Tal é a convicção que procuramos despertar em nossos lógicos e físicos. Como diz o próprio Stuart Mill, "não podemos admitir uma proposição como uma lei da Natureza, e no entanto acreditar num fato em real contradição com ela. Devemos negar o fato alegado, ou concordar em que erramos ao admitir a suposta lei". Hume cita a "firme e inalterável experiência" da Humanidade, que estabelece as leis cuja operação torna os milagres ipso facto impossíveis. A dificuldade está na sua maneira de utilizar o adjetivo em itálico (inalterável), pois tal teoria supõe que a nossa experiência jamais mudará, e que, como conseqüência, teremos sempre as mesmas experiências e observações em que basear o nosso julgamento. Ela supõe também que todos os filósofos terão os mesmos fatos sobre os quais refletir. Ela também ignora inteiramente os relatos de experiências filosóficas e descobertas científicas de que fomos temporariamente privados. Assim, devido ao incêndio da Biblioteca de Alexandria e à destruição de Nínive, o mundo foi privado, durante muitos séculos, dos dados necessários para se avaliar o verdadeiro conhecimento, esotérico e exotérico, dos Antigos. Mas, nestes últimos anos, a descoberta da pedra da Rosetta, os papiros de Ebers, d'Áubigney e outros, e a exumação das bibliotecas de placas abriram um campo de pesquisa arqueológica que levará provavelmente a modificações radicais nesta "firme e inalterável experiência".