Para quem ainda não leu os outros artigos da série sobre os sete raios: nos últimos posts vimos uma breve introdução aos sete raios, os analisamos sob o ponto de vista de raios maiores e menores, de raios abstratos e da forma, e também vimos rapidamente que nosso sistema solar está sob a regência do segundo raio, o que define a tônica de tudo que se manifesta ao nosso redor. Também já entramos em mais detalhes sobre o primeiro raio, da Vontade e Poder. Vale a pena separar alguns minutos para ler os posts.
Hoje continuamos nosso estudo falando a respeito do segundo raio, também chamado de Amor e Sabedoria.
Vamos iniciar a nossa análise usando um texto sobre o processo de identificação com a forma - o processo involutivo, de descida à matéria - do segundo raio. Esse texto também nos dá a fórmula de desenvolvimento do segundo raio. Falaremos mais sobre isso em um artigo focado nas técnicas de integração, mas por hora é suficiente entender essas técnicas como formas de treinarmos nossos corpos físico, emocional e mental para que atuem em harmonia e com um intento único. Dependendo dos raios que nos regem existem técnicas mais eficazes, o que é mais uma razão para investigar quais raios estão mais presentes em nossa constituição.
O Bem-aventurado construiu para si uma arca. Estágio por estágio ele a construiu, e flutuou sobre o seio das águas. Profundamente ele se escondeu, e sua luz não mais era vista - apenas a sua arca flutuante.
Escutou-se sua voz : "Eu construí, e solidamente construí, mas sou prisioneiro dentro da minha construção. Minha luz está escondida. Apenas a minha palavra vai adiante. Ao meu redor estão as águas. Posso retornar para donde vim? A palavra é forte o suficiente para abrir as portas? O que devo fazer?"
Veio a resposta: "Constrói agora uma arca translúcida, que possa revelar a luz, ó Construtor da arca. E com essa luz deverás revelar a via iluminada. O poder de construir de novo, o uso correto da Palavra, e a utilização da luz - essas coisas libertarão o Bem-aventurado, escondido nas profundezas da arca."
- Psicologia Esotérica, vol II, pág. 36
No primeiro parágrafo deste texto DK nos mostra como uma alma - o Bem-aventurado - no segundo raio se desenvolve durante o ciclo involutivo. Em busca de segurança e conforto, ela empenha seus poderes e "constrói para si uma arca", buscando saciar a ânsia pelo bem-estar material. Cada vez mais se vê investido nessa empreitada ("estágio por estágio ele a construiu"), e dela extrai a satisfação desejada, "flutuando sobre o seio das águas".
Diferente do primeiro raio, cuja essência é destruidora e tende ao isolamento, o segundo raio é construtor, é magnético. A qualidade básica deste raio é o amor abrangente, e de forma natural atraem para si o que é necessário para a ação. Em geral são pessoas sensíveis às necessidades dos outros, e tem uma grande facilidade em transmitir a compreensão de qualquer assunto aos demais. Podem ser excelentes embaixadores, professores, psicoterapeutas. Se envolvidos com as forças armadas, dificilmente colocam seus comandados em situação de risco devido a ímpetos não controlados. Planejam com sabedoria, mas podem falhar quando decisões rápidas e medidas enérgicas são necessárias. Artistas neste raio tendem a ensinar através de suas obras, criando expressões profundas de uma sabedoria que pode atravessar gerações.
Mas em sua jornada em direção à matéria, conectado de forma imperfeita à alma, se identifica a tal ponto com o que construiu que já não mais se vê o Bem-aventurado que ali reside - apenas a arca. se desenvolve um espirito separatista e um progressivo isolamento se faz sentir ("profundamente ele se escondeu"). Sua essência - o amor - não mais se revela. Apenas as conquistas materiais podem ser vistas.
Tendo chegado à este ponto, o segundo parágrafo descreve a crise de evocação do segundo raio. O que é essa crise?
Como consequência de um inevitável fortalecimento do vínculo com a alma, a qualidade básica de seu raio se faz sentir intuitivamente pela personalidade. Confrontada com a vida cotidiana, essa percepção provoca um sentimento de inadequação, de falta de propósito nas conquistas que antes constituiam o principal objetivo de todos os esforços. Essa tensão aumenta até que se inicia uma crise interna, e se inicia a busca pela orientação da alma. Este momento assinala o início do Caminho Probacionário.
A personalidade percebe que, embora extremamente bem sucedida em suas empreitadas ("construí, e solidamente construí"), sua dedicação à forma o tornou insensível aos impulsos da alma ("sou prisioneiro dentro da minha construção, minha luz está escondida"). Vendo isso, ela começa a se dedicar a expressar a natureza intuitivamente sentida, mas percebe então que ela não mais consegue fazê-lo! "Apenas minha palavra vai adiante". Existe controle sobre os pensamentos e palavras, mas não sobre as emoções e sentimentos em que se encontram mergulhados - "ao meu redor estão as águas". Será a palavra forte o suficiente para abrir as portas que permitirão a expressão desimpedida do amor? O que fazer?
