Ao tentar descrever os habitantes não-humanos do plano mental, deparamos com dificuldades insuperáveis, porque, ao chegar ao sétimo céu, nos pomos, pela primeira vez, em contato com um plano cósmico, e portanto com entidades que a linguagem humana é incapaz de descrever. Para nosso propósito neste estudo será melhor prescindirmos inteiramente da numerosa hoste de entidades cósmicas e nos restringirmos aos habitantes próprios do plano mental de nossa cadeia de mundos. O mesmo processo seguimos quando estudamos o plano astral, prescindindo dos visitantes de outros sistemas planetários, e se no mundo astral os visitantes desta índole eram muito esporádicos, no mundo mental são muito mais freqüentes, e por isso convém seguir neste caso a mesma regra. Consequentemente bastará dizer algo sobre a essência elemental do plano mental e dos setores do reino dévico relacionados com ele, e a extrema dificuldade de expor estasidéias relativamente simples demonstrará quão impossível seria tratar de outras que complicariam a questão.
Recordemos que numa das primeiras cartas recebidas de um Adepto, ele nos dizia que só um iniciado era capaz de compreender a condição dos primeiros e segundos reinos elementais, o que demonstra quão incompleto deve ser o nosso esforço para descrevê-la no plano físico. Antes de tudo convém ter uma idéia exata do que seja essência elemental, porque é um ponto em que domina muita confusão mesmo entre os que têm avançado notavelmente nos estudos teosóficos.
Essência elemental é o nome que se dá à essência monádica em algumas etapas de sua evolução, e por sua vez a essência monádica é o fluxo da divina energia que, dimanante do Segundo Aspecto do Logos, cai na matéria. Sabemos que antes que a essência monádica chegue à etapa de individualização, em que forma o corpo causal do homem, ela tem de passar por seis etapas que são: os três reinos elementais, o mineral, o vegetal e o animal, têm sido também chamados a mônada mineral, vegetal e animal, embora esta denominação seja incorreta, porque muito antes de chegar a estes três reinos, já a essência monádica se diversificou em múltiplas mônadas. Mas adotou-se o nome de mônada para expressar a idéia de que é muito anterior a diferenciação em mônadas não havia chegado ao extremo da individualização. Quando a essência monádica vitaliza os três reinos elementais que precedem ao mineral, é denominada essência elemental.
Mas antes de ser possível compreender a índole da essência monádica e como se manifesta nos distintos planos, é preciso conhecer o método que o espírito segue ao descer à matéria. Não tratamos agora da formação original da matéria dos planos, e sim da descida de uma nova onda de vida na matéria já existente.
Antes do período de evolução a que nos referimos, a onda de vida tinha evoluído durante inumeráveis idades de uma maneira quase não compreensível para nós, nos sucessivos agrupamentos de átomos, moléculas e células; porém prescindiremos da primeira parte deste estupendo processo evolutivo, e tão-só consideraremos a descida da onda de vida na matéria dos planos, que é mais compreensível para a mente humana embora ainda muito distante do plano físico.
Quando o espírito, ao descer, chega a um plano, não importa qual, vê-se impelido pela irresistível força da evolução ao passar ao plano imediatamente inferior, e para manifestar-se ali, tem de envolver-se ao menos na matéria atômica do plano, de maneira que, em cada plano, sua envoltura externa é da matéria atômica do plano onde se encontra, e além disso tem tantas envolturas interiores à externa como planos por onde foi descendo. Assim é que, ao chegar ao plano físico, o espírito está de tal modo envolto na matéria de todos os planos do sistema, que não se lhe reconhece como espírito.
Por exemplo, suponhamos que um clarividente inexperto se proponha a investigar a mônada mineral, isto é, a examinar a força vital animadora do reino mineral. A visão deste clarividente se limitaria ao mundo astral, e a força vital lhe pareceria simplesmente astral. Porém um clarividente esperto observaria que o considerado como força astral pelo inexperto era matéria astral atômica posta em movimento por uma força dimanante do subplano atômico do plano mental.
Os estudantes mais adiantados poderiam ver que a matéria atômica mental é o veículo de uma energia dimanante do subplano atômico do plano búdico; e um Adepto veria que a matéria atômica búdica é o veículo da energia nirvânica, e que a energia operante em todos estes sucessivos véus é uma manifestação da energia divina dimanante do mais além do nosso pracrítico sistema solar.
