Quarto Subplano: O Quarto Céu

Enviado por Estante Virtual em qua, 14/12/2011 - 20:40

O subplano superior do mundo mental rúpico, no qual os pensamentos ganham forma, e tão variadas são as atividades que é difícil agrupá-las numa só característica. Por isso, melhor será ordená-las em quatro categorias principais:

1.a, inegoísta anelo de conhecimentos espirituais;

2.a, ciência e filosofia de alto vôo mental;

3.a, aptidão literária ou artística exercida com propósitos inegoístas;

4.a, serviço prestado por amor.

Compreender-se-á mais facilmente a exata definição de cada uma destas categorias quando dermos exemplos delas.

A população deste subplano provém em sua maior parte daquelas regiões que reconhecem a necessidade de obter conhecimentos espirituais. Recordemonos de que no sexto subplano encontramos muitos budistas cujo sentimento religioso se manifestava em forma de devoção à personalidade do fundador do Budismo. No quarto subplano, pelo contrário, encontramos os budistas mais inteligentes, cuja suprema aspiração era prostrar--se aos pés de Buda para aprender, e o consideravam mais como um instrutor do que como uma adorável divindade.

Na vida celeste eles satisfazem plenamente seu nobilíssimo anelo, pois se imaginam recebendo lições de Buda; a imagem que dele forjam não é uma forma vácua, senão que dela dimanam a maravilhosa sabedoria, poder e amor do mais insigne instrutor do mundo. Em conseqüência, adquirem novos conhecimentos e ampliam o seu horizonte mental, de sorte que os seus efeitos hão de ter assinaladíssimo caráter na próxima vida terrena. Quiçá então não se recordem dos fatos individuais que tenham aprendido, mas intuitivamente reconhecerão a sua verdade ao acudirem à sua mente, e o resultado dos ensinos recebidos será infundir no Ego uma vivíssima propensão para o amplo estudo filosófico dos mesmos temas.

Desde logo veremos quão definida e seguramente esta vida celeste apressa a evolução do Ego, e mais uma vez perceberemos a vantagem dos que aceitam como guia os genuínos e potentes instrutores.

Um tipo não tão completo de instrução se encontra nos casos em que algum tratadista verdadeiramente insigne e espiritual se torna para o estudante uma personalidade viva e assume o aspecto de um amigo formando parte da vida mental do estudante e é uma figura ideal em suas meditações. Tal instrutor pode intervir na vida celeste do discípulo e por sua própria virtude vivificar a imagem mental que foi forjada pelo discípulo, e em circunstâncias favoráveis esclarecer o sentido esotérico dos ensinos expostos em seus livros.

A maioria dos hinduístas que seguem a senda da sabedoria, encontra seu céu no quarto subplano, crentes de que seus instrutores possuíram o verdadeiro conhecimento. Também estão neste subplano alguns dos mais adiantados sufis e parsis, e ainda residem ali alguns gnósticos cujo desenvolvimento espiritual lhes deu o direito de uma longa vida nesse subplano. Porém é pequeno o número destes sufis e gnósticos, e nem mesmo o islamismo e o cristianismo dão aos seus fiéis condições de atuar no quarto subplano, embora alguns dos que nominalmente pertençam a qualquer destas religiões possam alcançá-lo se possuem as qualidades independentes dos ensinos peculiares de sua religião.

Encontramos também no quarto subplano ardentes e devotos estudantes de ocultismo, todavia ainda não bastante adiantados para obter o direito de renunciar à vida celeste em benefício do mundo.

Entre estes havia um monge budista conhecido de um dos nossos investigadores, e que tinha sido um entusiasta estudante de Teosofia e há muito tempo acariciava a esperança de receber ensinamentos diretos de seu Mestre. Em sua vida celeste, era Buda a figura predominante e apareciam como lugar--tenentes os dois Mestres mais diretamente relacionados com a Sociedade Teosófica, os quais o ensinavam e lhe esclareciam os seus ensinamentos. As três imagens estavam cheias de poder e sabedoria das eminentes personalidades que representavam, e portanto, o monge recebia verdadeiros ensinos sobre ocultismo, cujo resultado será seguramente que na próxima vida terrena ele entre na Senda da Iniciação.

Outro exemplo denota os terríveis efeitos das infundadas e animosas insuspeitas, ou seja, de pensar mal do próximo sem fundamento. É o caso de uma devota e abnegada estudante que até o fim de sua vida caiu infelizmente numa atitude de injusta desconfiança a respeito dos motivos de sua antiga mestra e amiga a Senhora Blavatsky. Este sentimento cheio de animosidade e de suspeita teve o triste efeito de diminuir consideravelmente a influência vivificadora e os ensinos que teria podido receber na vida celeste. Isto não quer dizer que se realizasse a influência, e se lhe negassem os ensinos, e sim, que sua hostil atitude mental a incapacitava para recebê-los.

Sem dúvida, a estudante não percebia isso e lhe parecia estar em plena e perfeitíssima comunhão com os Mestres, porém os investigadores tinham a certeza de que, a não ser pela infeliz limitação que ela se impôs, teria colhido muito maior fruto de sua permanência no quarto subplano, pois junto a ela fluía um quase infinito caudal de amor, fortaleza e conhecimento, que sua ingratidão a impedia de aproveitar.

Compreende-se que como existem outros Mestres além dos que estão relacionados com a Sociedade Teosófica, e outras escolas de ocultismo que atuam na mesma direção que aquelas a que pertencemos, também se encontram freqüentemente no quarto subplano estudantes de todas elas.

