O Antahkarana

Enviado por Mauricio Medeiros em qua, 12/02/2014 - 15:39
Antahkarana é uma palavra em sânscrito que significa "a causa interna", e é o nome dado à ponte, à conexão entre a mente concreta inferior com a alma e entre a alma e a Mônada, através da tríade espiritual. 
 
Pictoricamente ele se compõe de três "fios". Eles são:
 
  • O Sutratma:
    • Também conhecido como "fio da vida" ou "cordão de prata". Parte da Mônada e vai até a personalidade, através da alma, e está ancorado no coração. Esse é o fio que mantém a vida na forma. Pode-se dizer que age "de cima para baixo", pois o impulso que o fortalece vem da Mônada e independe de nós.
  • O fio da consciência (inteligência):
    • Também chamado de "cordão dourado". Parte da alma, e está ancorado na cabeça. É o vínculo entre o princípio mental superior e a mente inferior. O "rompimento" deste fio provocaria morte cerebral, mas não necessariamente a morte física. É também através desse caminho que normalmente "viajamos" durante a noite, em nossos sonhos. Pode-se dizer que age "de baixo para cima", pois sua construção e fortalecimento depende de nós.
  • O fio da atividade criativa.
    • Seu desenvolvimento é iniciado pelo próprio ser humano, e quando suficientemente construído está ancorado na garganta. Nosso veículo mental encontra uma expressão mais plena através do poder criativo proporcionado por esse chakra.
  
Desta forma, o antahkarana alimenta o aspecto material, a consciência/alma, e serve de canal para a própria vida. A meta de todos os aspirantes e discipulos é se tornar consciente deste influxo de energia em suas várias diversificações e empregá-las no plano mental inferior. 
 
Podemos dividir a formação do antahkarana e seu desenvolvimento em duas grandes etapas.
 
Na primeira, através do sutratma a alma cria nossos veículos de expressão nos planos mental, astral e físico. No plano físico, ele se ancora no chakra sacro (embora eventualmente, em nossa evolução, se mova para o chakra laríngeo). Na segunda, a alma em encarnação começa a desenvolver sua consciência primeiro no plano físico, então no astral, e por fim do mental inferior, e então inicia o trabalho - que basicamente é meditativo e de serviço - para eliminar a quebra de consciência entre os três aspectos mentais (mente concreta, corpo causal e mente abstrata), completando a formação desta parte do "caminho de retorno" à Mônada. Este caminho "de baixo para cima" é sem dúvida muito mais difícil de ser concluído, pois diferente do "caminho de descida", deve ser desenvolvido de forma consciente, através do serviço. Ele não ocorre, usando uma expressão até um pouco inadequada, de forma automática.
 
É útil separar o antahkarana em duas partes com fins didáticos: o antahkarana inferior e o superior.
 
O antahkarana inferior liga a personalidade ao corpo causal (também chamado de alma ou anjo solar). Embora o sutratma esteja sempre ativo, e seja sempre contínuo, o mesmo não é completamente verdadeiro com o fio da consciência. Existe uma "lacuna" de consciência entre personalidade e alma.
 
Esta lacuna também existe entra a alma e a tríade superior, e é eliminada pela construção do antahkarana superior.
 
O desenho abaixo ilustra isso:
 
antahkarana
 
E onde nós devemos concentrar nosso trabalho, considerando essa divisão? Para responder a essa pergunta, observem o próximo desenho. Ele ilustra os planos mental, intuicional e espiritual, apontando onde se encontra cada um dos príncipios citados acima.
 
Antahkarana - plano mental, intuicional, espiritual
 
No desenho podemos ver um grande triângulo representando a tríade superior (do qual destaco o vértice inferior, o àtomo manásico permantente), o corpo causal e nossa unidade mental.
 
Lembremos que abaixo do plano mental ainda temos os planos astral e físico, e que do quarto subplano mental (onde se encontra a unidade mental) "para baixo" estamos falando de nossa personalidade, dos três veículos de expressão usados durante nosso período encarnado.
 
Se pensarmos em termos de plano intuicional e espiritual, buscando o contato com a tríade superior, tudo parece tão distante! Mal conseguimos compreender o que esses planos de fato representam, quem dirá obter essa continuidade de consciência em todos eles. Mas reparem que nosso corpo causal está apenas um subplano acima de nossa unidade mental! E nem mesmo estamos falando de outro plano, ele se encontra também no plano mental, que está longe de ser um estranho para nós. Simbolicamente, podemos simplesmente estender nossas mãos e alcançá-lo! Em outras palavras, todos podemos aspirar à alma. Ela é uma meta realista. Ainda que seja uma meta que leve muitas (centenas) de encarnações para ser atingida, ela está "logo ali".
 
E mesmo após essa etapa, que representa o antahkarana inferior, é muito importante notar que a ligação entre o corpo causal e o átomo manásico permanente (e consequentemente a tríade superior) deve ser construída também no plano mental.
 