A essência elemental do plano mental constitui os dois primeiros reinos elementais. Quando em um universo anterior a onda de vida chegou em sua involução ao plano búdico, continuou descendo até o sétimo céu e animou grandes massas de matéria atômica mental e foi assim a essência do primeiro reino elemental. Nesta sua condição mais simples é uma formidável força compressora dos átomos sem combiná-los em moléculas para formar corpos. A energia não estava habituada a vibrar na matéria atômica mental com a qual pela primeira vez se põe em contato, e durante o longo tempo em que ela permanece no plano mental sua evolução consiste em acostumar-se a vibrar em todos os tons ali possíveis, a fim de em qualquer momento ser capaz de animar e utilizar toda combinação de matéria do plano.
Neste longuíssimo período de sua evolução, a essência elemental animará todas as possíveis combinações de matéria elemental superior, e no fim do período voltará ao subplano atômico levando latentes todas as possibilidades adquiridas. Na longa fase seguinte, a essência elemental ou energia involucionante passa ao quarto subplano do mental e se envolve na matéria deste subplano. Então é a essência do segundo reino elemental em sua condição mais simples, e no transcurso de sua evolução acostuma-se a vibrar em todas as combinações possíveis de matéria do mundo mental inferior.
A essência do terceiro reino elemental é a da matéria astral. Parece lógico supor que os dois primeiros reinos elementais existentes no plano mental têm de estar muito mais adiantados em sua evolução do que o terceiro reino elemental pertencente ao mundo astral. Contudo, não é assim, porque na fase descendente da evolução, chamada involução, quanto mais elevado é o plano menos adiantada em sua evolução ou descida está a energia involucionante, e quanto mais baixo é o plano, mais adiantada está a sua evolução, isto é, mais desceu a energia evolucionante. Se o estudante não tem muito presente a distinção entre a involução e a evolução, entre a descida e a ascensão, deparará com dificuldades e embaraços para compreender o conceito geral da evolução.
Tudo quanto expusemos ao tratar da essência elemental do plano astral pode aplicar-se ao plano mental. Acrescentamos agora algo que explique como as sete subdivisões horizontais de cada reino se ordenam em relação aos sete subplanos do plano mental. A subdivisão superior do primeiro reino elemental se corresponde com o primeiro subplano mental. O segundo e terceiro subplanos mentais se subdividem cada um em três partes e cada parte é a morada de uma das seis restantes subdivisões do primeiro reino elemental. A superior subdivisão do segundo reino elemental se corresponde com o quarto subplano mental. Os subplanos mentais quinto, sexto e sétimo se subdividem cada um em duas partes, e cada parte corresponde respectivamente a cada uma das restantes seis subdivisões do segundo reino elemental.
Recordemos que a matéria mental é muito mais sensitiva ao pensamento do que a astral. Nossos investigadores comprovaram sempre a maravilhosa delicadeza com que a matéria mental responde instantaneamente ao pensamento, e nesta resposta consiste a vida de dita matéria, cujo progresso é estimulado pelo uso que dela fazem as mais adiantadas entidades de cuja evolução ela compartilha.
Se pudéssemos imaginar a matéria mental livre da ação do pensamento, apareceria como um informe conglomerado de vibrantes átomos infinitesimais, com maravilhosa intensidade de vida, embora evoluam lentamente no caminho de sua descida à matéria. Mas, quando o pensamento a agita e põe em atividade e constrói com ela toda classe de formas estéticas nos subplanos rúpicos e provoca correntes chamejantes nos arúpicos, recebe um impulso que freqüentemente repetido ajuda-a a continuar o seu caminho, pois sempre que dos subplanos superiores provém um pensamento guiador das coisas do mundo físico, chega também a este mundo a essência do plano mental, e portanto, a que formou a primeira envoltura do espírito descendente, com o que pouco a pouco esta essência elemental se acostuma a responder às vibrações da matéria menos sutil e a favorecer a sua involução.
A essência elemental também é afetada pela música das esplêndidas caudais de harmonia que sobre o plano mental derramam os eminentes compositores que ali prosseguem continuamente a obra que começaram na pesada terra.