O segundo raio tende a buscar a iluminação através do estudo de ensinamentos espirituais ou psicológicos. A mente exerce um papel importante - o princípio da sabedoria anseia por manifestação. Porém existem dois tipos básicos de manifestação do segundo raio: algumas pessoas anseiam primariamente pela expressão pura do amor, enquanto outras valorizam mais o aspecto sabedoria deste raio. O Cristo é um exemplo do segundo raio amoroso (cuidado para não confundir Cristo com Jesus, que é uma manifestação do sexto raio), enquanto o Buda é um exemplo do aspecto sabedoria. Ambos buscam compreender como expressar essas qualidades e anseiam por transmitir essa compreensão, mas cada tipo segue um caminho ligeiramente diferente para atingir esse objetivo.
E no terceiro parágrafo, nos é dada a chave para se libertar da prisão representada pela arca: "constrói agora uma arca translúcida, que possa revelar a luz". Através da progressiva reconstrução de nossos corpos de expressão, primeiro tornando-os um todo integrado, e depois progressivamente mais sensíveis à orientação da alma, a "arca" se transforma em um veículo de expressão da luz. "E com essa luz deverás revelar a via iluminada": sua própria vida e presença se tornam um veículo para essa revelação.
É importante chamar a atenção para a expressão "via iluminada". Existe uma passagem em "Os Raios e as Iniciações" (pág 464) onde DK faz uma afirmação simplesmente fantástica:
"Antes que um homem possa trilhar o Caminho, ele próprio tem de tornar-se o Caminho. É da substância de sua própria vida que ele precisa construir esta ponte arco-íris, este Caminho Iluminado. Ele tece-o e o ancora tal como a aranha tece um fio ao longo do qual pode viajar."
Já escrevi sobre isso no artigo "o Antahkarana", então não vou me repetir, mas leiam ele. Vale a pena, e vai ajudar bastante a entender o assunto que estamos tratando.
Voltando ao terceiro parágrafo do texto inicial: "O poder de construir de novo" nos remete à reconstrução de nossos corpos de maneira integrada e alinhada com a alma; "o uso correto da Palavra" nos fala sobre a necessidade de invocar a sabedoria da alma para purificar os demais corpos, e trazer essa compreensão aos demais; e "a utilização da luz" (aquela do artigo do Antahkarana), fundindo-se em consciência com a alma são os passos para a "libertação do Bem-aventurado, escondido nas profundezas da arca".
Contrapondo a forma como o primeiro raio segue em frente no ciclo evolutivo com o segundo, vemos que enquanto o primeiro aprende como utilizar o seu potencial disruptivo em favor do Plano, e assim consegue a liberação de mais e mais pessoas, o segundo é agregador, trazendo a luz através de sua própria experiência. Como veremos, a forma de cada raio atuar aparenta por vezes ser quase conflitante, mas são peças importantes do mesmo Plano, e entender qual é a "linha de menor resistência" facilita bastante nossa caminhada.
O segundo raio tem uma importância especial em nossa evolução por estarmos trabalhando atualmente no segundo sistema solar de uma série de três, e neste sistema em particular a Vida Divina se expressa como Amor e Sabedoria. Em última instância, a expressão perfeita desta força é a meta deste sistema para todas as vidas nele contidas. Como vemos em Psicologia Esotérica, Vol 2, pág. 110-111:
A própria Divindade se encontra no segundo raio; porque este é um sistema solar do segundo raio, e portanto todos os raios e os vários estados ou agrupamentos de consciência, e todas as formas, em manifestação física ou não, são coloridos e determinados por este raio.
Vimos no artigo sobre os raios abstratos e da forma que "o Amor é a energia fundamental da qual somos constituídos". No caso de uma pessoa sob regência deste raio, essa energia assume diferentes nuances dependendo do corpo regido e do estágio evolutivo em que ele se encontra. Uma grande parcela das pessoas atualmente em encarnação possuem uma alma sob regência do segundo raio, devido a influência do raio de nosso sistema solar, e também é comum termos corpos astrais neste raio.
Um corpo físico no segundo raio é bastante raro. Tendendo à inação, altamente sensível, incapaz de suportar dor, temendo ser machucado e por isso buscando sempre proteção, pode levar a um extremo desconforto com o plano físico.
