Uma das mais notáveis características dos dias atuais é o reconhecimento, em toda parte, do Poder do pensamento, a crença de que o homem pode modelar o seu caráter, e, portanto, o seu destino, pelo exercício desse poder que faz dele um homem. Nesse ponto, as ideias modernas estão entrando na linha dos ensinamentos religiosos do passado. “O homem é criado pelo pensamento” — é o que está escrito numa escritura hindu. “O homem torna-se aquilo que ele pensa; portanto, pense no Eterno.” “Tal como ele pensa em seu coração assim ele é”, disse o sábio Rei de Israel, advertindo contra a associação com os homens maus. “Tudo o que somos foi feito pelos nossos pensamentos”, disse Buda. O pensamento é o pai da ação; nossa natureza se dispõe a materializar aquilo que é gerado pelo pensamento. A psicologia moderna diz que o corpo tende a seguir o pensamento, e liga a inclinação de algumas pessoas para se atirarem de uma altura ao fato de a imaginação deles retratar uma queda, e o corpo agir de acordo com esse quadro.
Havendo, então, uma apreciação do Poder do Pensamento, torna-se momentoso saber como usar esse poder da forma mais elevada possível e causando o maior efeito possível. A melhor forma de fazer isso está na prática da meditação, e um dos métodos mais simples — que tem, ainda, a vantagem de seu valor poder ser comprovado pessoalmente pela pessoa que o usa — é o seguinte:
Examinando o seu caráter, busque determinar algum de seus defeitos evidentes. Depois, pergunte a si próprio qual é a qualidade oposta a esse defeito, a virtude que seja a sua antítese. Digamos que o leitor sofre de irritabilidade; escolha a paciência. Então, regularmente, a cada manhã, antes de sair para o mundo, sente-se durante três ou cinco minutos e pense na paciência — no seu valor, na sua beleza, na sua prática sob provocação, observando um ponto por dia, e outro, e outro, pensando o mais firmemente que puder, chamando de volta a mente quando ela divagar, e pense em si próprio como sendo perfeitamente paciente, termine com um voto: “Essa Paciência, que é o meu verdadeiro eu, sentirei e demonstrarei hoje.”
Durante alguns dias, provavelmente, não haverá mudança perceptível, e o leitor irá se sentir e se mostrar irritado. Continue com firmeza, a cada manhã. Bem depressa, cada vez que você disser alguma coisa irritadamente, o pensamento, sem ser solicitado, virá como um relâmpago à sua mente: “Eu deveria ter tido paciência.” Continue assim. Logo o pensamento de paciência surgirá com o impulso para a irritação, e a manifestação exterior será contida. Continue assim. O impulso para a irritação irá ficando cada vez mais fraco, até que você perceba que a irritabilidade desapareceu e que a paciência se transformou na sua atitude normal diante das contrariedades.
Aí, temos um experimento que qualquer pessoa pode tentar, comprovando a Lei por si mesma. Uma vez comprovada, ela pode usá-la, e construir virtude após virtude, de maneira igual, até criar um caráter ideal pelo Poder do Pensamento.
Outro uso para esse poder seria a ajuda a alguma boa causa, enviando-lhe bons pensamentos, ou a ajuda a um amigo que está enfrentando dificuldades, enviando-lhe pensamentos de conforto, ou a ajuda a um amigo que busca a verdade, enviando-lhe pensamentos claros e definidos das verdades que o leitor conhece. Você pode enviar para a atmosfera mental pensamentos que elevarão, purificarão, inspirarão todos os que forem sensíveis a eles, pensamentos de proteção, para ser o anjo da guarda das pessoas que você ama. O pensamento correto é uma bênção contínua que cada qual pode irradiar, como uma fonte que espalha águas refrescantes.
Não devemos esquecer o reverso desse belo quadro. O pensamento errado é tão veloz para o mal quanto o pensamento certo o é para o bem. O pensamento pode ferir assim como pode curar; pode levar angústia como pode levar conforto. Maus pensamentos atirados à atmosfera mental envenenam as mentes receptivas; pensamentos de cólera e vingança dão força aos golpes mortais; pensamentos que prejudicam outros ferem a língua do maldizente, dão asas a farpas atiradas injustamente. A mente ocupada pelos maus pensamentos atua como um ímã para atrair pensamentos iguais da parte de outros, intensificando assim o mal original. Pensar no mal está a um passo de fazer o mal, e uma imaginação poluída favorece a realização de suas próprias criações maléficas. “Tal como o homem pensa ele se torna” — é a Lei para os maus pensamentos, como para os bons. Além disso, acalentar um mau pensamento despe-o aos poucos da sua repulsividade e impele o pensador a realizar uma ação que o materializa.
Tal é a Lei do Pensamento, tal é o seu poder. “Se sabes essas coisas, feliz serás se as seguires.”