O cistianismo primitivo, suas senhas e seus graus de iniciação

Enviado por Estante Virtual em sex, 23/11/2012 - 01:37

O Cristianismo primitivo teve suas imposições de mão, suas senhas e seus graus de iniciação. As inumeráveis jóias e amuletos gnósticos são provas evidentes desse fato. Ele é uma ciência simbólica. Os cabalistas foram os primeiros a embelezar o Logos universal, com termos como "Luz da Luz", o Mensageiro da VIDA e da LUZ, e essa expressão foram adotadas in toto pelos cristãos, com a adição de quase todos os termos gnósticos, tais como Pleroma (plenitude), Arconte, Aeôns, etc. Quanto aos termos "Primogênito", o Primeiro e "Filho Unigênito"- eles são tão velhos quanto o mundo. Hipólito demonstra que a palavra "Logos" existia já entre os brâmanes. "Os brâmanes dizem que o Deus É Luz, não aquela que se pode ver, nem como a do Sol ou do fogo; mas eles têm um Deus LOGOS, não o articulado, o Logos da Gnose, pelos qual os MISTÉRIOS mais altos da Gnose são vistos pelos sábios". Os Atos e o quarto Evangelho abundam em expressões gnósticas. As expressões cabalísticas "o Primogênito de Deus emanado do Alto", junto com aquele que É o "Espírito do Ungido", e ainda "eles o chamaram o ungido do Supremo" foram reproduzidas em Espírito e em substância pelo autor do Evangelho segundo São João. "Aquela era a luz verdadeira" e "a Luz brilha nas Trevas". "E a PALAVRA foi feita carne". "E sua plenitude [pleroma] tem tudo o que recebemos", etc. (João i).

O "Cristo", então, e o "Logos" existiram séculos antes do Cristianismos; a Gnose oriental foi estudada muito antes da época de Moisés e é preciso buscar a origem de todas essas doutrinas nos períodos arcaicos da filosofia asiática primitiva. A segunda Epístola de São Pedro e o fragmento de Judas, preservados no Novo Testamento, mostram, por sua fraseologia, que eles pertencem à Gnose oriental cabalística, pois usam as mesmas expressões dos gnósticos cristãos que elaboraram uma parte do seu sistema com base na Cabala oriental. "Atrevidos, por vontade própria, eles [os ofitas] não temem injuriar as DIGNIDADES", diz Pedro (2 Pedro, II, 10), o modelo original das injúrias posteriores de Tertuliano e de Irineu. "Da mesma maneira [como Sodoma e Gomorra] também estes sonhadores asquerosos contaminam a carne, desprezam o DOMÍNIO e injuriam as DIGNIDADES", diz Judas (8), repetindo as mesmas palavras de Pedro e utilizando expressões consagradas na Cabala. Domínio é o "Império", o décimo Sephiroth cabalístico. Os Poderes e as DIGNIDADES são os gênios subordinados dos Arcanjos e dos Anjos do Zohar. Essas emanações são a vida mesma e a alma da Cabala é do Zoroastrianismo; e o próprio Talmude no seu estado atual, foi todo emprestado do Zend-Avesta. Em conseqüência, adotando o ponto de vista de Pedro, de Judas e de outros apóstolos judaicos, os cristãos tornaram-se uma seita dissidente dos persas, pois não interpretam o sentido de todos esses Poderes da maneira como os verdadeiros cabalistas. A admoestação de Paulo, aos seus convertidos, contra a adoração dos anjos, mostra o quanto ele apreciava, desde essa época, os perigos de se emprestar de uma doutrina metafísica a filosofia que só poderia ser corretamente interpretada pelos sues adeptos letrados, os magos e os tannaim judaicos. "Que nenhum homem, numa aparência de humildade e por um culto dos anjos, vos arrebate e se abandone às suas visões e se encha de um vão orgulho pelos seus pensamentos carnais", é a sentença deixada à porta de Pedro e dos seus defensores. No Talmude, Miguel é o Príncipe da Água, que tem sete espíritos inferiores subordinados a ele. Ele é o patrono, o anjo guardião dos judeus, como nos informam Daniel (X, 21) e os ofitas gregos, que o identificaram ao seu Ophiomorphos, a criação personificada da inveja e da malignidade de Ialdabaôth, o Demiurgo (Criador do mundo material); e ele pretende provar que ele era também Samuel, o príncipe hebraico dos maus espíritos, ou devas persas, que os judeus consideravam naturalmente como blasfemadores. Mas Jesus sancionou alguma vez essa crença nos anjos, exceto no caso de eles serem mensageiros e subordinados de Deus? E aqui a origem das últimas divergências entre as crenças cristã se liga diretamente a esses dois pontos de vista primitivos contraditórios. DAÊVAS - Também chamado de DEVA - um deus, uma divindade "resplandecente". Deva-Deus, da raiz div, "brilhar", "resplandecer". Um Deva é um ser celestial, seja bom, ou mau ou indiferente. Os Devas habitam "os três mundos" ou três planos superiores ao nosso. Há trinta e três grupos ou trezentos e trinta milhões deles. [Os Devas são, na Índia, o mesmo que os anjos e arcanjos entre os cristãos. O príncipe destes gênios celestes ou divindades inferiores é Indra, rei do firmamento ou céu. Deva como adjetivo, significa: divino, celeste, glorioso, resplandecente etc. G. Teosófico Editora Grund.

