O tempo todo estamos em contato com as mais diversas influências, e é impossível para nós controlar a maior parte delas. Desde o local de trabalho ou estudo, passando pelas pessoas com quem lidamos no dia a dia até influências astrais e mentais, somos bombardeados por diferentes tipos de energias e condições sem que possamos evitar seu contato.
O que fazer para nos protegermos dessas influências?
Nunca fui muito fã da idéia de "conchas protetoras", pois muitas vezes elas são um reflexo de uma postura com a qual não gosto de me identificar: construir uma concha de proteção, em especial "contra" outras pessoas, às vezes é reflexo de termos escolhido uma postura de superioridade, de separação, de combate (passivo ou não), em vez de uma postura de auxílio, que deveria ser nossa tônica em qualquer situação vivida.
Desde muito novo utilizo uma técnica bastante simples de "proteção", cujo mecanismo hoje compreendo melhor e recomendo a todos: quando me sentia em um ambiente hostil, buscava sentir, da forma mais intensa possível, todo o amor, segurança e tranquilidade que pudesse reunir. Imaginava uma luz branca muito intensa chegando até mim através do alto da minha cabeça, descendo até meu coração, e ali se expandindo em todas as direções, intensificando mais ainda aqueles sentimentos e levando-os a todos os lugares tocados por ela. Quando estava diante de pessoas hostis, às vezes imaginava essa luz com um matiz rosa, e imaginava que, ao tocar a pessoa, essa luz se dirigia ao seu coração e dali também se expandia para todas as direções. E como um recurso adicional, sempre que me lembrava, eu imaginava que qualquer energia ruim (imaginada como uma névoa mais escura ou de cores desagradáveis) conseguisse "abrir caminho" em meio a essa luz irradiada de meu coração, que ela era arrastada pela luz branca para o alto através do alto da minha cabeça, e retornava para mim transmutada em luz pura.
O princípio, até onde eu entendia, era simplesmente transmutar qualquer energia negativa em energia positiva, e eu deixava isso a cargo do que eu chamava de "o pessoal lá de cima". Eu recebia a luz, irradiava ela, e "mandava pra reciclagem" qualquer coisa menos pura que chegasse até mim. De quebra, aproveitava a sensação que esse processo invariavelmente traz.
E na verdade a explicação não exige nada muito mais complexo que esse último parágrafo. Podemos dar nomes "teosóficos": o pessoal lá de cima era meu ego ou mônada; o canal por onde eu recebia a luz pode ser batizado de antakharana; seu ponto de entrada de chakra coronário; o ponto no coração seria o próprio chakra cardíaco; e o raio de ação da luz, pelos efeitos que eu buscava através dela (segurança, amor, tranquilidade) pode ser estipulado como nossos três corpos inferiores. Uma rápida pesquisa por esses nomes, para aqueles que não os conhecem, é suficiente para entender a razão pela qual toda essa visualização funciona.
Essa técnica funciona bem para mim porque tenho bastante facilidade em lidar com emoções; uma outra técnica, que pode ser mais simples para quem tem mais facilidade em lidar com idéias pode ser imaginar um guardião, e construí-lo com matéria mental da forma mais detalhada possível. Esse guardião pode ser um anjo, um animal, ou uma figura significativa dentro da religião do estudante. Apenas procure ter consciência se o vínculo criado com a imagem é mental ou emocional, para entender que tipo de matéria realmente está sendo usada na construção do guardião. Nada impede que as duas o sejam, só é recomendável ter em mente as considerações que serão feitas ao longo desse texto. Após imaginar esse guardião com o máximo de detalhes e o máximo de intensidade possível (ou mesmo durante esse processo), visualize a si mesmo dizendo, com toda a objetividade e clareza que conseguir, qual a finalidade pela qual foi o guardião foi criado.
Imagens mentais desse tipo possuem ainda mais força se forem animadas por um elemental; porém esse é um assunto que não está no escopo desse texto. Existem alguns pré-requisitos para que esse tipo de operação seja realizada com segurança, e para isso não basta simplesmente seguir uma "receita de bolo" encontrada em algum site da internet.
A existência de técnicas alternativas não significa, porém, que as conchas e escudos de proteção não tenham sua utilidade. Sem dúvida são meios práticos de defesa em meio às atividades do dia a dia. Só é importante entendermos com clareza seu funcionamento, para que elas sejam utilizadas de forma adequada.
