Capítulo 2 - Do Absoluto Até o Homem

Enviado por Estante Virtual em sex, 08/06/2012 - 19:00
Do Absoluto, do Infinito, do Onipresente, em nosso atual estágio não podemos saber nada, exceto que existe; não podemos dizer nada que não represente uma limitação, e portanto inexata.
 
N´Ele existem universos inumeráveis; em cada universo, incontáveis sistemas solares. Cada sistema solar é a expressão de um poderoso Ser, a quem chamamos de Logos, o Verbo Divino, a Deidade Solar. Para o sistema Ele é tudo o que os homens entendem por Deus. Ele o permeia; não existe nada nele que não seja Ele; é a Sua manifestação nesta matéria o que podemos ver. Porém Ele existe acima e fora do sistema, vivendo uma vida própria estupenda entre Seus Pares. Como é dito numa Escritura Oriental: “Tendo permeado este universo inteiro com uma partícula de Mim mesmo, ainda permaneço”.
 
Desta Sua excelsa vida não podemos saber nada. Mas do fragmento de Sua vida que energiza Seu sistema podemos saber algo nos níveis inferiores de sua manifestação. Não podemos vê-Lo, mas podemos ver Seu poder em ação. Ninguém que seja clarividente pode ser ateu; a evidência é por demais tremenda.
 
De Si mesmo chamou à existência este poderoso sistema. Nós que estamos nele somos fragmentos em evolução de Sua vida, Centelhas de Seu Fogo divino; d´Ele todos procedemos; a Ele todos retornaremos.
 
Muitos têm perguntado por que Ele fez isso; por que Ele emanou de Si mesmo todo este sistema; por que Ele nos enviou para enfrentarmos as tormentas da vida. Não o podemos saber, tampouco é uma questão prática; é bastante que estejamos aqui, e façamos nosso melhor. Porém muitos filósofos especularam sobre este ponto e muitas sugestões foram dadas. A mais bela que conheço é a de um filósofo Gnóstico:
 
“Deus é Amor, mas o próprio Amor não pode ser perfeito a não ser que tenha em quem ser derramado e de quem possa voltar. Portanto Ele se pôs de Si na matéria, e limitou Sua glória, a fim de que através deste processo natural e lento de evolução pudéssemos vir a existir; e nós por nossa vez de acordo com Sua Vontade nos desenvolveremos até atingir mesmo Seu próprio nível, e então o próprio amor de Deus se tornará mais perfeito, porque então será derramado naqueles, Suas próprias crianças, que plenamente o entenderem e retribuírem, e assim Seu grande esquema será completado e Sua vontade cumprida”.
 
Em qual estupenda altitude Sua consciência habita não sabemos, nem podemos conhecer Sua verdadeira natureza como se mostra lá. Mas quando Ele se manifesta em condições que estão dentro de nosso alcance, Sua manifestação é sempre tríplice, daí todas as religiões O terem imaginado como uma Trindade. Três, ainda que fundamentalmente Um; Três Pessoas (embora pessoa signifique máscara) e ainda Um Deus, mostrando-Se naqueles Três Aspectos. Três para nós, olhando-O de baixo, porque Suas funções são diferentes; Um para Ele, porque Os reconhece como apenas facetas de Si mesmo.
 
Todos estes Três Aspectos estão envolvidos na evolução do Sistema Solar; todos os Três também estão envolvidos na evolução do homem. Esta evolução é Sua Vontade; o método dela é o Seu plano.
 
Logo abaixo desta Deidade Solar, ainda que de um modo misterioso sendo partes de Si mesmo, estão Seus sete Ministros, às vezes chamados de Espíritos Planetários. Usando uma analogia retirada da fisiologia de nosso próprio corpo, Suas relações para com Ela são como as dos gânglios ou dos centros nervosos para com o cérebro. Toda a evolução que procede d´Ela o faz através de um ou outro d´Eles.
 
Por sua vez, sob Eles estão vastas hostes ou ordens de seres espirituais, a quem chamamos de Anjos ou Devas. Ainda não conhecemos todas as funções que Eles desempenham em todas as partes deste maravilhoso esquema, mas encontramos alguns d´Eles intimamente ligados à construção do sistema e à expansão da sua vida interior.
 
Aqui em nosso mundo há um grande Oficial que representa a Deidade Solar, e está no absoluto controle de toda a evolução que tem lugar neste planeta. Podemos imaginá-Lo como o verdadeiro Rei deste mundo, e sob Ele existem ministros a cargo dos diferentes departamentos. Um destes departamentos está ligado à evolução das diferentes raças da humanidade, de modo que para cada grande raça há um Líder que a funda, diferencia-a das outras todas, e assiste o seu desenvolvimento. Um outro departamento é o da religião e educação, e é dele que saíram todos os maiores instrutores da história – de onde todas as religiões nasceram. O grande Oficial à testa deste departamento ou vêm Ele mesmo ou envia um de Seus discípulos para fundar uma nova religião quando decide que alguma é necessária.
 