Nesse momento, vou reproduzir uma citação simplesmente fantástica do livro "Os Raios e as Iniciações" (pág 464). Os grifos são meus.
 
"O plano mental que precisa ser ligado é como uma grande torrente de consciência ou de substância consciente, e de um lado a outro desta torrente, o antahkarana tem de ser construído. Este é o conceito que está por trás deste ensinamento e por trás do simbolismo do Caminho. Antes que um homem possa trilhar o Caminho, ele próprio tem de tornar-se o Caminho. É da substância de sua própria vida que ele precisa construir esta ponte arco-íris, este Caminho Iluminado. Ele tece-o e o ancora tal como a aranha tece um fio ao longo do qual pode viajar."
 
Falamos o tempo todo no "Caminho". Neste trecho, DK nos indica uma relação direta entre a construção do antahkarana e esse "Caminho". E mais importante, torna explicito que esse caminho é construído com a matéria de nossa própria consciência. Neste sentido, vamos nos lembrar de que nosso trabalho mental qualificatransmuta essa matéria mental. DK insiste no ponto de que o trabalho meditativo é a chave para a construção dessa ponte, e isso encontra eco em toda sua obra. A partir do momento em que essa ponte está construída, ainda que de forma imperfeita, podemos começar a trilhá-la, refletindo no plano físico a vontade espiritual. 
 
Nossa foco neste momento é portanto buscar eliminar a "descontinuidade" de consciência que existe entre nossa mente inferior e nossa alma (corpo causal). Conseguindo isso, o aspirante "toma sua posição, e olhando para cima, vê uma terra prometida de beleza, amor e futura visão". Ainda nas palavras do tibetano, "continue com o trabalho de construir o antahkarana e a luz brilhará sobre seu caminho e a revelação acompanhará seus passos".
 
E para isso, uma das principais ferramentas é a visualização, a imaginação criativa. Associado ao trabalho que representa o caminho rumo à terceira iniciação - a unificação dos três corpos da personalidade e sua utilização como expressão da alma - a busca consciente, constante, da criação dessa "ponte" em matéria mental é essencial. Os detalhes dessa construção são extensos, e recomendo fortemente a leitura das páginas 441 a 530 do livro "Os Raios e as Iniciações" para ter uma primeira visão do assunto, em especial a parte em que são descritos os seis passos dessa construção: intenção, visualização, projeção, invocação e evocação, estabilidade e ressurreição.
 
Ao final desse processo encontramos a quarta iniciação, a "crucificação", com a consequente extinção do corpo causal. É importante lembrar que a "crucificação" é da alma, e não da personalidade. No momento em que o antahkarana está plenamente ativo, o homem fica monadicamente consciente, e o corpo causal não é mais necessário. Ele desaparece, restando apenas o sutratma, porém agora qualificado pela consciência, que mantém sua individualidade em meio ao todo, e também pela criatividade; deste modo a consciência pode ser focalizada à vontade no plano físico em um corpo externo ou forma.
 
Encerro este artigo com uma última reflexão. Na obra de Alice Bailey é colocado de forma muito contundente a importância da evolução como grupo. Falamos um pouco sobre isso no artigo sobre a importância do grupo, cuja leitura recomendo. Todo o trabalho de desenvolvimento do antahkarana está em consonância com isso. Na citação dada um pouco acima, o antahkarana foi chamado de "ponte arco-íris". Expandindo um pouco esse tema, quando estamos criando esse "caminho iluminado", estamos utilizando matéria mental, qualificada de acordo com nosso trabalho e nossa natureza. Essa matéria, essa energia, essa "luz" possui uma cor definida, como é de conhecimento de todos que já leram alguma coisa sobre os sete raios.
 
Cada um desses raios possui uma cor bem definida (na verdade, duas: uma esotérica, relacionada a alma, e uma exotérica, relacionada à personalidade). A construção do antahkarana possui a tônica do raio da personalidade e da alma, sendo portanto simbolicamente a fusão de duas cores. Mas um arco-íris por definição contém todo o espectro de cores visíveis. Essas outras cores estão representadas pela construção do antahkarana do restante da humanidade. O esforço individual para se ligar ao corpo causal e à Mônada reflete-se no grupo, e na humanidade como um todo. Nas palavras do tibetano, no livro "Discipulado na Nova Era":
 
O antahkarana está agora sendo construído por todas as personalidades infundidas pela alma (ou construído inconscientemente por todos os que estão se esforçando para alcançar estatura e orientação espiritual), e está rapidamente se tornando um forte cabo, composto de todos os muitos fios de luz viva, de consciência e de vida; esses fios estão misturados e unidos de tal forma que ninguém pode realmente dizer: "meu fio, ou minha ponte, ou meu antahkarana"
 
 

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Profile picture for user Fernando Carlos Machado Coelho de Sequeirakid

Membro há

10 anos

Fernando Carlo…

seg, 31/03/2014 - 00:22

O caminho, é composto de oito etapas que são:

Percepção correta, pensamento correto, fala correta, comportamento correto,meio de vida correto,esforço correto, atenção correta e concentração correta.