aura interna apresenta organização estriada, enquanto a externa é absolutamente nebulosa;
- que a aura interna é nitidamente delimitada, enquanto a externa o é muito vagamente;
- que o rebordo externo da aura interna é crenado, não se dando o mesmo com o da aura interna;
- que há raios emanando da aura interna, porém nunca se verificou sua origem na aura externa, nem sua passagem à aura interna.
Daí o Dr. Kilner tirou as seguintes conclusões:
- que a aura externa provavelmente não é derivada da aura interna;
- que provavelmente as duas auras não são produzidas pela mesma força.
O Dr. Kilner distingue, pois: a força áurica n. ° l (1AF) que faz nascer a aura interna; 2. ° — a força áurica n. ° 2 (2 AF) que produz a aura externa.
1 AF parece agir com energia extrema em uma região delimitada. Um aumento local desta força permite projetar raios conscientemente, por um esforço de vontade.
2 AF é mais móvel e seu campo de ação é mais vasto do que o de l AF; parece inteiramente independente da vontade.
Diversos estados de saúde, gerais ou locais, agem sobre essas forças e, por meio delas, sobre as auras, porém não o fazem necessariamente da mesma maneira sobre as auras interna e externa.
Uma afeção local pode fazer desaparecer todas as estrias da aura interna, que fica então opaca e mais densa, e muda de cor. Pode também apresentar listras grosseiras, muito diferentes das estrias finas que caracterizam o estado de saúde normal. Enfim, pode produzir uma falha na aura interna.
Uma afeção que interesse grande parte do corpo pode tornar a aura interna mais estreita de um lado do corpo do que do outro; ao mesmo tempo, surgem modificações na contextura e muitas vezes na cor da aura interna.
As variações da aura externa, devidas a 2 AF, são menos acentuadas do que as da aura interna.
A largura pode diminuir, porém nunca desaparecer; a cor também pode mudar. Uma alteração sofrida por uma grande parte do corpo pode modificar inteiramente a forma da aura externa. Esta pode tornar-se mais estreita, sem que a aura interna seja afetada, porém se a aura interna se encolhe, sucede o mesmo com a externa.
As alterações nas auras podem ser causadas por doenças. Na histeria, a aura externa é mais larga nos flancos do tronco; sua largura diminui bruscamente perto do púbis, e forma-se uma protuberância na região lombar.
Na epilepsia, de ordinário se contrai, em toda a sua extensão, um lado de ambas as auras, interior e exterior; a interior se torna mais tosca e as estrias diminuem ou desaparecem. A cor é geralmente cinzenta.
Uma contração da aura interna é sinal invariável de doença grave. Observa-se, algumas vezes, verdadeira rutura na aura.
A aura interna quase não muda de forma e de tamanho, porém sua textura muda bastante. A aura externa varia mais frequentemente e de maneira mais acentuada, na forma e no tamanho, porém a alteração é quase imperceptível na textura.
Em caso de enfermidade, o primeiro sintoma mórbido é a diminuição ou a perda completa das estrias; concomitantemente, os grânulos parecem mais grossos, porque os menores se aglomeram.
Qualquer perturbação da aura interna é acompanhada de alteração correspondente na aura externa.
A preparação da vista por meio de retículas dificulta a apreciação exata das variações de cor na aura. Parece que a gama das tonalidades vai do azul ao cinzento, e que a cor depende mais do temperamento e das faculdades mentais do que das alterações na saúde física. Quanto maior for a energia mental, tanto mais azulada é a aura; a deficiência de energia mental traduz-se na aura pela cor cinzenta.
Certas experiências feitas pelo Dr. Kilner provaram não somente que os raios podiam ser emitidos de diferentes regiões do corpo, por um esforço de vontade, mas também que esse esforço podia fazer variar a cor de um raio ou de uma parte da aura. Desta maneira foram produzidos o vermelho, o amarelo e o azul. A cor azul é a mais fácil e a amarela a mais difícil de ser produzida.
Um estudo atento dos resultados obtidos pelo Dr. Kilner revela que os mesmos estão perfeitamente de acordo com as observações obtidas por clarividência. O Dr. Kilner, entretanto, parece ter estudado com mais minúcia, em certos pontos, a estrutura da aura e os efeitos nela produzidos pelas doenças.
O que o Dr. Kilner chama Duplo Etérico, é, evidentemente, o veículo a que os clarividentes dão esse mesmo nome. As estrias da aura interna do Dr. Kilner são claramente idênticas às aura da saúde (ver o Capítulo IV). O que o Dr. Kilner chama Aura Externa é formado, segundo pensamos, por partículas etéricas esvaziadas de seu prâna e também por qualquer matéria etérica expulsa do corpo (ver o Capítulo XI, Excreções). Convém o estudante comparar as gravuras da aura da obra do Dr. Kilner com as da saúde do livro de Leadbeater, O Homem Visível e Invisível, lâmina XXIV.
É razoável pensar-se que, se os métodos do Dr. Kïlner forem aperfeiçoados, permitirão que se perceba fisicamente:
- os chakras etéricos;
- o fluxo e a circulação do prâna no corpo;
- a natureza e a estrutura do duplo etérico dentro do corpo.
Como o Dr. Kilner mencionou a dificuldade de se perceber a aura sobre um fundo de músculos, perguntamo-nos se não seria possível obter-se um fundo conveniente, colorido, de qualquer maneira, a pele da pessoa observada.
O Dr. Kilner acrescenta que o único fim de suas pesquisas foi utilizar a aura como um meio de diagnóstico.
É, pois, provável que, levadas mais longe, essas observações revelassem propriedades da aura que, embora sem utilidade para o diagnóstico, apresentassem todavia interesse científico.
Os fatos observados:
- que a má saúde altera a aura;
- que a matéria etérica de auras vizinhas se reúne e forma raios;
- que os raios podem ser formados e dirigidos por um esforço de vontade;
- que a própria cor dos raios depende da vontade
Parecem indicar mais um pequeno passo progressivo nas curas magnéticas e mesméricas.
Aguardemos com confiança que um investigador empreenda o estudo deste importante e interessante assunto, com o mesmo rigor que caracteriza as pesquisas do Dr. Kilner.