Julgamento da alma pelos egípcios, após a morte física

Enviado por Estante Virtual em sex, 23/11/2012 - 19:36

No Egito, todas as cidades importantes estavam separadas do cemitério por um lago sagrado. A mesma cerimônia de julgamento que o Livro dos Mortos descreve como ocorrendo no mundo do Espírito era realizada na terra, durante o sepultamento da múmia. Quarenta e dois juizes ou assessores reuniam-se na margem do lago e julgavam a “alma” falecida segundo as suas ações praticadas quando estava no corpo; só depois de uma aprovação unânime por parte do júri post-mortem é que o barqueiro, que representava o Espírito da Morte, poderia levar o corpo do defunto absolvido até o local do seu repouso. Depois, os sacerdotes retornavam aos recintos sagrados e instruíam os neófitos sobre o provável drama solene que se desenrolava no reino invisível para o qual a alma se dirigia. A imortalidade do espírito era fortemente inculcada pelo Al-om-jah. O Crata Repoa descreve, como segue, os sete graus da iniciação.

Depois de um julgamento preliminar em Tebas, onde o neófito deveria passar por muitas provas, chamadas de “Doze provas”, era-lhe ordenado governar suas paixões e nunca, em momento algum, deveria afastar de seu pensamento a idéia de Deus. Depois, como um símbolo da peregrinação da alma impura, ele

devia subir várias escalas e vagar às escuras numa caverna com muitas portas, todas fechadas. Se triunfava dessas terríveis provas, recebia o grau de Pastophoros, sendo que o segundo e o terceiro grau eram chamados de Neocoris e Melanêphoros. Levado a uma vasta cripta subterrânea abundantemente povoada de múmias ali colocadas com muito aparato, ele era deixado defronte a um ataúde que continha o corpo mutilado de Osíris coberto de sangue. Esse era o salão chamado “Portão da Morte” e com certeza é a esse mistério que aludem algumas passagens do Livro de Jó (XXXVIII, 17) e porções da Bíblia quando nela se fala desses portões. No capítulo X, damos a interpretação esotérica do Livro de Jó, que é um poema da iniciação par excellence.

“Os portões da morte se abriram para vós?

Ou vistes as portas da sombra da morte?”

pergunta o “Senhor” - isto é, o Al-om-jah, o Iniciador - de Jó, aludindo a esse terceiro grau da iniciação.

Quando o neófito vencia os terrores desse julgamento, era conduzido ao “Salão dos Espíritos” para ser por eles julgados. Entre as regras nas quais era instruído, era-lhe ordenado “nunca desejar ou procurar vingança; estar sempre pronto a ajudar um irmão em perigo, mesmo com risco de sua própria vida; enterrar todos os mortos; honrar seus pais acima de tudo; respeitar os anciães e proteger os mais fracos que ele e, finalmente, ter sempre em mente a hora da morte e a da ressurreição num corpo novo e imperecível”. Pureza e castidade eram altamente recomendadas e o adultério era punido com a morte.

Então o neófito egípcio tornava-se um Kistophoros. Nesse grau, o nome-mistério IAÔ era comunicado a ele. O quinto grau era o de Balahate e então ele era instruído por Hórus em alquimia, chemi. No sexto, era-lhe ensinada a dança sacerdotal no círculo, ocasião em que era instruído em astronomia, pois a dança representava o curso dos planetas. No sétimo grau, era iniciado nos mistérios finais. Após uma aprovação final num edifício isolado, o Astrônomos, como era agora chamado, emergia desses aposentos sagrados chamados Maneras e recebia uma cruz - o Tao - que, por ocasião de sua morte, devia ser colocada sobre o peito. Ele era um hierofante.

 

Outras páginas interessantes: