Elam, outro dos filhos de Sem, é Olam, e se refere a uma ordem ou ciclo de acontecimentos. No Eclesíastes, III, 11, é denominado "mundo". Em Ezequiel, XXVI, 20, de "dos velhos tempos". No Gênese, III, 22, a palavra tem o sentido de "para sempre"; e no cap. IX, 16, de "eterno". Finalmente, o termo é completamente definido, no Gênese, VI, 4, com as seguintes palavras: "Havia Nephilim (gigantes, homens caídos ou titãs) na Terra". A palavra é sinônimo de Aeôns. Em provérbios, VIII, 23, se lê: "Fui construído de Olam, de Rosh (sabedoria)". Com essa sentença, o sábio rei cabalista se refere a um dos mistérios do espírito humano - a coroa imortal da natureza trina do homem. Ao mesmo tempo que deve ser entendido como está acima, deve ser interpretado cabalisticamente significado que o eu (ou o meu eterno Ego imortal) ou a entidade espiritual foi fundido desde a eternidade infinita e inominável, por meio da sabedoria criativa do Deus desconhecido. Na tradução canônica se lê: "Desde a eternidade fui constituída e desde o princípio, antes de a Terra ser criada", o que é um contra-senso ininteligível, sem a interpretação cabalística. Quando Salomão é levado a dizer que era "desde o início... enquanto Ela (a Divindade Suprema) ainda não tinha feito a Terra... nem a parte mais elevada da poeira do mundo... eu estava lá, "e" quando Ele lançou os alicerces da Terra... então eu estava com Ele, como alguém criado com Ele" o que os cabalistas significam com o Eu, a não ser o seu próprio espírito divino, uma gota derramada daquela fonte eterna de Luz e Sabedoria - o espírito universal da Divindade?
O facho de glória emitido por Ain Soph da mais alta das três cabeças cabalísticas, através do qual "todas as coisas brilham na Luz" o facho que sai através do Primus Adão, é o Espírito Individual de todo Homem. "E cada dia me deleitava com (Ain Soph) ele brincando o tempo todo diante dele... e as minhas delícias eram `estar com os filhos dos homens', acrescenta Salomão no mesmo capítulo dos Provérbios (30-1). O espírito imortal se compraz nos filhos dos homens, pois, sem o espírito nada mais havia do que dualidades (corpo físico e alma astral, ou aquele princípio de vida que anima até mesmo a menor das formas do reino animal). Todavia, vimos que a doutrina ensina que esse espírito não pode se unir ao homem quando há matéria e tendências muito grosseiras de sua alma animal, que sempre o estarão expulsando devido ao seu grande número. Por essa razão, Salomão, que foi induzido a falar sob inspiração do próprio espírito que o possui durante toda a sua vida, proferiu as seguintes palavras de sabedoria: "Ouvi-me, meu filho" (o homem dual), "bem-aventurados os que guardam os meus caminhos... Bem-aventurado o homem que me ouve, e que vela diariamente à entrada da minha casa... Aquele que me achar, achará a vida, e obterás a salvação do Senhor... Aquele porém que pecar contra mim fará mal à sua alma... e ama a morte" (Provérbios, VIII, 32-6).
Este capítulo, como foi interpretado por alguns teólogos, aplica-se, como tudo o mais, a Cristo, o "Filho de Deus", que repetidamente afirma que quem o seguir obterá a vida eterna e vencerá a morte. Mas até mesmo em sua tradução distorcida pode-se demonstrar que ele se refere a qualquer coisa que não o pretenso Salvador. Se aceitássemos isso nesse sentido, então a Teologia cristã de retornar, nolens volens, ao Averroísmo e ao Budismo; em suma, à doutrina da emanação. Pois Salomão diz: "Eu fui constituído de Olam e Rosh, sendo ambos parte da Divindade; e dessa forma o Cristo não seria, como a sua doutrina prega, o próprio Deus, mas apenas uma emanação Dele, como o Cristo dos gnósticos. Donde, o sentido da personalidade gnóstica da eternidade, palavra que significa ciclos ou determinados períodos da eternidade e, ao mesmo tempo, representa uma hierarquia de seres celestiais - os espíritos. Portanto, o Cristo algumas vezes é denominado de a "Eternidade". Mas a palavra "eterno" é errônea com relação aos Aeôns. Eterno é o que não tem começo e nem fim; no entanto, as emanações ou Aeôns, embora tivesse sido absolvidas na essência divina da eternidade, uma vez emanadas individualmente, têm princípio. Podem, portanto, ser infindáveis em sua vida espiritual, mas nunca eternas.
Essas emanações intermináveis da única Causa Primeira, que foram todas transformadas pela imaginação popular nos diversos deuses, espíritos, anjos e demônios, eram consideradas tão pouco imortais que a todas se atribuiu uma existência limitada. E essa crença, comum a todos os povos da Antigüidade, aos magos caldeus bem como aos egípcios, e mesmo até hoje é mantida pelos bramanista e pelos budista, mais gloriosamente evidencia o monoteísmo dos antigos sistemas religiosos. Essa doutrina chama o período de vida de todas as divindades inferiores "um dia de Parabrahman". Depois de um ciclo de quatro bilhões, trezentos e vinte milhões de anos humanos - diz a tradição - a própria Trindade, com todas as divindades menores, será aniquilada, juntamente com o universo, e deixará de existir. Em seguida, gradativamente, um outro universo emergirá de pralaya (dissolução), e os homens sobre a Terra serão capazes de compreender SVAYAMBHÛ como ele é. Isoladamente, a causa primordial existirá para sempre, em toda a sua glória, enchendo o espaço infinito. Que prova melhor poderia ser acrescentada, do profundo sentimento de reverência com o qual o "pagão" considera a única Suprema causa eterna e todas as coisas visíveis e invisíveis?