Temos também de ter em conta a vasta diferença entre a magnitude e poderio do pensamento no plano mental e a relativa debilidade dos esforços da mente ao que no mundo físico chamamos pensamentos, os quais se iniciam no mundo mental inferior e ao descer passam pelo astral, de cuja essência elemental se revestem. Mas quando o homem se adianta até o ponto de ser ativamente consciente no sétimo céu, seu pensamento se origina ali consciente e se reveste da essência elemental do mundo mental inferior, de modo que é infinitamente mais fino, penetrante e eficaz. Se o pensamento se dirige exclusivamente a objetivos muito altos, suas vibrações são demasiado rápidas para sintonizar com a matéria astral; porém quando afetam esta matéria, serão mais eficazes do que os pensamentos originados no plano mental.
Se levamos esta idéia a uma etapa mais além, veremos que o pensamento do iniciado se origina no plano búdico e reveste-se da essência elemental dos subplanos superiores do plano mental, enquanto que o pensamento do adepto provém do plano nirvânico com o inconcebível e formidável poder de um mundo inacessível à compreensão comum da humanidade. Assim, conforme se eleva nosso conceito, estendem-se ante nossa percepção interna dilatadíssimos campos em que podemos utilizar nossas faculdades enormemente acrescentadas, e nos convencemos de quão verdade é que a obra de um dia em tão altíssimas esferas excede em eficiência à obra de mil anos no mundo físico.
O Reino Animal. Está representado no plano mental por duas divisões principais. No mental inferior encontramos as almas grupais às quais está sujeita a imensa maioria dos animais, e no subplano inferior do mental superior vemos os corpos causais dos poucos animais individualizados, que em rigor já não são animais, pois nos oferecem o único exemplo que agora podemos ver do primitivo corpo causal em formação, debilmente colorido pelas primeiras vibrações das recém-atualizadas qualidades.
Depois de sua morte nos mundos físico e astral, o animal individualizado tem uma longa e sonolenta vida no sétimo subplano mental ou primeiro céu.
Sua condição durante este tempo é análoga à do ser humano no mesmo nível, embora com muitíssimo menos atividade mental. Tem por ambiente suas próprias formas de pensamento, embora quase não seja consciente delas e incluam as dos que foram seus companheiros e os amaram aqui na terra. Se o sentimento amoroso e inegoísta for capaz de forjar estas imagens, também o será de comover o Ego do amado e excitar nele uma resposta, pelo que o afeto, carinho e amor posto nos animais favoritos têm sua resposta em favor da evolução do Ego que os amou na terra.
Quando o individualizado animal se retrai em seu corpo causal à espera de que a roda da evolução lhe dê oportunidade de encarnar pela primeira vez em forma humana, parece como se perdesse toda noção das coisas externas e permanecesse em delicioso êxtase de paz e gozo. Ainda então, é possível que se adiante interiormente de algum modo de difícil compreensão para nós; porém ao menos sabemos que toda entidade, já comece a evolução humana, já esteja nela, goza no mundo celeste quanta felicidade seja capaz de gozar.
Os Devas. São também chamados anjos, os maravilhosos e exaltados seres de quem muito pouco podemos dizer em linguagem humana, e quase tudo o que deles conhecemos já foi exposto quando tratamos do mundo astral. No entanto, não será demais reiterarmos a exposição para maior fixação de conceitos.
O sistema superior de evolução especialmente relacionado com a nossa terra, que saibamos, é o dos seres chamados devas pelos hinduístas e que em outras religiões são chamados anjos. Pode-se considerar como um reino imediatamente superior ao humano, da mesma maneira que o reino humano é imediatamente superior ao animal, com a diferença de que o animal, para evoluir, tem de passar pelo reino humano, e o homem, quando chega ao adaptado, o nível asekha, encontra à sua frente sete linhas de evolução, uma das quais é o reino dévico.
Na bibliografia oriental se usa a palavra "deva" com o vago significado de uma entidade não pertencente ao reino humano, e por isso às vezes inclui por um lado as potestades espirituais, e por outro, os espíritos da natureza e elementais artificiais. No entanto, em nosso estudo contraímos o conceito de deva aos seres chamados anjos do Ocidente.
Embora relacionados com a terra, não estão circunscritos a ela, pois toda a presente cadeia de sete mundos é para os devas um só mundo, porque evoluem num grande sistema de sete cadeias.
Até agora suas hostes se têm nutrido na maioria de outras humanidades do sistema solar, algumas mais atrasadas e outras mais adiantadas do que a nossa, pois são muito poucos os indivíduos desta que alcançaram a etapa de evolução requerida para ingressar no reino dévico. Mas parece certo que algumas das numerosas categorias de devas não passaram em sua evolução por nenhuma humanidade comparável à nossa.