Já um corpo astral sob esta regência tende a ser calmo, compassivo, muito sensível e por vezes facilmente sobrecarregado. Pode ser extremamente passivo, em seu desejo de incluir a todos e não ferir ninguém, sendo às vezes incapaz de dizer "não". Expressando o medo que pode advir da influência deste raio, pode levar a rápida desistência e submissão quando ameaçado. Uma característica bastante marcante do corpo astral no segundo raio é que ele não reage de forma explosiva, mesmo quando provocado, permanecendo calmo e evitando grandes demonstrações emocionais. É um dos campos emocionais mais inofensivos, o que faz com que as pessoas sintam-se à vontade em sua presença.
É bastante incomum encontrar um corpo mental sob a regência deste raio. Gera uma mente intuitiva, que pondera toda a informação disponível de forma às vezes confusa e imprecisa, embora quando desenvolvida seja uma mente acadêmica, capaz de um pensamento abstrato extremamente claro. A maior diferença para a outra mente intuitiva (raio quatro) é que a mente do segundo raio é desprovida de agressividade, sendo muito mais "suave".
Quando a tônica da personalidade está nesse raio, podemos encontrar pessoas tímidas, amedrontadas, apegadas ao conforto pessoal. O tipo "amoroso" pode ansiar por ser popular e amado, enquanto o tipo "sábio" pode ser frio, indiferente, e desprezar limitações intelectuais. Tipos mais desenvolvidos porém são centrados, possuem uma grande força interna, são independentes, e demonstram grande compaixão e amor.
O controle deste raio sobre a alma pode ser identificado em dois tipos psicológicos, um agindo primariamente através do coração e expressando amor, e outro agindo primariamente através da mente e expressando compreensão e sabedoria. A imagem da coruja no início deste artigo é um símbolo deste aspecto "Sabedoria". De forma geral, os maiores anseios dessas pessoas é de alguma forma ensinar ou iluminar aqueles que os cercam. Podem atuar profissionalmente em qualquer função que demande entendimento dos demais, magnetismo pessoal, tato - como dissemos antes, podem ser excelentes embaixadores, professores, psicólogos.
Para concluir, deixo uma lista de características do segundo raio. Ela visa servir de referência futura, mas vale a pena ler ao menos as "forças" e "fraquezas" para tentar identificar características presentes em nós.
Demonstração: "Uso correto da ação lenta". Espiral cíclica.
Símbolos: coração, círculo, Cristo, Buda, cruz (de braços iguais)
Animal: pomba, coruja, tartaruga, lesma, cervo, pássaro azul, lobo, golfinho, baleia.
País: Brasil (personalidade), Estados Unidos (alma), Grã-Bretanha (alma), Canadá (alma)
Instituições: escolas, universidades, hospitais, centros de cura, a Cruz Vermelha.
Tendências vocacionais: educação, psicologia, psicoterapia, recursos humanos, cura, enfermagem, reabilitação.
Pessoas: Robert Browning, Carl Jung, Sigmund Freud, Albert Schweitzer, Benjamin Spock, Paramahamsa Yogananda, Dalai Lama, Florence Nightingale, princesa Diana. Considerando figuras de períodos mais antigos, Buda, Confúcio, Lao Tzu, Pitágoras, Platão, Cristo.
Cor: Azul índigo com um toque de púrpura (exotérica) e azul claro (esotérica).
Estilo de aprendizado: contemplativo, intuitivo, sábio uso da ação lenta, procura ver o todo, estudioso.
Estilo de ensino: paciente; ensina por exemplos, enfatiza a troca entre o grupo, estimula questões, é evocativo.
Pedra: safira, quartzo.
Planetas: Júpiter.
Signos zodiacais: Gêmeos (sabedoria, irmandade), Virgem (preparando a forma para o nascimento do Cristo oculto), Peixes (compaixão), Vênus (nosso sistema solar).
Forças: entendimento, sabedoria, empatia, simpatia e compaixão, sensitividade, receptividade e impressionabilidade, amor à verdade pura, amor intuitivo, paciência, inclusividade, aspiração por um ponto de vista completo, tato, serenidade, poder para ensinar e iluminar, poder para curar através do amor.
Fraquezas: vindas do aspecto "amor": amor por ser amado, apego, sensibilidade excessiva e vilnerablidade, falta de autoconfiança, complexo de inferioridade, falta de assertividade, postura passiva, medo, excesso de cautela, super-proteção, problemas com limites, autopiedade, inadequação, amor pelo conforto e segurança, apego à zonas de conforto, demora para agir, frio e indiferente aos demais. vindas do aspecto "sabedoria": dedicação excessiva ao estudo, orgulho intelectual, desprezo por limitações mentais nos demais.
Chegamos ao fim de mais um artigo desta série. Fiquem atentos ao próximo, sobre o terceiro raio (Atividade Inteligente), completando o ciclo dos raios maiores.
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