Análise das Artes e Ciências: Nas Filosofias do Egito, dos Gregos, dos Caldeus e dos Assírios

Submitted by Estante Virtual on Thu, 11/22/2012 - 20:27
Assinalamos as descobertas nas artes, nas ciências, e na filosofia dos egípcios, dos gregos, dos caldeus e dos assírios; citaremos agora um autor que passou vários anos na Índia estudando a sua filosofia. Na célebre e recente obra Cristna et le Christ, descobriremos a seguinte tabulação:
 
Filosofia - Os antigos hindus criaram, desde o princípio, os dois sistemas de Espiritismo e materialismo, de Filosofia Metafísica e de Filosofia Positiva. A primeira ensinada na escola védica, cujo fundador foi Vyâsa; a segunda ensinada na escola sankyâ, cujo fundador foi Kapila.
 
“Ciência astronômica” - Eles fixaram o calendário, inventaram o zodíaco, calcularam a precessão dos equinócios, descobriram as leis gerais dos movimentos. Observaram e predisseram os eclipses.
 
“Matemática” - Inventaram o sistema decimal, a álgebra, os cálculos diferencial, integral e infinitesimal. Descobriram também a Geometria e a Trigonometria, e nessas duas ciências construíram e provaram teoremas que só foram descobertas na Europa nos séculos XVII e XVIII. Foram os brâmanes de fato que deduziram pela primeira vez a área de superfície de um triângulo a partir do cálculo de seus três lados, e calcularam a relação da circunferência com o diâmetro. Além disso, devemos restituir-lhes o quadrado da hipotenusa e a tábua impropriamente denominada pitagórica, que descobrimos gravada no goparamad'água da maior parte dos grandes pagodes.
 
“Física - Estabeleceram o princípio, ainda em vigor em nossos dias, de que o universo é um todo harmonioso, sujeito a leis que podem ser determinadas pela observação e pela experiência. Descobriram a hidrostática; e a famosa proposição de que todo o corpo submerso na água perde o seu próprio peso um peso igual ao volume d’água que desloca é apenas um empréstimo feito pelos brâmanes ao famoso arquiteto grego Arquimedes. Os físicos de seus pagodes calcularam a velocidade da luz, fixaram de maneira positiva as leis a que ela obedece em sua reflexão. E finalmente é fora de dúvida, segundo os cálculos de Sûrya-Siddharta, que eles conheciam e calcularam a força do vapor.
 
“Química - Conheciam a composição da água, e formularam para os gases a famosa lei, que só viemos a conhecer ontem, segundo a qual os volumes de gás estão na razão inversa da pressão que suportam. Sabiam como preparar os ácidos sulfúrico, nítrico e muriático; os óxidos de cobre, ferro, chumbo, estanho e zinco; os sulfuretos de zinco e ferro; os carboretos de ferro, chumbo, e soda; o nitrato de prata; e a pólvora.
 
“Medicina - Seus conhecimentos eram verdadeiramente surpreendentes. Em Caraka e Sushruta, os dois príncipes da Medicina hindu, encontra-se o sistema de que mais tarde Hipócrates se apropriou. Sushruta ensinou em especial os princípios da Medicina preventiva, ou higiene, que coloca bem acima da Medicina curativa - no mais das vezes, segundo ele, empírica. Estamos hoje mais avançados? Não é ocioso assinalar que os médicos árabes, que gozaram de uma merecida celebridade na Idade Média - Averróis, entre outros -, falam constantemente dos médicos hindus, considerando-os como mestres dos gregos e de si próprios.
 
“Farmacologia - Conheciam todos os símplices, suas propriedades, seus usos, e a esse respeito ainda não cessaram de dar lições à Europa. Muito recentemente, receberam deles o tratamento da asma, pelo estramônio.
 
“Cirurgia - Nesse ramo não foram menos notáveis. Faziam a operação dos cálculos e lograram notável sucesso na operação da catarata, e na extração do feto, de que todos os casos incomuns e perigosos são descritos por Caraka com uma extraordinária exatidão científica.
 