Paulo, acreditando em todos esses poderes ocultos do mundo "inobservado", mas sempre "presente", diz: "Marchais segundo o AÊON desse mundo, segundo o Arconte (Ialdabaôth, o Demiurgo) que tem o domínio do ar" e "Não lutamos contra a carne e o sangue, mas contra os domínios, os poderes: os senhores das trevas, a maldade dos espíritos das regiões superiores". Essa frase: "Estais mortos no pecado e no erro" pois "marchais segundo o Arconte", ou Ialdabaôth, o Deus e o criador da matéria para os ofitas, demonstra inequivocamente que: 1°: Paulo, apesar de algumas dissensões com as doutrinas mais importantes dos gnósticos, partilhava mais ou menos das suas noções cosmogônicas sobre as emanações, e 2°: que ele sabia perfeitamente que esse Demiurgo, cujo nome judaico era Jehovah, não era o Deus pregado por Jesus. Ora, se compararmos a doutrina de Paulo com os princípios religiosos de Pedro e Judas, veremos que eles não só adoraram Miguel, o Arcanjo, mas também reverenciaram SATÃ, porque este último, antes da sua queda, também era um anjo! Eles o faziam abertamente, e maltratavam os gnósticos por falarem "mal" dele. Ninguém pode negar o que segue: Pedro, denunciando aqueles que não temem injuriar as "dignidades", acrescenta imediatamente "Enquanto os anjos, superiores em força e em poder, não fazem acusações contra elas [as dignidades] diante do Senhor" (II, 11). O que são essas dignidades? Judas, em sua Epístola Geral, torna a palavra clara como o dia. As dignidades são os DIABOS!! Lamentando o desrespeito mostrado pelos gnósticos em relação aos poderes e às dignidades, Judas emprega como argumento as mesmas palavras de Pedro: "Quando Miguel, o Arcanjo, disputando com o diabo, altercava sobre o corpo de Moisés, não se atreveu a fulminar-lhe sentenças de blasfemo, mas disse: Manda-te o Senhor"(I, 9). Está claro? Se não está a Cabala se encarrega de nos fazer saber o que eram as dignidades.

Considerando que o Deuteronômio nos diz que o "Senhor" enterrou Moisés num vale do país de Moab (XXXIV, 6) e que "ninguém conheceu até hoje o seu sepulcro", esse lapsus linguae de Judas dá uma coloração muito pronunciada às afirmações de alguns dos gnósticos. Eles só afirmavam o que foi ensinado secretamente pelos próprios cabalistas judaicos; a saber: que o Deus supremo era Desconhecido e Invisível; que "o Rei da Luz é um olho fechado"; que Ialdabaôth, o segundo Adão judaico, era o verdadeiro Demiurgo; e que Iao, Adonai, Tsabaôth e Elói eram a emanação quaternária que constituía a unidade do Deus dos hebreus - Jeová. Além disso, este também era por eles chamados de Miguel e de Samael, mas considerado como um anjo, muitos graus inferiores à Divindade. Afirmando essa crença, os gnósticos corroboravam os ensinamentos do maior dos doutores judaicos, Hillel, e outros Hillel, e outros teólogos babilônicos. Josefo mostra a grande deferência que a Sinagoga oficial de Jerusalém testemunhava pela sabedoria das escolas da Ásia Central. Os colégios de Sura, Pumbeditha e Sahardea eram considerados por todas as escolas da Palestina como a sede do ensino esotérico e teológico. A versão caldaica do Pentateuco, elaborada pelo célebre teólogo babilônico Onkelos, era considerada como a mais autorizada; e é de acordo com esse rabino que Hillel e os outros tannaim, depois dele, afirmavam que o Ser que apareceu a Moisés na sarça ardente, no Monte Sinai, e que em seguida o enterrou, era o anjo do Senhor, Memra, e não o Senhor; e que este, que os hebreus do Velho Testamento tomavam por Iahoh, era apenas Seu mensageiro, um dos Seus filhos, ou emanações. Tudo isso estabelece apenas uma conclusão lógica - a saber, que os gnósticos eram muito superiores aos discípulos, do ponto de vista da educação e de informação geral, e mesmo em termos de um conhecimento dos princípios religiosos dos próprios judeus. Estando perfeitamente a par da sabedoria caldaica, os discípulos bem-intencionados, piedosos, fanáticos e ignorantes, incapazes de compreender completamente ou de extrair o espírito de seu próprio sistema, eram levados em suas discussões a adotar termos de um lógica convincente, tais como "bestas selvagens", "porcos", "cães" e outros epítetos tão livremente empregados por Pedro (apóstolos).

 

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