Como procede a Sociedade Teosófica?

Submitted by Estante Virtual on Sun, 12/02/2012 - 03:24

P: No tempo de Amônio havia antigas e importantes religiões, e só no Egito e Palestina, as seitas eram numerosas; como se pode reconciliá-las entre si?

T: Fazendo o que estamos fazendo agora. Os neoplatônicos formavam uma corporação numerosa e pertenciam a várias filosofias religiosas[1], como sucede a nós teósofos. O Judeu Aristóbulo afirmava naqueles dias que a ética de Aristóteles representava os ensinamentos esotéricos da Lei de Moisés; Fílon, o judeu, se esforçava em reconciliar o Pentateuco com a filosofia pitagórica e platônica; e Josefo provava que os essênios do Carmelo eram simplesmente os copistas e discípulos dos terapeutas egípcios (os que curavam). O mesmo ocorre em nossos dias. Podemos provar a origem de cada religião, assim como de cada seita, até a mais insignificante. Não são as últimas mais do que pequenas ramificações nascidas das maiores; mas umas e outras saem do mesmo tronco, a Religião da Sabedoria.

Provar isto foi o objetivo de Amônio, que tentou fazer com que cristãos e gentios, judeus e idolatras, abandonassem suas lutas e disputas para que pudessem perceber que todos estavam de posse da mesma verdade, oculta sob diferentes aspectos, e de que todos provinham de uma única origem[2]. O mesmo objetivo guia a Teosofia.

 

P: E quais são as fontes que os autorizam a emitir semelhante julgamento com relação aos teósofos de Alexandria?

T: Um número incalculável de escritores conhecidos. Mosheim, entre eles, diz que:

"Amônio ensinou que a religião das massas estava relacionada com a filosofia, e que, com ela, se deturparam gradualmente, obscurecendo-se pelos conceitos, mentiras e superstições puramente humanos; que era por conseguinte necessário devolvê-la à sua pureza original, purificá-la dessas escórias e baseá-la em princípios filosóficos; que o objetivo do Cristo era estabelecer e restaurar em sua integridade primitiva a sabedoria dos antigos; reduzir o domínio da superstição que prevalecia no universo; corrigir de um lado, e de outro exterminar os diferentes erros que se introduziram nas distintas religiões".

Os teósofos modernos dizem a mesma coisa. A única diferença consiste em que, enquanto o grande Filaleteu encontrava apoio e ajuda de dois padres da Igreja para seu intento: Clemente e Athenágoras; em todos os rabinos cultos da sinagoga, na academia e no bosque, enquanto ensinava uma doutrina comum a todos, nós, seus discípulos e continuadores, não somos reconhecidos, mas sim pelo contrário, ultrajados e perseguidos. Fica assim demonstrado que as pessoas eram mais tolerantes há 1.500 anos, do que o são neste século das luzes.

 

P: Não se pode encontrar a causa do apoio dado pela Igreja, pelo jato de ser Amônio cristão e haver ensinado o Cristianismo apesar de suas heresias?

T: De modo nenhum. Ele nasceu cristão mas jamais aceitou o Cristianismo da Igreja. Diz o dr. Wilder: "Só teve que expor suas doutrinas, segundo as antigas colunas de Hermes, que tanto Platão como Pitágoras conheciam antes e com as quais constituíram sua filosofia". Encontrando as mesmas idéias no prólogo do Evangelho de São João, supôs muito acertadamente que a intenção de Jesus era a de restaurar a grande doutrina da sabedoria em sua primitiva integridade. Considerava ele que as narrações da Bíblia e as histórias dos deuses eram apenas alegorias explicativas da verdade, ou então fábulas inaceitáveis.

Além disso, conforme a Enciclopédia Edimburgo: "reconhecia (Amônio) que Jesus era um homem excelente e amigo de Deus", mas declarava que não se propôs abolir inteiramente o culto dos demônios (deuses), e que sua única intenção era purificar a religião antiga.



[1] O Judaísmo estabeleceu-se na Alexandria sob Filadelfus, e os mestres helênicos converteram-se desde então em perigosos rivais do Colégio de Rabinos da Babilônia.

O autor do Neoplatonismo diz com muita oportunidade: "Os sistemas buddhista, vedântico e mágico foram expostos durante aquele período, ao mesmo tempo que as filosofias da Grécia. Não era estranho, portanto, que os pensadores opinassem que a luta de palavras devia cessar, e achassem possível extrair dessas várias doutrinas um sistema harmônico... Panteno, Athenágoras e Clemente foram instruídos inteiramente na filosofia platônica, e compreenderam sua unidade com os sistemas orientais".

[2] Mosheim, falando sobre Amônio, disse: "Compreendendo que não só os filósofos da Grécia, senão também os das nações bárbaras estavam de perfeito acordo uns com os outros, com relação a cada ponto essencial, propôs-se a expor os princípios de todas essas diferentes seitas, para demonstrar que todas haviam nascido da mesma e única origem, e que todas tendiam a um mesmo e único fim". Se o escritor que fala de Amônio na Enciclopédia de Edimburgo conhece a matéria que trata, nesse caso descreve aos teósofos modernos, suas crenças e sua obra, porque afirma ao referir-se ao Theodidaktos: "Adotou as doutrinas admitidas no Egito (as esotéricas eram as da índia), concernentes ao universo e à divindade, considerados como constituindo um grande todo relativo à eternidade do mundo. . . Estabeleceu também um sistema de disciplina moral, que permitia às pessoas viverem segundo as leis de seu país e os preceitos da natureza, mas que exigia dos sábios a exaltação de seu espírito por meio da contemplação".

 

 

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