O Mesmerismo

Enviado por Estante Virtual em seg, 12/12/2011 - 17:58

O estudante deve distinguir com precisão a diferença perfeitamente nítida e definida entre hipnotismo e mesmerismo.

O hipnotismo, cuja denominação deriva da palavra grega hupnos (sono), é, literalmente, a arte de adormecer. Consiste, de ordinário, numa paralisia nervosa, provocada por ligeiro esforço imposto aos nervos oculares e outros. Não constitui perigo em si mesmo, embora possa naturalmente servir a fins ilícitos ou culposos. Torna muitas vezes o paciente insensível ao sofrimento e pode proporcionar repouso salutar ao sistema nervoso. Em princípio, o paciente é conduzido voluntariamente a esse estado, cujo efeito mais importante é submetê-lo em maior ou menor grau ao domínio do magnetizador. Dentro de limites que variam conforme o temperamento e o caráter do paciente, o grau de hipnose e o poder e habilidade do operador, este pode impor sua vontade.

O mesmerismo baseia-se em princípio inteiramente diferente. A palavra deriva do nome de Frederico Mesmer (1734 — 1815), médico vienense. Em fins do século XVIII ele descobriu que podia curar enfermidades por meio de certas influências descarregadas pela mão e por ele denominadas "magnetismo animal".

O mesmerismo consiste essencialmente no fato de o operador expulsar do paciente e expelir para longe o magnetismo (fluido vital) enfermo, substituindo-o pelo seu próprio fluido. Como resultado natural, o paciente perde toda sensibilidade na região corporal donde seu fluido pessoal foi expulso. Já vimos que a faculdade de sentir depende da transmissão de contatos aos centros astrais, por meio da matéria do duplo etérico. Se, pois, a matéria etérica é removida, a ligação entre o corpo físico denso e o corpo astral fica interrompida e, por consequência, desaparece a sensibilidade.

A subtração do fluido vital não tem ação alguma sobre a circulação do sangue, e a região interessada conserva o calor normal.

É possível, pois, expulsar a matéria etérica do braço ou da perna de um doente, a ponto de resultar a anestesia completa do membro.

A ação mesmérica, em semelhante caso, é meramente local, e por isso, o paciente conserva toda sua consciência habitual; é como se um anestésico tivesse sido aplicado ao membro enfermo e nada mais.

Esta anestesia mesmérica já tem permitido efetuar operações cirúrgicas de importância maior ou menor.

O estudo talvez mais conhecido deste gênero de operações, encontra-se numa obra publicada em 1842 pelo dr. Esdaile, intitulada: Mesmerism in India.

Outro cirurgião, o dr. Elliotson, praticou também numerosas operações empregando a anestesia mesmérica, há cerca de três quartos de século, em Londres. Nesta época, o clorofórmio era desconhecido e toda sala de operações era uma câmara de torturas.

Interessantes relatos da obra desses dois inovadores vêm referidos no livro The Rationale of Mesmerism, de A. P. Sinnett, que muito recomendamos a nossos leitores.

O tratamento mesmérico pode ir mais longe, até expulsar do cérebro o fluido magnético do paciente e substituí-lo pelo do operador. Neste caso, o controle do corpo escapa ao paciente e passa ao operador, que faz com que sua vontade seja cumprida pelo magnetizado.

A substituição do fluido magnético do paciente pelo do operador acarreta uma consequência interessante. Um choque recebido pelo operador parecerá sentido pelo paciente e vice-versa.

Suponhamos, por exemplo, que um braço tenha sido mesmerizado e o fluido magnético do paciente tenha sido substituído pelo do operador. Se a mão deste último for ferida, o paciente pode sentir o efeito, porque tem ligado ao seu cérebro o éter nervoso do operador. Por conseguinte, ao receber a mensagem transmitida pelo cérebro do operador, imagina que ela lhe é trazida pelo seu próprio éter nervoso, e assim o sente. Este fenômeno é habitualmente chamado simpatia magnética; a literatura especial sobre este assunto está cheia de exemplos deste gênero.

Para mesmenizar, não é indispensável fazer passes com as mãos.