Quanto à filosofia e à ciência de alto valor mental, encontramos neste subplano muitos dos nobres e inegoístas pensadores que só desejam intuição e conhecimento para transmiti-lo ao seu próximo. Porém não incluímos no número de estudantes de filosofia os que tanto no Oriente como no Ocidente malgastam seu tempo em argúcias e querelas, porque esta espécie de discussão tem sua raiz no egoísmo e na vaidade, e nunca poderia conduzir a mente a uma verdadeira compreensão dos fenômenos do universo, pois os resultados de tão insensata superficialidade não podem manifestar-se no mundo mental.

Exemplo de genuíno estudante nos oferece um dos últimos neoplatônicos cujo nome é conservado nos perpétuos anais daquele período. Durante toda sua vida terrena esforçou-se para dominar os ensinos da escola neoplatônica e na vida celeste se ocupava de escrutar seus mistérios e compreender a sua importância no desenvolvimento da vida humana.

Outro caso é o de um astrônomo que pouco a pouco foi-se desviando de suas crenças ortodoxas até cair no panteísmo, porém em sua vida celeste prosseguiu seus estudos astronômicos com reverente atitude mental e recebeu verdadeiro conhecimento ensinado pelos devas por cujo meio parece manifestar-se no quarto subplano o majestoso movimento cíclico das potentes influências estelares em sempre cambiantes resplendores de onipenetrante e vívida luz. Estava o astrônomo absorto na contemplação de um vasto panorama de voltejantes nebulosas com a gradual formação de sistemas planetários, e parecia como se captasse alguma tênue idéia da configuração do universo, que ele se imaginava como um enormíssimo animal. Seus pensamentos o rodeavam em forma de estrelas, e comprazia-se em escutar o majestoso ritmo da música coral sinfônica das esferas, O terceiro tipo de atividade no quarto subplano é o nobilíssimo esforço artístico e literário, inspirado antes de tudo pelo desejo de elevar espiritualmente a humanidade. No quarto subplano estão Mozart, Beethoven, Wagner, Bach e outros músicos inundando o ditoso lugar com harmonias muito mais gloriosas do que as mais esplêndidas que foram capazes de produzir durante a sua vida terrena. Parece como se uma copiosa corrente de divina música fluísse sobre eles das altas regiões, e eles as especializaram e a fizeram própria para difundi-la por todo subplano com um potente fluxo de melodias que acrescentam a felicidade ambiente. As entidades que atuam com plena consciência neste subplano, escutam e apreciam em todo seu valor tão acordes ressonâncias que também influem nas entidades recluídas em sua própria atmosfera mental.

O pintor e o escultor que cultivaram sua arte com ideais elevados e inegoístas, estão no quarto subplano constantemente traçando e projetando toda linhagem de lindas formas forjadas por sua mente para deleite e estímulo de seu próximo, pois não só alegram intensamente os que estão conscientes neste subplano, como em muitos casos podem captar as mentes dos artistas que ainda estão na terra e reproduzi-las para enaltecer a consciência das pessoas empenhadas nas lutas da vida física. Formosa e comovedora figura neste subplano é a de um jovem de um coro que morreu aos catorze anos. Seu ânimo estava, por assim dizer, empapado em música e em juvenil devoção à sua arte, intensamente colorida pelo pensamento de que era a expressão dos anelos religiosos da multidão congregada em uma espaçosa catedral; e contudo, ao mesmo tempo derramava sobre eles celestial alento e inspiração. Poucos conhecimentos havia adquirido em sua vida tão curta, mas o canto aprendido foi proveitosamente usado para servir de voz intermediária entre a terra e o céu, e o céu e a terra, com o perpétuo anelo de saber mais música e empregá-la dignamente em benefício da igreja.

Assim, na vida celeste seus desejos frutificaram, e via-se acompanhado da fantástica figura de uma Santa Cecília medieval que sua mente forjara tomando por modelo a que aparecia num dos vidros coloridos da igreja onde ele tinha sido corista. Mas embora a angulosa figura fosse uma tosca representação de uma duvidosa lenda eclesiástica, estava vitalizada fulgidamente por um dos potentes arcanjos da hierarquia celeste de cantores, que por meio da imagem ensinou ao menino corista cantos jamais ouvidos na terra.

Os investigadores observaram também no quarto subplano um dos fracassos terrenos, porque a tragédia da vida física costuma deixar às vezes estranhos sinais nos lugares celestes. Era um homem que na terra havia se esforçado por escrever um livro e não quis empregar suas aptidões literárias em misteres subalternos para ganhar a vida. Mas ninguém fez caso de sua obra e ele andou errante pelas ruas até que morreu de pena e miséria. Esteve só em toda a sua vida. Em sua juventude, sem amigos e desligado dos laços de família, e quando adulto, foi capaz unicamente de trabalhar em seu proveito próprio, repelindo as mãos daqueles que o teriam conduzido a uma visão das possibilidades da vida muito mais ampla do que o paraíso terreno que anelava para todos.

Em sua vida celeste ele pensava e escrevia em completa solidão, pois a ninguém tinha amado como pessoa ou ideal protetor que pudesse interferir em sua vida mental, viu estender-se ante si a Utopia que sonhara e pela qual tinha desejado viver, com as impessoais multidões que anelou servir, e nele recaiu o júbilo da multidão e fez de sua solidão um céu. Quando voltar à terra, seguramente ele será capaz de realizar tão bem como projetar, e sua celestial visão se plasmará parcialmente nas vidas terrenas mais ditosas.

Encontram-se no quarto subplano muitos que durante sua permanência na terra se dedicaram a auxiliar o próximo, porque sentiam os laços da fraternidade e prestavam serviço por amor sem o propósito de agradar a determinada divindade. Estão ocupados em desenvolver com pleno conhecimento e tranqüila sabedoria vastos planos de beneficência, grandiosos projetos de melhoramento do mundo, e ao mesmo tempo amadurecem as faculdades com as quais nasceram na vida física.

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