Uma Ciência de Nome Theopoea

Enviado por Estante Virtual em qui, 22/11/2012 - 20:25
Sabemos que desde os tempos mais remotos existiu uma ciência misteriosa e solene, sob o nome de Theopoea. Esta ciência ensinava a arte de conceder aos vários símbolos dos deuses vida e inteligência temporárias. Estátuas e blocos de matéria inerte tornavam-se animados sob a vontade poderosa do Hierofante. O fogo roubado por Prometeu caiu durante a batalha na Terra; durante a luta para abarcar regiões inferiores do firmamento e condensar-se nas ondas do éter cósmico como o Âkasa poderoso dos ritos hindus. Nós o respiramos e o absorvemos em nosso sistema orgânico repleto dele desde o instante de nosso nascimento. Mas ele só se forma poderoso sob o influxo da VONTADE e do ESPÍRITO.
 
Abandonado a si mesmo, este princípio de vida seguirá as leis da Natureza; e, de acordo com as circunstancias, produzirá saúde e exuberância de vida, ou causará morte e dissolução. Mas, guiado pela vontade do adepto, ele se torna obediente; suas correntes restauram o equilíbrio dos corpos orgânicos, preenchem o vazio, e produzem milagres físicos e psicológicos, bem-conhecidos pelos mesmerizadores. Infundidos na matéria inorgânica e inerte, elas criam um aparência de vida, e portanto de movimento. Se faltar a essa vida uma inteligência individual, uma personalidade, então o operador deve enviar sua scîn-lâc (Scîn-lâc é um termo anglo-saxão que significa Magia, necromancia e feitiçaria, bem como aparição mágica, uma forma espetral, uma aparição ilusória ou um fantasma (phantasma). Sîn-lâeca é um mágico ou feiticeiro, e scîn-lâece, uma feiticeira. A arte pela qual se produzem aparições ilusórias era conhecida como scîn-craeft. N. do Org.), seu próprio espírito astral, para animá-la, ou utilizar o seu poder sobre a região do espírito da natureza para forçar um deles a infundir sua entidade no mármore, na madeira, ou no metal; ou, ainda, ser auxiliado pelos espíritos humanos. Mas este - exceto a classe dos viciosos e apegados à terra - não infundirão sua essência nos objetos inanimados. Deixam as espécies inferiores produzirem o simulacro de vida e animação, e apenas enviam sua influência através das esferas intermediárias, como um raio de luz divina, quando o pretenso "milagre é requerido para um bom propósito. A condição - e isso é uma lei da natureza espiritual - é a pureza de intenção, a pureza da atmosfera magnética ambiente, e a pureza pessoal do operador. É assim como um "milagre" pagão pode ser muito mais santo do que um milagre cristão.
 
Quem, dentre os que viram a atuação dos faquires na Índia meridional, pode duvidar da existência da Theopoea nos tempos antigos? Um céptico inveterado, ainda que ansioso para atribuir todos os fenômenos à prestidigitação, vê-se obrigado a comprovar os fatos; e tais fatos podem ser testemunhados diariamente, se assim se desejar. "Eu não uso", diz ele, falando de Chibh-Chondor, um faquir de Jaffnapatnam, "descrever todos os exercícios que ele apresentou. São coisas que ninguém ousa dizer mesmo depois de havê-las testemunhado, de medo que o acusem de ter sofrido uma inexplicável alucinação! E no entanto por dez, ou melhor, por vinte vezes, eu vi e revi o faquir obter resultados semelhantes sobre a matéria inerte. (...) Era apenas um brinquedo infantil para o nosso `encantamento' fazer a chama dos candelabros, que haviam sido colocados, por sua ordem, nos cantos mais remotos do aposento, empalidecerem e extinguirem-se à sua vontade; fazer moveis caminharem, mesmo os sofás nos quais estávamos sentados, as portas se abrirem e fecharem repetidamente: e tudo isso sem deixar a esteira na qual estava sentado.
 
"Altera ele o curso natural dessas leis? `Não, mas ele as faz agir utilizando forças que ainda nos são desconhecidas', dizem os crentes. Como quer que seja, assisti por vinte vezes a exibições similares, acompanhado dos homens mais distintos da Índia britânica - professores, médicos, oficiais. Não há um deles que não tenha assim resumido as suas impressões ao deixar a sala: `Eis algo verdadeiramente terrível para a inteligência humana!' Todas as vezes que vi o faquir repetindo a experiência de reduzir as serpentes a um estado cataléptico, estado em que esses animais têm toda a rigidez de um ramo seco, meus pensamentos reportaram-se à fábula [?] bíblica que atribui um poder análogo a Moisés e aos sacerdotes do Faraó."
 
De fato, deve ser tão fácil dotar a carne do homem, do animal e do pássaro com um princípio de vida magnético quanto a mesa inerte de um médium moderno. Os dois prodígios são possíveis e verdadeiros, ou devem soçobrar, juntamente com os milagres dos dias dos Apóstolos, ou os dos tempos mais modernos da Igreja Papal. Se Sisto V mencionou uma série formidável de espíritos vinculados a vários talismã, a sua ameaça de excomungar todos os que praticavam a arte não foi feita porque ele desejava que esse segredo permanecesse confinado no seio da Igreja? O que aconteceria se esses milagres "divinos" fossem estudados e reproduzidos com sucesso por todos os homens dotados de perseverança, de um forte poder magnético positivo e de uma resoluta vontade? Os recentes acontecimentos de Lourdes (supondo-se, naturalmente, que tenham sido honestamente relatados) provam que o segredo não se perdeu por completo; e se não há nenhum mesmerizador mágico escondido sob a batina e a sobrepeliz, então a estátua de Notre-Dame movimenta-se pelas mesmas forças que movem as mesas magnetizadas numa sessão espírita; e a natureza dessas "inteligências", pertencem elas à classe dos espíritos humanos, elementares ou dos elementais, depende de uma série de confissões. Todo aquele que conhece um pouco do Mesmerismo e do espírito caritativo da Igreja Católica Romana, não teria dificuldade em compreender que as incessantes maldições dos sacerdotes e dos monges; e os amargos anátemas tão prodigamente lançados por Pio IX - ele próprio um poderoso mesmerizador e, ao que se acredita, um jetattore (mau-olhado) - colocaram as legiões de elementares e elementais sob o comando dos Torquemadas desencarnados. São eles os "anjos" que pregam peças com a estátua da Rainha do Céu. Todo aquele que aceita o "milagre" e pensa de outro modo comete blasfêmia.

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