Quando Jâmblico, Heródoto, Plínio ou algum outro escritor falam de sacerdotes que faziam as áspides descerem do altar de Ísis, ou de taumaturgos que domavam com um olhar os animais mais ferozes, eles passaram por mentirosos ou imbecis ignorantes. Quando os viajantes modernos nos contam as mesmas maravilhas realizadas no Oriente, eles são tratados como tagarelas entusiastas ou como escritores pouco dignos de fé.
O homem possui verdadeiramente uma tal poder, como vimos nos exemplos acima referidos. Quando a Psicologia e a Fisiologia se tornarem dignas do nome de ciências, os europeus convencer-se-ão do poder estranho e formidável que existe na vontade e na imaginação humana, seja ela exercida conscientemente ou não. E no entanto, como seria fácil realizar tal poder do espírito, se apenas pensássemos nesse grande turismo natural de que o átomo mais insignificante da Natureza é movido pelo espírito, que é uno em sua essência, pois a menor partícula dele representa o todo; e de que a matéria é, afinal, apenas a cópia concreta das idéias abstratas. A esse respeito, citemos alguns poucos exemplos do poder imperativo da vontade, ainda que inconsciente, de criar de acordo com a imaginação, ou antes pela faculdade de discernir imagens na luz astral.
Basta apenas lembrar o fenômeno muito familiar dos stimata, os sinais de nascença, em que os efeitos são produzidos pela ação involuntária da imaginação materna sob um estado de excitamento. O fato de que a mãe pode controlar a aparência da criança por nascer era tão bem conhecido entre os antigos que os gregos abonados tinham o costume de colocar belas estátuas junto ao leito, para que a mãe tivesse constantemente um modelo perfeito diante dos olhos.
O poder da imaginação sobre a nossa condição física, mesmo depois de chegarmos à maturidade, demonstra-se de muitas maneiras. Na Medicina, o médico inteligente não hesita em atribuí-lo a um poder
curativo ou morbífico mais poderoso que as suas pílulas e poções. Ele o chama de vis medicatrix naturae, e seu primeiro objetivo é ganhar a confiança de seu paciente de modo tão completo que ele possa fazer a natureza extirpar a doença. O medo mata com freqüência; e a dor tem um tal poder sobre os fluidos sutis do corpo que ela não apenas desregula os órgãos internos mas também embranquece os cabelos.