O que são então essas conchas e escudos? São simplesmente formas construidas pela nossa vontade, e que utilizam matéria de um dos três corpos de nossa personalidade, ou de um dos três planos correspondentes. São, literalmente, conchas construídas a nossa volta ou escudos colocados sobre regiões específicas, e que visam nos proteger de algum tipo de influência. A recomendação comum é que o estudante imagine um ovóide a seu redor, nos limites aproximados de sua aura astral ou mental, e solidifique a matéria correspondente desse corpo nessa periferia, transformando-a em uma parede que impede a passagem desse tipo de matéria. No caso da matéria etérica, por nosso corpo etérico estar a menos de um centímetro de nossa pele, recomenda-se imaginar uma carapaça protetora a essa distãncia do corpo, uma espécie de armadura que se mantém sobre nosso corpo.
A escolha do tipo de matéria que será usada depende da finalidade pretendida. Iremos falar a respeito dos três tipos logo mais. Antes disso gostaria de falar sobre os riscos envolvidos na criação dessas conchas:
É fácil esquecermos que construir uma parede significa que a matéria contra a qual nos protegemos não só não irá penetrar em nossa aura, mas também que a matéria já contida em nosso corpo não será liberada para o ambiente. Ou seja, qualquer matéria nociva que já esteja em nossos corpos ou que seja criada enquanto a proteção estiver ativa ficará represada conosco, o que pode por si só tornar-se uma influência mais negativa do que aquela contra a qual queremos nos proteger.
Além disso, imagine a seguinte situação: antes de dormir, o estudante monta uma barreira de matéria astral visando proteger seu corpo físico durante o sono. Porém, logo que adormece, seu corpo astral se projeta, e leva consigo essa barreira, não só deixando o corpo físico desprotegido como permanecendo isolado do exterior, preso dentro dessa concha protetora, possivelmente sem nem mesmo receber qualquer energia de auxílio enviada peloas entidades que pudessem estar ali em seu auxílio. Nesse caso, deveria ter sido construída uma concha de matéria etérica, se de fato essa proteção fosse necessária.
Por fim, ao construirmos proteções de matéria astral e mental, o ideal é que essa construção seja feita com matéria dos três subplanos inferiores. Não faz sentido nos "protegermos" de influências que invariavelmente nos são benéficas, como as dos subplanos superiores do astral ou mental. Esse tipo de construção demanda um pouco mais de controle por parte do estudante, mas tudo é uma questão de prática.
Passando agora para os três tipos de concha.
Uma proteção etérica é utilizada normalmente em três situações: proteger o corpo físico durante a noite, proteger uma pessoa em meio a uma aglomeração, ou reduzir o risco de alguma infecção física.
Em uma aglomeração, não só nos protegemos de qualquer magnetismo de qualidade indesejável, como nos precavemos contra possíveis vampiros, conscientes ou não, que se encontrem presentes. "Vampiros" aqui são pessoas que drenam energia vital de outras a sua volta, muitas vezes de forma inconsciente. Pode-se imaginar que uma pessoa que esteja tão necessitada de energia vital a ponto de drená-la dos demais deveria ser ajudada; porém essa ajuda não deve ser a doação desmedida da nossa própria energia vital. Uma comparação válida para essa ação é jogar água em um jarro furado - a pessoa nessa condição raramente consegue de fato processar toda a energia que drena. O curso de ação mais adequado é doar uma pequena quantidade de energia, e simultaneamente trabalhar por meio de ação mesmérica para restaurar o funcionamento correto de seu corpo etérico.
A proteção do corpo durante o sono raramente é necessária, pois qualquer perigo ao qual este seja exposto faz com que a consciência seja trazida para o físico. Porém, em situações onde somos obrigados a dormir em ambientes claramente hostis ou inadequados, seja por razões de higiene ou por um magnetismo impróprio, a proteção oferecida pela concha etérica pode ser útil.
Por fim, se o estudante se encontrar em um ambiente onde a probabilidade de contato com elementos nocivos, como vírus ou bactérias (durante a estada em um hospital, por exemplo), a criação de uma concha etérica pode reduzir o risco de contrair uma doença.
No caso de proteções criadas com matéria etérica, em algumas situações podemos simplesmente criar um escudo protegendo parte de nosso corpo. O exemplo mais comum talvez seja cumprimentar alguém com um magnetismo visivelmente desequilibrado.
Uma proteção astral busca evitar a ação de emoções negativas (como cólera, inveja, ódio e outras) dirigidas propositalmente ao estudante; para se resguardar da ação de emoções de teor semelhante ou que impliquem sensualidade, e se encontrem no ambiente; ou para bloquear a ação de emoções de vibração mais densa que estejam no ambiente durante, por exemplo, uma meditação.