Assim todas as religiões, à época de sua primeira apresentação ao mundo, têm contido uma definida apresentação da Verdade, e em seus fundamentos esta Verdade têm sido sempre a mesma. As suas apresentações têm variado por causa das diferenças das raças às quais foi oferecida. As condições de civilização e o grau de evolução obtido pelas várias raças têm tornado desejável apresentar esta Verdade única sob diferentes formas. Mas a Verdade interna é sempre a mesma, e a fonte de onde sai é a mesma, mesmo que as fases externas possam parecer diferentes e mesmo contraditórias. É tolice para os homens disputar sobre a questão da superioridade de um instrutor ou de um modo de ensino sobre outro, pois o instrutor é sempre alguém enviado pela Grande Fraternidade de Adeptos, e em todos os seus pontos importantes, em seus princípios éticos e morais, o ensino têm sido sempre o mesmo.
 
No mundo existe um núcleo de Verdade que jaz por trás de todas estas religiões, e representa os fatos da Natureza até onde no presente são conhecidos pelo homem. No mundo externo, por causa de sua ignorância disso, as pessoas estão sempre disputando e questionando sobre se existe um Deus; se o homem sobrevive à morte; se lhe é possível progresso definido, e qual é sua relação para com o universo. Estas questões estão sempre presentes na mente do homem tão logo sua inteligência desperta. Não são irrespondíveis, como freqüentemente se supõe; as respostas para elas estão ao alcance de qualquer um que faça os esforços adequados para encontrá-las. A verdade é alcançável, e as condições para seu alcance são passíveis de conquista por qualquer um que faça o esforço.
 
Nos primeiros estágios do desenvolvimento da humanidade, os grandes Oficiais da Hierarquia são recrutados de fora, de outras e mais altamente evoluídas partes do sistema, mas tão logo os homens podem ser treinados para o necessário nível de poder e sabedoria estas funções são assumidas por eles. A fim de aprontar-se para assumir um tal ofício um homem deve elevar-se até um nível muito alto, e deve tornar-se o que chamamos de Adepto – um ser de bondade, poder e sabedoria tão grandes que Ele sobressai acima do resto da humanidade, pois Ele já terá atingido o ápice da evolução humana; Ele terá conquistado o que o plano da Deidade assinalou para que conquistasse durante esta era ou dispensação. Mas Sua evolução continua posteriormente além daquele nível – continua até a divindade.
 
Um grande número de homens já atingiu o nível de Adepto – homens não de uma só nação, mas de todas as principais nações do mundo – almas raras que com coragem indomável assediaram os castelos da Natura, e arrebataram seus segredos internos, e adquiriram assim verdadeiramente o direito de serem chamados de Adeptos. Entre Eles há muitos graus e muitas linhas de atividade; mas sempre alguns d´Eles permanecem em contato com nossa Terra como membros desta Hierarquia que está incumbida da administração dos negócios do mundo e da evolução espiritual de nossa humanidade.
 
Este corpo augusto é freqüentemente chamado A Grande Fraternidade Branca, mas seus membros não são uma comunidade onde todos vivem juntos. Cada um d´Eles, em grande medida, retira-Se do mundo, e ficam em constante comunicação entre si e com Seu Líder; mas Seu conhecimento das forças superiores é tão grande que isso é conseguido sem qualquer necessidade de encontro no mundo físico. Em muitos casos Eles continuam a viver cada Qual em Seu próprio país, e Seus poderes permanecem insuspeitos aos que vivem perto d´Eles. Qualquer homem que quiser pode atrair Sua atenção, mas ele pode fazer isso apenas mostrando-se digno desta Sua atenção. Ninguém deve temer que seus esforços passem despercebidos; tal lapso é impossível, pois o homem que se está devotando a um serviço como este, destaca-se do restante da humanidade como uma grande chama numa noite escura. Uns poucos destes grandes Adeptos, que ora trabalham pelo bem do mundo, desejam tomar como aprendizes aqueles que resolveram devotar-se completamente ao serviço da humanidade; tais Adeptos são chamados Mestres.
 