Atualmente não nos é possível saber grande coisa sobre os devas, embora sem dúvida a meta de sua evolução há de ser notadamente mais elevada do que a nossa. Isto é, assim como o objetivo da evolução humana é elevar o indivíduo ao nível de adepto no final da sétima ronda, o objetivo da evolução dévica é o de elevar os da primeira categoria a um grau muito maior no mesmo período. Também para eles, como para nós, há uma senda mais escarpada, à maneira de atalho, para chegar com o requerido esforço a sublimes alturas às que mal podemos conjeturar.
Classificação Dévica. De inferior a superior há três ordens de devas: os do mundo astral, os do mundo mental inferior e os do mundo mental superior, que na primitiva nomenclatura teosófica se denominaram respectivamente: Kâmadevas, Rüpadevas e Arüpadevas.
Assim como o corpo físico é o mais denso do homem, o corpo mais denso de um kâmadeva é o astral, e acha-se em posição análoga à que se encontrará a humanidade quando chega ao planeta F da cadeia. Embora comumente o kâmadeva atue no astral, pode transladar-se em corpo mental aos plano superiores, como o homem se translada em corpo astral, e a utilização do corpo causal é para o kâmadeva tão fácil como para o homem do corpo mental inferior. Analogamente, o corpo comum do rûpadeva é o mental e o do arûpadeva o causal, pois o primeiro tem por morada habitual o mundo mental inferior, e o segundo o mundo mental superior ou causal.
Além dos arupadevas há outras quatro ordens de devas que moram nos quatro planos superiores de nosso sistema solar, e sobre estes devas estão os espíritos planetários cuja consideração não cabe aqui. Cada uma das grandes ordens de devas habitantes no plano mental se subdivide em muitas variedades, porém sua vida é tão diferente da nossa, que só se pode dar dela uma idéia geral. Não encontro melhor meio de indicar a impressão produzida na mente de nossos investigadores, que reproduzir as palavras de um deles enquanto efetuava a investigação. Disse:
"Senti o efeito de uma consciência intensamente exaltada, e contudo, tão estranha, tão distinta, tão completamente diferente de tudo quanto até então eu havia experimentado, tão dessemelhante de toda possível espécie de experiência humana, que é absolutamente inútil tentar expressá-lo com palavras".
Também é inútil o intuito de dar neste mundo físico uma idéia do aspecto destes potentes seres, pois varia segundo a tônica de seus pensamentos.
Anteriormente já nos referimos à magnificência e admirável poder de expressão de sua linguagem cromática, e também se infere de algumas episódicas observações anotadas ao descrever os habitantes humanos do plano mental, que em certas condições é possível ao homem atuar nesse plano e aprender muito dos devas. Recordemos também o caso em que os devas relacionados com o governo de certas influências planetárias favoreceram a evolução de um astrônomo.
A relação dos devas com os espíritos da natureza tem alguma semelhança, embora em maior escala, com a que existe entre o reino humano e o reino animal, pois assim como o animal só pode chegar à individualização mediante o contato com o homem, assim também parece que um espírito da natureza só pode chegar normalmente à individualização em definida encarnação, por meio de sua aproximação e familiaridade com os devas.
Habitantes Artificiais. Poucas palavras são necessárias sobre este ramo de nosso tema. O plano mental está ainda mais povoado do que o astral pelos temporários elementais que formam os pensamentos de seus habitantes. E quando se considera a maior intensidade e eficácia dos pensamentos no plano mental, e que a energia mental está manejada não só por habitantes humanos encarnados e desencarnados, senão também pelos devas e pelos visitantes de planos superiores, compreendem-se então a importância e a influência dos elementais do plano mental.
Não é preciso repetir o que dissemos em relação aos resultados dos pensamentos dos homens e da necessidade de vigiá-los cuidadosamente. Já expusemos bastante sobre a diferença de atuação do pensamento nos subplanos rúpicos e arúpicos do plano mental para demonstrar como se põem em existência os elementais artificiais do plano mental, e dar alguma idéia da infinita variedade de temporárias entidades que ali são engendradas e da imensa importância da obra que se realiza por sua mediação, pois de tais entidades se aproveitam os adeptos e seus discípulos iniciados quando formam com seus pensamentos elementais artificiais de prolongadíssima persistência e de maior intensidade do que o mais intenso do mundo astral.