Um dos Livros de Hermes afirma que uma das pirâmides repousa sobre uma paia marítima, “cujas ondas arremetem com fúria poderosa contra a sua base”. Isto implica que as características geográficas do país se modificaram e pode indicar que devemos atribuir a esses “celeiros”, “observatórios mágico-astrológico” e “sepulcros reais” um origem que antecedeu o sublevantamento do Saara e de outros desertos. Isto também implicaria uma antiguidade maior do que os poucos milênios de anos tão generosamente atribuídos a elas pelos egiptólogos.
Mas, apesar de tudo, a mão impiedosa do tempo caiu pesadamente sobre os monumentos egípcios que alguns deles teriam caído no esquecimento não fossem os Livros de Hermes. Rei após rei e dinastia passaram num cortejo cintilante diante dos olhos de geração sucessivas e suas famas se espalharam pelo globo habitável. O mesmo manto de esquecimento caiu sobre eles e igualmente sobre os seus monumentos, antes que a primeira de nossas autoridades históricas, Heródoto, preservasse, para a posteridade, a lembrança daquela maravilha do mundo, o grande Labirinto. A cronologia bíblica, aceita desde há muito tempo, limitou tanto as mentes não só do clero, mas também de nossos cientistas mal desagrilhoados, que, no tratamento dos retos pré-históricos de diferentes partes do mundo, se pode perceber neles um medo constante de ultrapassar o período de 6.000 anos até agora admitido pela Teologia como a idade do mundo.
Heródoto já mencionou o Labirinto em ruínas; não obstante, a sua admiração pelo gênio dos seus construtores não conheceu limites. Considerou-o muito mais maravilhoso do que as próprias pirâmides e, como testemunha ocular que foi, descreve-o minuciosamente. Os eruditos franceses e prussianos, bem como outros egiptologistas, concordam quanto à sua localização e identificaram as suas nobres ruínas. Além disso, confirmam a narrativa feita pelo velho historiador. Heródoto diz que encontrou ali 3 câmaras, metade ao nível do chão e metade abaixo dele. “As câmaras superiores”, diz ele, “eu mesmo as percorri e examinei em detalhes. Nas subterrâneas [que devem existir até hoje, como sabem todos os arqueólogos] os guardas do edifício não me deixaram entrar, pois ele as contêm os sepulcros dos reis que construíram o Labirinto e também os dos crocodilos sagrados. As câmaras superiores, eu as vi e examinei com os meus próprios olhos e acho que elas excedem todas as outras obras humanas.” Na tradução de Rawlinson, Heródoto diz: “As passagens entre as casas e o meandro variados dos caminhos entre os pátios excitavam em mim uma admiração infinita à medida que eu passava dos pátios para as câmaras e dali para as colunatas, e das colunatas para outras casas, e novamente para casas não vistas anteriormente; todos pátio estavam circundados de claustros com colunatas de pedras brancas, e esculpidas também primorosamente. No ângulo do Labirinto há uma pirâmide de 72 metros de altura, com grandes figuras esculpidas, na qual se entra por uma vasta passagem subterrânea”.