O elemento radical das religiões mais antigas era essencialmente sabeísta (Povo bíblico Astrólatra, que habitava o pais de Sabá -S. da Arábia.); e afirmamos que os seus mitos e as suas alegorias, uma vez interpretados correta e completamente, concordarão perfeitamente com as mais exatas noções astronômicas dos nossos dias. Diremos mais: dificilmente haverá uma lei científica - pertencente ou à Astronomia física ou à Geografia física - que não possa ser facilmente apontada nas engenhosas combinações de suas fábulas. Eles interpretaram por meio de alegorias tanto as mais importantes quanto as mais insignificantes regras dos movimentos celestes; a natureza de todo fenômeno foi personificada; e, nas biografias míticas dos deuses e das deusas olímpicos, aqueles que estiver bastante familiarizado, com os últimos princípios da Física e da
Química encontrará as suas causas, os interagentes e as relações mútuas encarnadas no comportamento e no curso das ações das divindades caprichosas. A eletricidade atmosférica, nos seus estados neutro e latente, geralmente é simbolizada em semideuses e deusas, cuja esfera de ação é mais limitada à Terra e que, em seus vôos ocasionais para regiões divinas mais elaboradas, exibem a sua têmpera elétrica sempre na proporção estrita do aumento da distância da superfície da Terra; as armas de Hércules e de Thor nunca foram mais mortais do que quando os deuses ascenderam às nuvens. Devemos ter em mente que antes da época em que o Júpiter olímpico fosse antromorfizado pelo gênio de Fídias em Deus Onipotente, o Maximus, o Deus dos deuses, e então, abandonado à adoração das multidões, na primeira e abstrata ciência do simbolismo ele encarnou em sua pessoa e em seus atributos todas as forças cósmicas. O mito era menos metafísico e complicado, porém mais verdadeiro eloqüente como expressão da Filosofia Natural. Zeus, o elemento masculino da Criação, com Ctônia-Vesta (a terra) e Métis (a água), a primeira das Oceânidas (os princípios feminino), foi considerado, segundo Porfírio e Proclo, como o zôon-ek-zôon, o chefe dos seres vivos. Na teologia órfica, a mais antiga de todas, metafisicamente falando, ele representa tanto a potentia quanto o actus, a causa não-revelada e o Demiurgo, ou o criador ativo como uma emanação da potência invisível. Nesta última capacidade demiúrgica, em conjunção com os seus companheiros, encontramos nele todos os agentes mais poderosos da evolução cósmica - a afinidade química, a eletricidade atmosférica, a tração e a repulsão.
É seguindo as suas representações nesta idoneidade física que descobrimos quão familiarizados estavam os antigos com todas as doutrinas da ciência física em seu desenvolvimento moderno. Posteriormente, nas especulações pitagóricas, Zeus tornou-se a trindade metafísica; a Mônada que evolui do EU invisível, a causa ativa, o efeito, e a vontade inteligente, que, juntos, constituem a Tetraktys (O “Quatro”, o primeiro de tudo é sua Unidade ou o “UM” sob quatro aspectos diferentes; significa a Tríada primitiva (ou Triângulo) fundida na Mônada divina.). Mais tarde ainda encontramos os primeiros neoplatônicos abandonando a Mônada primitiva, em razão de sua incompreensibilidade pelo intelecto humano, especulando apenas sobre a tríade demiúrgica dessa divindade tão visível e inteligível em seu efeitos; e depois a continuação metafísica por Plotino, Porfírio, Proclo e outros filósofos, que consideram Zeus como pai, Zeus-Poseidon, ou dynamis, o filho e o poder, e o espírito ou nous. A Tríada também foi aceita em seu todo pela escola irenaica do século II; a diferença mais substancial entre as doutrinas dos neoplatônicos e dos cristãos consiste apenas na amalgação forçada por estes últimos da Mônada incompreensível com a sua trindade criativa realizada.