O homem é uma Inteligência espiritual que se revestiu de carne com o objetivo de ganhar experiência em mundos abaixo do espiritual, a fim de poder conhecê-los e governá-los, e, em épocas posteriores, tomar seu lugar nas Hierarquias criativas e dirigentes do universo.
É lei universal a que diz que a Consciência só pode saber aquilo que pode reproduzir; uma Consciência pode conhecer outra na proporção da sua capacidade para reproduzir dentro de si própria as modificações dessa outra. Se um homem sente dor quando outro homem a sente, se é feliz quando outro também o é, se tem ansiedade, confiança, etc., ao mesmo tempo em que outro, reproduzindo imediatamente sua disposição de espírito, esse homem conhece o outro. Simpatia, isto é, “sentir ao mesmo tempo”, é a condição para esse conhecimento. Contudo, a Consciência trabalha em corpos; estamos vestidos, não estamos nus; e esses corpos são compostos de matéria. A Consciência pode afetar a Consciência, mas como pode a Consciência afetar esses corpos? Há uma outra lei, a de que uma mudança na Consciência é imediatamente acompanhada por uma vibração na matéria que lhe está próxima, e cada mudança tem sua vibração-resposta, tal como um som musical e o comprimento e a espessura da corda, invariavelmente andam juntas. Num Sistema Solar, todas as Consciências separadas são parte da Consciência do Senhor divino do sistema, e toda a matéria do sistema é o Seu corpo — “Nele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser.” Ele formou essa matéria e relacionou-a com Ele próprio, de forma que ela responde, em toda parte, por inumeráveis tipos de vibrações, às inumeráveis mudanças em Sua Consciência, mutuamente.
Sobre Seu completo e vasto Reino, Sua Consciência e Sua matéria respondem uma à outra, em perfeita e perpétua harmonia, e inviolável relacionamento.
O homem partilha com o Senhor divino esse relacionamento, mas de forma elementar e fraca; às mudanças em sua Consciência correspondem vibrações na matéria que o cerca, mas isso só é perfeito e completo, de início, nos mundos supraespirituais, onde ele existe como uma emanação do Senhor; ali, cada vibração da matéria corresponde a uma mudança em sua Consciência, e ele conhece esse mundo, seu local de nascimento e seu lar. Entretanto, em mundos de matéria mais densa do que a dessa região elevada, ele é, até agora, um estranho; as vibrações dessa matéria mais densa, embora o rodeiem, não o afetam. Para ele, é como se elas não existissem, tal como as ondas que levam mensagens pelo telégrafo sem fio não nos afetam neste mundo, e, para nossos sentidos, são como se não existissem. Como, então, pode ele chegar a se parecer com seu divino Pai, para o qual cada vibração é uma mensagem, que pode estabelecer na matéria qualquer vibração desejada através de uma mudança em sua Consciência, que está consciente e ativo em cada ponto do Seu sistema? Temos a resposta nas palavras Involução e Evolução. O homem precisa involuir para a matéria, atrair para si próprio um revestimento de matéria, atrair à sua volta matéria de todos os mundos — o espiritual, o intelectual, o emocional e o físico. Esse é o envolvimento do Espírito pela matéria — a Involução — às vezes chamada a queda do Homem. Então, tendo adquirido esse revestimento, ele deve, lentamente, tentar compreender as mudanças nele próprio — em sua própria Consciência —, as agitadoras, estonteantes, confusas mudanças que vêm e vão sem a interferência da sua vontade, devido às vibrações instaladas em seu revestimento material pelas vibrações no mundo maior que o rodeia. E isso infringe à sua Consciência modificações e disposições involuntárias. Ele terá de desenredar tudo isso, colocando cada coisa em sua própria origem; terá de aprender, através delas, a existência e os pormenores dos mundos que o rodeiam; terá de organizar a matéria que mais lhe convém — seus corpos —, fazendo-os agentes cada vez mais complexos e receptivos, além de discriminativos; terá de receber ou recusar desses corpos, conforme deseje, as vibrações que se chocam no exterior, em torno deles; e, finalmente, através deles, terá de imprimir as mudanças em sua Consciência, sobre a Natureza exterior, e assim tornar-se o seu Governante e não o seu escravo. Isso é Evolução: a ascensão do Espírito através da matéria, seu desenvolvimento dentro da veste material haurida nos vários mundos que formam o ambiente em que ele vive. O espírito permeia com sua própria vida a matéria de que se apropria, tornando-a, assim, dócil serva do Espírito e redimindo-a de seus rudes usos, para o serviço dos liberados Filhos de Deus.
Esse revestimento material, obtido dos diferentes mundos, aos poucos deve ser organizado pelos impactos externos e respostas internas, fazendo-se um “corpo” ou um veículo da Consciência. É organizado a partir de baixo para cima, do denso para o sutil, sendo o material de cada mundo organizado separadamente, como forma de receber comunicação e de atuar sobre seu próprio mundo. O material físico primeiro é atraído como massa bastante compacta, e os órgãos que mantêm o processo da vida, bem como os dos sentidos, evoluem lentamente de início: o complicado e maravilhoso corpo físico evolui há milhões de anos, e ainda está em evolução. Ele põe o homem em contato com o mundo físico que o cerca, mundo que ele pode ver, ouvir, tocar e cheirar, e no qual ele pode causar modificações usando seu cérebro e nervos, dirigindo e controlando seus músculos, mãos e pés. O corpo não é perfeito porque ainda há muita coisa no mundo físico a que ele não pode reagir — formas, como átomos, que ele não pode ver, sons que não pode ouvir e forças que não pode perceber enquanto elas não produzirem efeitos ao mover grandes massas de matéria que podem ser vistas. O homem fez instrumentos delicados para ajudar seus sentidos e aumentar a extensão de sua capacidade de percepção — telescópios e microscópios para ajudar os olhos, microfones para ajudar os ouvidos, galvanômetros para descobrir forças que escapam aos sentidos. Em breve, porém, a evolução de seu próprio corpo irá levá-lo a conhecer todo o seu mundo físico.
Quando esse corpo físico estiver altamente organizado, o material mais sutil logo a seguir, o astral, estará sendo igualmente evoluído, levando o homem, gradualmente, ao contato com o astral — o mundo do desejo, do emocional, do passional — que o rodeia. A maioria das pessoas do tempo presente se está tornando ligeiramente consciente dos impactos do astral, enquanto outras os estão distinguindo claramente. Premonições, advertências, contato consciente com os “mortos”, etc., tudo acontece a quem está aberto a impressões do mundo astral.
O terceiro estado da matéria, o mental, também está em processo de organização, colocando o homem em contato com o mundo intelectual que o rodeia. À proporção que o corpo mental evolui, o homem vai se relacionando de uma forma consciente com correntes mentais, com a mente de outros, próximos ou distantes, “vivos” ou “mortos”.
Depois disso, ainda restam os mundos espirituais para o homem conquistar, e ele tem seu corpo apropriado, o “corpo espiritual” de que fala São Paulo. Essa organização da matéria para ser a serva do Espírito é a parte reservada ao homem na grande oficina dos mundos e, quando o estágio humano termina, nada haverá no Sistema Solar que ele não seja capaz de conhecer ou de influenciar. Ele veio puro de junto do Senhor divino, mas ignorante e inútil fora da região sutil do seu nascimento; e volta, depois da longa peregrinação, como um forte e sábio Filho de Deus, pronto para assumir sua parte através das eras futuras, como ministro da Vontade divina nos campos de serviço em constante expansão.