Do destino dos "princípios" inferiores

Enviado por Estante Virtual em dom, 02/12/2012 - 20:20

P:  Você falou muito de Kama-Loka.   O que é?

T: Quando o homem morre, seus três princípios inferiores o abandonam para sempre; isto é: o corpo, a vida e o veículo dela, o corpo astral ou duplo do homem. Então, seus outros quatro princípios: o princípio central ou médio (a alma animal ou Kama-rupa) com o que assimilou de manas inferior, e a Tríade superior, se encontram em Kama-Loka. Esta é uma localidade astral, ou Limbus da teologia escolástica, o Hades dos antigos, enfim, uma localidade somente em um sentido relativo. Não tem área definida, nem tampouco limites, mas existe dentro do espaço subjetivo, isto é, fora do alcance de nossas percepções sensoriais. Sem dúvida existe, e é ali onde os eidolons astrais de todos os seres que já viveram, inclusive os animais, esperam sua segunda morte. Esta última vem, para os animais, com a desintegração e a completa desaparição de suas partículas astrais. Para o eidolon humano, começa quando a Tríade Atma-Buddhi-Manásica "separa-se" de seus princípios inferiores, ou seja, do reflexo da personalidade que foi, ao entrar num estado devakhânico.

 

P:  E o que sucede depois?

T: Então o fantasma kama-rúpico privado de seu princípio pensante (o manas superior), e do aspecto inferior deste, e a inteligência animal já não recebendo luz alguma da mente superior e sem cérebro físico para poder se manifestar, desaparece.

 

P:  De que modo?

T: Cai em um estado semelhante ao de uma rã quando o vivissecionista a priva de certas partes de seu cérebro. Já não pode pensar, nem mesmo em um plano animal inferior. Não é sequer o manas inferior, pois este não é nada sem o superior.

 

P: É esta não-entidade a que se vê materializar nos médiuns, nas sessões espíritas?

T: É uma verdadeira não-entidade, com relação às faculdades que raciocinam e meditam; no entanto, é uma entidade, embora astral e fluídica, como ficou demonstrado em alguns casos em que, atraída magnética e inconscientemente por um médium, reviveu por algum tempo e nele viveu por procuração. Este "fantasma" ou Kama-rupa pode ser comparado com a água-viva, que tem uma aparência gelatinosa etérea enquanto está em seu próprio elemento, a água (a aura específica do médium); mas que se dissolve na mão ou na areia, ou ao sol, assim que sai de seu elemento. O Kama-rupa vive na aura do médium uma espécie de vida fictícia; e raciocina e fala, pelo cérebro do médium, ou o de outras pessoas presentes. Mas isto nos levaria muito longe entrando em terreno alheio, que não desejo violar. Fiquemos no nosso assunto, a reencarnação.

 

P: Quanto tempo permanece em estado devakhânico o Ego que se encarna?

T: Segundo nos ensinam, isto depende do grau de espiritualidade e do mérito ou demérito da última encarnação. Como já disse, o tempo médio é de dez a quinze séculos.

 

P: E por que não poderia este Ego se manifestar e comunicar-se com os mortais, como acreditam os espíritas? Existe alguma razão que se oponha a que a mãe se comunique com os filhos que deixou na terra, um marido com sua mulher etc? Confesso que acho uma crença muito consoladora e não estranho que os que a professam resistam tenazmente a abandoná-la.

T: E ninguém os obriga a isto, a não ser que prefiram a  verdade à ficção, por "consoladora" que seja. Nossas doutrinas podem desgostar aos espíritas, mas, sem dúvida, nada do que cremos e ensinamos é tão cruel e egoísta como o que eles pregam.

 

P:  Não entendo. O que chama de egoísta?

T: À doutrina do regresso dos espíritos, as verdadeiras "personalidades", conforme afirmam; e direi por quê. Se Devakhan — chame "paraíso" se quiser, "lugar de bem-aventurança e felicidade supremas" - é tal lugar de felicidade (melhor dizendo estado), nos diz a lógica que nele não existe o menor sofrimento nem a sombra de penas. Lemos no livro das promessas que "Deus enxugará todas as lágrimas dos olhos daqueles que estão no paraíso". E se os "espíritos dos mortos" podem voltar e contemplar tudo o que está se passando sobre a terra, e especialmente em suas casas, que espécie de bem-aventurança é a que os espera?

 

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