Um desses aprendizes foi Helena Petrovna Blavatsky – uma grande alma que foi enviada para oferecer conhecimento ao mundo cerca de quarenta anos atrás (1875). Junto com o Coronel Henry Steel Olcott ela fundou a Sociedade Teosófica para a disseminação deste conhecimento que ela devia dar. Entre aqueles que entraram em contato com ela naqueles velhos tempos estava A. P. Sinnett, o editor de The Pioneer, e seu agudo intelecto imediatamente captou a magnitude e a importância do ensino que ela lhe apresentou. Mesmo que Madame Blavatsky já tivesse antes escrito Ísis sem Véu, havia atraído apenas escassa atenção, e foi o Sr. Sinnett que primeiro tornou o ensino prontamente disponível aos leitores ocidentais com seus dois livros, The Occult World (O Mundo Oculto) e Esoteric Buddhism (Buddhismo Esotérico).
 
Foi através destes trabalhos que eu próprio primeiro vim a conhecer seu autor, e depois a própria Madame Blavatsky; de ambos aprendi muito. Quando perguntei a Madame Blavatsky como poderia aprender ainda mais, como se poderia fazer um progresso definido ao longo da Senda que ela nos apontou, ela me falou da possibilidade de outros estudantes serem aceitos como aprendizes pelos grandes Mestres, assim como ela mesma havia sido aceita, e que o único caminho de obter esta aceitação era mostrar-se digno dela pelo trabalho diligente e altruísta. Ela me disse que para atingir esta meta um homem deve ser absolutamente unidirecionado em sua determinação; que ninguém que tente servir Deus e Mammon jamais poderá esperar conseguir. Um destes mesmos Mestres disse: “A fim de conseguir, um discípulo deve deixar seu mundo e entrar no nosso”.
 
Isto significa que ele deve cessar de ser um na maioria que vive pela riqueza e poder, e deve juntar-se à diminuta minoria dos que não se importam nada com estas coisas, mas vivem somente a fim de devotar-se altruisticamente ao bem do mundo. Ela advertiu-nos claramente que o caminho era difícil de seguir, e que seríamos incompreendidos e vilipendiados por aqueles que ainda vivem no mundo, e não devíamos esperar senão o mais árduo dos trabalhos árduos; e ainda que o resultado seja assegurado, ninguém poderia prever quando seria atingido. Alguns de nós aceitaram estas condições alegremente, e em nenhum momento nos arrependemos de tal decisão.
 
Depois de alguns anos de trabalho eu tive o privilégio de entrar em contato com estes grandes Mestres de Sabedoria; d´Eles eu aprendi muitas coisas – entre outras, como verificar por mim mesmo em primeira mão a maioria dos ensinamentos que Eles haviam dado. De modo que, neste assunto, escrevo do que sei, e do que tenho visto por mim mesmo. Certos pontos são mencionados no ensino, pois para sua verificação são necessários poderes além de qualquer coisa que eu já tenha obtido. Deles, só posso dizer que são consistentes com o que já sei, e em muitos casos são necessários como hipóteses para amparar o que tenho visto. Eles me chegaram, junto com o resto do sistema Teosófico, com a autoridade destes poderosos Instrutores. Desde então eu tenho aprendido a examinar por mim mesmo a de longe maior parte do que me foi dito, e tenho descoberto que a informação dada a mim está correta em cada detalhe; portanto justifica-se que eu defenda a probabilidade de que aquela outra parte, a que eu ainda não posso verificar, também provará estar correta quando eu chegar naquele nível.
 
Obter a honra de ser aceito como um aprendiz de um dos Mestres da Sabedoria é o objetivo definido de cada estudante Teosófico sério. Mas significa um esforço definido. Sempre têm havido homens que estiveram desejosos de fazer o esforço necessário, e portanto sempre têm havido homens que souberam. O conhecimento é tão transcendente que quando um homem o incorpora plenamente se torna mais que um homem, e passa além de nosso alcance.
 
Mas há estágios na aquisição deste conhecimento, e podemos aprender muito, se quisermos, daqueles que também ainda estão em processo de aprendizagem; pois todos os seres humanos estão em um ou outro degrau na escada da evolução. O primitivo está na base; nós que somos civilizados já escalamos parte do caminho. Mas ainda que possamos olhar para trás e ver degraus da escada que já passamos, também podemos olhar para a frente e ver muitos degraus acima de nós que ainda não atingimos. Assim como existem homens que estão mesmo agora em cada um dos degraus abaixo de nós, por isso podemos ver os estágios pelos quais o homem subiu; assim também como há homens em cada degrau acima de nós, igualmente pelo estudo deles podemos ver como o homem subirá no futuro. Precisamente porque vemos homens em cada degrau desta escadaria, que conduz a uma glória que já não temos palavras para expressar, sabemos que a ascenção àquela glória nos é possível. Os que estão muito acima de nós, tão acima que nos aparecem como deuses em Seu maravilhoso conhecimento e poder, contam-nos que Eles até não muito tempo atrás estavam onde nós estamos agora, e Eles nos indicam claramente os passos que faltam, os que devemos dar se havemos de ser como Eles.
 

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