Quem são os que sabem?

Submitted by Estante Virtual on Sun, 12/02/2012 - 20:47

P: Isto pode se aplicar igualmente a nós e aos demais?

T: Igualmente. Como se acaba de dizer, para todos existe a mesma visão limitada, exceto para aqueles que alcançaram na presente encarnação o apogeu da visão espiritual e da clarividência. Somente podemos compreender que, se as coisas para nós pudessem ter sido diferentes, elas teriam sido; que somos nossa própria obra, e que apenas temos o merecido.

 

P: Apenas temo que semelhante conceito só sirva para amargar ainda mais nosso ânimo.

T: Pois acredito que é precisamente o contrário. A falta de crença em uma lei justa de retribuição, é o que mais facilmente desperta no homem todos os sentimentos de rebelião. Tanto a criança como o homem, sofrem muito mais por um castigo ou mesmo por uma reprimenda que julgam imerecida, do que por um castigo mais severo, se compreendem que o mereceram. A crença em Karma é a razão mais alta para que um homem se conforme com sua sorte na vida, e o estímulo mais poderoso para melhorar, por meio do esforço, o próximo renascimento. Seguramente, esses dois objetivos seriam destruídos, se supuséssemos que nossa sorte é resultado de algo que não fosse a lei estrita, ou que o destino se encontra em outras mãos que não as nossas.

 

P: Conforme sua afirmação, esse sistema de reencarnação sob a ação da lei kármica impõe-se ante a razão, a justiça e o sentido moral. Mas se é assim, não é sacrificando em parte as belas qualidades da simpatia e da compaixão, e a custo dos sentimentos mais delicados da natureza humana?

T: Só na aparência, mas não na realidade. Nenhum homem pode receber mais ou menos do que merece, sem uma correspondente injustiça ou parcialidade com relação aos demais; e uma lei que pudesse evitar-se graças à compaixão, produziria mais sofrimentos e maiores desgraças e irritação, do que benefícios. Leve também em conta que não administramos a lei, uma vez que criamos causas para seus efeitos; ela se administra a si própria; e, além disso, a mais ampla previsão da manifestação da compaixão justa e da misericórdia, nós a encontramos em Devakhan.

 

P: Você tem mostrado os adeptos como uma exceção à regra de nossa ignorância geral. Realmente eles sabem mais do que nós sobre a reencarnação e os estados futuros?

T: Sem dúvida alguma. Graças ao desenvolvimento de faculdades que todos possuímos, mas que só eles aperfeiçoaram, penetrando espiritualmente nesses planos e estados que temos discutido. Desde as idades mais remotas, uma geração de adeptos atrás da outra, vêm estudando os mistérios do ser, da vida, da morte e do renascimento, e todos por sua vez ensinaram alguns dos fatos que aprenderam desta forma.

 

P: E o objetivo da Teosofia é a formação de tais adeptos?

T: A Teosofia considera à humanidade como uma emanação do divino em vias de regresso até sua origem. Chegados a certo ponto do caminho, aqueles que sacrificaram várias encarnações para consegui-lo, alcançam o estado de adepto. Fique certo que nenhum homem tornou-se adepto nas ciências secretas, durante apenas uma vida; muitas encarnações são necessárias, depois de ter feito um propósito consciente e de haver dado princípio à prática imprescindível. Podem ser muitos os homens e as mulheres — mesmo dentro de nossa sociedade — que desde várias encarnações começaram a obra laboriosa de alcançar a iluminação desejada; e, por outro lado, aqueles que, em efeito das ilusões pessoais da vida presente, ou por ignorar o fato, estão perdendo toda probabilidade de progresso nesta existência. Sentem uma atração irresistível pelo Ocultismo e pela vida superior, mas ainda são, sem dúvida, por demais pessoais e apegados às suas próprias opiniões (agradando-lhes excessivamente as enganosas seduções do mundo e os efêmeros prazeres do mesmo), para que se decidam a renunciar a eles, perdendo assim suas possibilidades de progresso na atual existência. Mas para os homens comuns, para os deveres práticos da vida diária, semelhante resultado - tão longínquo - é impróprio como objetivo e inteiramente ineficaz como motivo.

 

P: E qual pode ser o objetivo destes ao entrar na Sociedade Teosófica?

T: Muitos se interessam por nossas doutrinas e sentem, instintivamente, que são mais verdadeiras que as de qualquer religião dogmática. Outros se propuseram firmemente a alcançar o ideal mais elevado do dever para o homem.

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