“Gramática - Construíram a mais extraordinária língua do mundo - o sânscrito -, que deu origem à maior parte dos idiomas do Oriente, e dos países indo-europeus.
 
“Poesia - Praticaram todos os estilos, e revelaram-se mestres supremos em todos. Sakuntalâ, Avrita, a Fedra hindu, Sâranga, e milhar de outros dramas não foram suplantados por Sófocles ou Eurípedes, por Corneille ou Shakespeare. ‘O lamento de um exilado’, que implora a uma nuvem passageira que lhe leve as lembranças ao seu lar, aos parentes e amigos, a quem ele jamais verá, para se ter uma idéia do esplendor que esse estilo atingiu na Índia. Suas fábulas foram copiadas por todos os povos modernos e antigos, que não se deram o trabalho de dar cores diferentes aos temas desses pequenos dramas.
 
“Música - Inventaram a escala com as suas diferenças de tons e semitons muito antes de Guido d’Arezzo. Aqui a escala hindu:
 
Sa - Ri - Ga - Ma - Pa - Da - Ni - Sa.
 
“Arquitetura - Parecem ter esgotado tudo o que o gênio do homem é capaz de conceber. Zimbórios inacreditavelmente audaciosos; cúpulas cônicas; minaretes com rendas de mármore; torres góticas; hemiciclos gregos; estilo policromo - todos os gêneros de todas as épocas nela encontram, indicando claramente a origem e a época das diferentes colônias que, emigrando, levaram consigo as lembranças de sua arte nativa”.
 
Tais foram os resultados atingidos por essa antiga e imponente civilização bramânica.
 
Eis que podemos ler o que disse Manu, talvez há 10.000 anos antes do nascimento de Cristo:
 
“O primeiro germe de vida desenvolveu-se devido à água e ao calor” (Manu, livro I, sloka 8).
 
“A água sobre ao céu em vapores; desce do Sol com chuva, e da chuva nascem as plantas, e das plantas os animais” (Livro III, sloka 76).
 
Cada ser adquire as qualidades do ser que o precede imediatamente, de modo que, quanto mais um ser se distancia do primeiro átomo da série, mais ele é dotado de qualidades e perfeições” (livro I, sloka 20).
 
“O homem atravessará o universo, ascendendo gradualmente e passando através das rochas, das plantas, dos vermes, insetos, peixes, serpentes, tartarugas, animais selvagens, gado, e animais superiores. (...) Tal é o grau inferior” (Ibid.).
 
“Estas são as transformações declaradas da planta ao Brahmâ que devem operar-se neste mundo”(Ibid.).
 
“O grego”, diz Jacolliot, “é simplesmente o sânscrito. Fídias e Prexíteles estudaram na Ásia as obras-primas de Daouthia, Râmana, e Âryavosta. Platão desaparece diante de Jaimini e Veda-Vyâsa, que ele copia literalmente. Aristóteles empalidece diante do Pûrva-Mimânsâ e do Uttara-Mîmânsâ, em que se descobrem todos os sistemas de filosofia que agora nos ocupamos em reeditar, desde o Espiritualismo de Sócrates e sua escola, o Ceticismo de Pirro, Montaigne, e Kant, até o Positivismo de Littré.”
 
Que aqueles que duvidam da exatidão deste parágrafo leiam a seguinte frase, extraída textualmente do Uttara-Mîmânsâ, ou Vedânta, de Vyâsa, que viveu numa época que a cronologia bramânica fixa em 10.400 anos antes de nossa era:
 
“Podemos estudar os fenômenos, verificá-los e afirmar que são relativamente verdadeiros, mas como nada neste universo, nem pela percepção, nem pela indução, nem pelos sentidos, nem pela razão, é capaz de demonstrar a existência de uma Causa Suprema, que, num determinado ponto do tempo, teria dado origem ao universo, a Ciência não deve discutir nem a possibilidade, nem a impossibilidade desta Causa Suprema”.

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