Caráter sagrado do compromisso

Enviado por Estante Virtual em dom, 02/12/2012 - 03:43

P: Há algum sistema de ética que se aplique na Sociedade?

T: A nossa é bastante clara e fácil para quem quiser segui-la. É a essência da ética do mundo, tirada dos ensinamentos de todos os grandes reformadores do universo. Nela podem-se ver representados: Confúcio, Zoroastro, Lao-Tsé e o Bhagavad-Gítâ, os preconceitos de Gautama Buddha e Jesus de Nazaré, de Hillel e sua escola, assim como os de Pitágoras, Sócrates, Platão e suas respectivas escolas.

 

P:  E os membros da Sociedade seguem  esses preceitos? Entendo que existem grandes dissensões e disputas entre eles.

T: É muito natural, pois, apesar da reforma, em seu estado atual pode se considerar como nova. Os homens e as mulheres que precisam ser reformados são as mesmas naturezas humanas pecadoras dos tempos passados. Como já disse, são poucos os membros ativos, zelosos e ardentes; mas muitos são os sinceros e bem dispostos, que tratam de defender, o melhor que podem, os ideais da Sociedade e os seus próprios. Nosso dever é ajudar os membros individualmente, em seu progresso intelectual, moral e espiritual, e não censurar os que erram ou fracassam. Não temos o direito de negar a admissão a pessoa alguma -- especialmente na seção esotérica — onde "quem entra é igual a um recém-nascido". Mas se algum membro, apesar de seus compromissos sagrados, contraídos sob palavra de honra e em nome do "Eu" imortal, continua depois desse "novo nascimento" com os vícios e defeitos da vida antiga, tolerando-os e satisfazendo-os não obstante pertencer à Sociedade, então, naturalmente, é muito provável que será convidado a se demitir ou, no caso de negar-se a isso, será expulso. Temos regras rigorosas para tais casos.

 

P. Pode citar algumas delas?

T: Sim: nenhum membro da Sociedade -- seja exotérico ou esotérico — tem o direito de impor suas opiniões pessoais a outro membro. É uma ofensa contra a Sociedade. Quanto à seção interna, agora chamada esotérica, possui uma regra apresentada e adotada desde 1880: "Nenhum irmão poderá servir-se para seu uso egoísta de nenhum conhecimento que lhe for dado por qualquer membro de grau superior, sendo a violação desta regra punida com a expulsão". Antes que possam ser comunicados esses conhecimentos, o aspirante deve comprometer-se sob juramento solene a não fazer uso dos mesmos com objetivos egoístas, nem a revelar nada do que lhe foi confiado, exceto estando autorizado a isso.

 

P: Mas uma pessoa expulsa ou demissionária pode revelar o que aprendeu, ou violar qualquer cláusula do compromisso adquirido?

T: Certamente que não. Sua expulsão ou demissão somente a exonera da obrigação de obediência ao mestre e de tomar parte ativa na obra da Sociedade, mas certamente não do sagrado compromisso do segredo.

 

P: Mas essa razão é justa?

T: Seguramente. Todo homem ou mulher dotado do mínimo sentimento de honra, sua promessa de segredo tomada sob sua palavra de honra — e muito mais — em nome de seu Eu superior (o Deus interno), é inviolável enquanto for vivo. E, mesmo deixando a Sociedade, nenhum homem ou mulher dignos pensará em atacar ou prejudicar uma corporação a que pertenceram em virtude de semelhante compromisso.

 

P: Isto não é extremar as coisas?

T: Pode ser que sim, levando-se em conta o relaxamento destes tempos e da moral; mas, se a promessa não fosse firme, que necessidade haveria de compromisso? Como pode alguém aspirar a ser instruída na ciência secreta, se espera poder libertar-se quando bem entender, de todas as obrigações que lhe impuseram? Que segurança, confiança ou crédito poderiam existir entre os homens, se tais compromissos não tivessem valor ou alguma força real? Acredite: a lei de retribuição (Karma) muito rapidamente daria o merecido a quem dessa maneira quebrasse seu compromisso; tão depressa talvez como se manifestaria o desprezo de todo homem honrado, até mesmo neste plano físico. Como disse muito bem o Path (julho, 1889, Nova York), quanto a este assunto: "Uma vez adquirido um compromisso, obriga-nos para sempre no mundo moral e no mundo oculto. Se alguma vez o violamos e sofremos as conseqüências, isto não justifica o violarmos de novo; e sempre que o façamos reagirá sobre nós a poderosa balança da Lei (do Karma)".

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