Estas só servem para concentrar o fuido e, talvez, para ajudar a imaginação do operador, pois tudo o que a favoreça, fortifica a convicção, a qual constitui a base principal do pensamento em ação. O mesmenizador hábil pode, no entanto, magnetizar sem fazer nenhum passe, bastando-lhe, para obter os resultados desejados, olhar o paciente e emitir-lhe a sua vontade.

O mecanismo etérico do corpo parece apresentar duas divisões distintas: uma inconsciente, ligada ao grande simpático, e outra consciente, ou voluntária, ligada ao sistema cérebro-espinhal.

Parece também que é possível mesmenizar a segunda, mas não a primeira. O mesmerizador não pode, pois, em geral, influenciar no paciente as funções vitais normais, tal como a respiração ou a circulação do sangue.

Daí talvez o motivo de a Teosofia nos dizer que no corpo físico o prâna existe sob duas formas principais: no duplo etérico, é o prâna vigorisador, e no corpo denso, é o prâna automático.

Assim como no caso das curas magnéticas, é naturalmente em extremo desejável que o mesmerizador seja fisicamente são. Com efeito, derrama no paciente não só o prâna, mas também as suas emanações pessoais, donde a possibilidade de tansmitir-lhe uma enfermidade.

Além disto, como as matérias astral e mental são igualmente transmitidas, também o podem ser as doenças morais e mentais.

Em virtude de análogas razões, o mesmerizador pode ainda, mesmo inconscientemente, exercer grande influência sobre o seu paciente — uma influência que é mais considerável do que geralmente se imagina. Qualidades de sentimento ou mente podem facilmente ser transmitidas ao paciente pelo magnetizador.

Vêm-se, pois, os perigos que daí podem resultar.

O mesmerismo, praticado exclusivamente para cura por pessoas que saibam o que fazem e jamais abusem de seu poder, apresenta muitas vantagens. Com outras finalidades, de certo, seu emprego deve ser desaconselhado.

O mesmerismo possui uma vantagem sobre a cura pela vontade. Quando as energias desta são infundidas no corpo físico, corre-se o risco de levar a doença aos veículos mais sutís, donde ela procede e, assim, impedir o resultado final no plano físico, de males que têm sua origem no mental e nas emoções. O mesmerismo, como processo de cura, não oferece este perigo.

Encontramos um interessante exemplo de cura magéntica ou mesmérica na cerimónia budista denominada Paritta ou Pirit (literalmente, "bênçãos").

Os monges, sentados em círculo ou formando um quadrado, seguram nas mãos uma corda, da qual pendem barbantes que mergulham numa grande bacia cheia de água. Os monges vão se substituindo e recitando textos sagrados durante vários dias, sem interrupção, conservando nitidamente no pensamento a intenção de abençoar.

A água, após ter sido assim magnetizada fortemente, é distribuida aos assistentes; uma pessoa doente poderá também segurar um dos fios ligados à corda.

Notemos, de passagem, que é possível mesmerizar as plantas e estimular o seu crescimento de maneira específica e precisa.

Poucas pessoas o sabem fazer conscientemente, sem dúvida, pelo menos no Ocidente. Mas esse fato explica, pelo menos em parte, que certas pessoas tenham "boa mão" nas culturas de plantas e flores.

Este fenômeno tem também outras causas mais comuns: a própria composição do duplo etérico e de outros veículos, e também a afinidade da pessoa com os elementais. Destes são mais amigos seus aqueles cujo elementos predominem nos veículos da pessoa.

Os espíritos da natureza não possuem nem senso de responsabilidade nem vontade bem desenvolvida, e por isso se prestam facilmente, em geral, ao domínio mesmérico. Podem então ser empregados das mais diversas maneiras, para cumprir os desejos do mago. Excetuado o caso de excederem ao alcance de suas faculdades, as tarefas que lhes lhes confiam são executadas fiel e exatamente.

Finalmente, deve-se acrescentar que é possível também mesmerizar pessoas recentemente falecidas e que, em corpo astral, permanecem ainda próximas de nós.

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