Uma dúvida comum é relacionada ao tempo que deve ser dedicado à criação de uma concha de proteção. Em grande parte essa resposta depende da capacidade de visualização e concentração do estudante, mas como regra geral pode-se dizer que pelo menos alguns minutos devem ser dedicados a essa atividade caso se deseje que a proteção dure algumas horas. Devemos nos lembrar que a natureza de nossos corpos sutis faz com que suas partículas estejam em constante movimento, e isso naturalmente começa a desintegrar as partículas da periferia de nosso corpo astral ou mental que utilizamos na criação da concha. Portanto, é desejável não só que o processo inicial seja feito com objetividade e com um esforço de vontade tão intenso quanto possamos projetar, mas que de tempos em tempos dediquemos ao menos alguns segundos para reforçar essa proteção, até que não julguemos mais que ela seja necessária.
Outra dúvida é como selecionar matéria de um determinado subplano. Disse mais acima que isso apenas demanda um pouco mais de controle. Sendo mais claro, isso depende simplesmente da nossa capacidade de visualização. Durante o processo de criação da concha, imaginamos que ela será, por exemplo, de matéria astral, e visualizamos a matéria da superfície de nosso corpo astral se solidificando. Devemos apenas inserir mais um fator: imaginar que a matéria que responde as vibrações inferiores, do primeiro ao terceiro subplano, são as únicas que estão sendo "selecionadas" para a construção dessa parede protetora. Pode-se imaginar os outros tipos de vibrações (como amor, compaixão, desejo de auxiliar, que ativam a matéria dos 4 subplanos superiores) passando livremente pela barreira sendo construída. Quanto mais claramente conseguirmos visualizar todos esses fatores, e quanto mais intensidade for colocada nesse processo, mais conseguiremos o efeito desejado.
Cabe aqui um pequeno exercício útil no processo de fortalecer nossa capacidade de visualização. Ele consiste em, de olhos fechados, imaginar uma pequena esfera flutuando a nossa frente. Em seguida, sem deixar que a visão dessa esfera saia de nosso foco consciente, imaginar que surgem duas esferas em um grupo um pouco afastado dessa primeira. Visualize detalhes; procure dar características como cor, brilho, peso, material, cheiro, à essas esferas. Ainda sem deixar que essas esferas (a primeira, e o grupo de duas) diminuam de intensidade, imaginar um terceiro grupo, com três esferas, se materializando um pouco mais ao lado do grupo com duas. Faça isso até colocar 5 grupos de esferas lado a lado, totalizando 15 esferas. Quando conseguir isso, repita o processo, mas de olhos abertos. O importante é que você deve "ver" todas as esferas ao mesmo tempo, e não simplesmente ficar voltando sua atenção de um grupo para o outro perdendo de vista a clareza do conjunto inteiro.
Uma proteção mental se destina, normalmente, a eliminar pensamentos de vibração inferior durante a meditação; para facilitar a chegada do sono, caso estejamos com dificuldades de dormir devido às correntes de pensamento que nos assaltam quando nos deitamos; e em casos onde, devido às nossas experiências e crenças pessoais, pensamentos positivos evocam também pensamentos menos nobres - por exemplo o pensamento relacionado ao trabalho pelo próximo ser vinculado à busca por reconhecimento por essa ações.
Em todos esses casos, cabem as mesmas recomendações feitas para o caso astral e etérico.
De forma geral, o ideal é usarmos essas conchas o mínimo possível, e dar preferência ao outro método de proteção descrito no começo do artigo. Porém em situações onde não iremos poder manter a nossa atenção focada na projeção da energia de amor, as conchas sem dúvida são úteis. Isso envolve desde momentos em que vamos dormir até situações de trabalho, onde precisamos dedicar toda a nossa atenção a algum problema sendo resolvido. Outra situação onde as conchas são muito úteis, embora devam ser usadas com cautela e com o objetivo desejado muito bem definido, é no auxílio a outras pessoas que não estejam em condições de bloquear interferências prejudiciais. Leadbeater diz que os auxiliares invisíveis consideram essa uma das principais utilidades das conchas protetoras.
Mas sem dúvida o conselho mais importante que eu posso dar a qualquer um que esteja em busca de proteção é dedicar-se o máximo possível aos que estão a sua volta, e sempre que puder, projetar amor. Vincular-se à energia divina e permitir que ela seja transmitida através de você, sem com isso buscar uma recompensa (ou mesmo proteção!), é a forma mais segura de não ser afetado por vibrações nocivas.
Ou, nas palavras de Leadbeater:
Acontece, pois, que todo pensamento que não traz consigo o mais leve traço de egoísmo é um pensamento que ajuda realmente o mundo; e assim o amor irradiante é defesa melhor que a mais resistente das conchas.E o homem impregnado com os poderes do Amor Divino não necessita de proteção, porque vive dentro do coração do próprio Deus.
Para quem desejar ver mais detalhes a respeito desse assunto, um bom ponto de partida é a leitura do livro "O Lado Oculto das Coisas" (em especial o capítulo 13), de Leadbeater.
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