Quinto Subplano: O Terceiro

Enviado por Estante Virtual em qua, 14/12/2011 - 20:39

A característica principal deste subplano é a devoção manifestada em obras positivas. Por exemplo, o cristão neste subplano, em vez de se encontrar em extática adoração de seu Salvador, considera-se a si mesmo como se fosse pelo mundo trabalhar em seu favor, difundindo seus ensinamentos.

O quinto subplano é o da realização dos anseios, aspirações e projetos não realizados na terra, acerca de associações inspiradas pela devoção religiosa que tem usualmente por objeto um propósito filantrópico. Convém advertir que conforme vamos ascendendo no mundo mental, há maior complexidade e variedade, de sorte que, se bem que cabe assinalar a característica dominante neste subplano, observam-se muitas variedades e exceções que diferem da característica fundamental.

Um caso típico, embora algo superior ao termo médio, foi o de um indivíduo que estava traçando um grande plano para melhorar as condições de vida das classes inferiores da sociedade. Conquanto fosse homem profundamente religioso, compreendia que o primeiro passo ao tratar com o pobre, era o melhoramento de suas condições materiais; e o plano que no momento projetava em sua vida celeste com feliz êxito e especial atenção a todos os pormenores, já lhe havia preocupado a mente durante a última vida terrena, onde não pôde nem sequer tentar realizá-lo.

O plano consistia em que se contasse com enormes riquezas, ele adquiriria ou realizaria um tipo de negócio do qual só se ocupavam três ou quatro casas, e economizaria deste modo os gastos de propaganda e publicidade a que obriga a competição comercial e industrial, com o que poderia vender os produtos sem alteração de preços e aumentar o salário dos trabalhadores. Também formava parte de seu plano a aquisição de terrenos para edificar casas baratas com seu correspondente jardim para habitação dos operários que, ao fim de determinados anos de serviço, teriam direito de participar dos benefícios do negócio e ter assim um subsídio seguro em sua velhice.

Mediante a realização deste plano esperava o filantropo demonstrar ao mundo que o cristianismo tinha um aspecto eminentemente prático, e também esperava converter os operários incrédulos ou cépticos, movidos por um agradecimento ao benefício recebido.

Outro caso análogo foi o de um príncipe hindu cujo ideal na terra fora o heróico rei Rama, em cujo templo procurou modelar sua conduta e seus métodos de governo. Sem dúvida, durante seu reinado ocorreram acidentes adversos e fracassou a maior parte de seus planos; porém na vida celeste todos tiveram êxito, e todos os resultados possíveis corresponderam aos esforços bem intencionados, ao passo que Rama os auxiliava e recebia adoração de todos os devotos vassalos do príncipe.

Um curioso e comovedor exemplo de uma obra religiosa pessoal foi o de uma mulher que fora monja de uma ordem ativa e não da de clausura.

Evidentemente ela amoldara sua conduta ao texto evangélico que diz:

"Quanto fizestes ao menor destes meus irmãos, a mim o fizestes". E no quinto subplano continuava praticando ainda em toda a plenitude as exortações de seu Senhor, sempre ocupada em cuidar do enfermo, dar de comer ao faminto e vestir o nu, com a particularidade de que os seus misteres assumiam o aspecto do Cristo, a quem ela então adorava com fervente devoção.

Outro caso instrutivo foi o de duas irmãs que na vida terrena tinham sido intensamente religiosas; uma delas esteve inválida durante toda a sua vida, e a outra dedicou-se a cuidar dela. Ambas haviam tratado muitas vezes da obra religiosa e caritativa que teriam podido fazer se fossem capazes. No quinto subplano cada uma delas é a figura principal no céu da outra, pois a inválida está boa e sã, e ambas se imaginam levando a cabo a grande obra que idealizaram na terra. Este foi um formosíssimo exemplo da tranqüila continuidade da vida no caso de pessoas com propósitos inegoístas, pois a única diferença que ocasionou a morte física foi a eliminação da invalidez e a facilidade da obra que até então havia sido impossível.

Também acha expressão no quinto subplano a sincera e devota atividade missionária. Por certo, o comum e ignorante fanático não chega a este nível; mas alguns casos excepcionais, como o de Livingstone, se acham no quinto subplano ocupados na tarefa de converter à sua religião multidão de pessoas.

Um dos casos mais interessantes deste tipo foi o de um maometano que se imaginava estar trabalhando zelosamente pela conversão do mundo cujos governos aceitavam os princípios fundamentais do Islam.

Parece que em certas condições também a aptidão artística acha sua manifestação neste subplano. No entanto, convém assinalar uma distinção.

O artista cujo único anelo é a fama pessoal, o que habitualmente dá lugar a sentimentos de inveja profissional, não atualiza energias capazes de levá-lo ao mundo mental. Pelo contrário, os eminentes artistas que consideram sua arte como uma potentíssima força que se lhes confiou para o aperfeiçoamento espiritual de seus semelhantes, manifestar-se-ão em subplanos superiores ao quinto do plano mental. Mas entre ambos os extremos há artistas que cultivam a arte pela arte ou a consideram como uma oferenda à divindade, sem pensar no efeito que possa causar sua obra nas pessoas, e alguns destes artistas podem encontrar seu céu no quinto subplano.

Exemplo disso nos oferece o caso de um músico de temperamento muito religioso, que considerava toda a sua obra de amor e como uma oferenda ao Cristo, e nada sabia do grandioso concerto de sons e cores que suas inspiradas composições produziam na matéria do mundo mental. Mas seu entusiasmo não era estéril, porque sem se aperceber disso, ele infundia alegria e prestava auxílio a muitas almas, do que derivava o incremento de sua devoção e de sua aptidão musical no próximo nascimento, mas sem a intensa aspiração ao benefício da humanidade, essa classe de vida celeste poderia repetir-se quase indefinidamente.

Com efeito, se ponderarmos sobre os três subplanos de que temos tratado, veremos que em todos os casos se nota a devoção a uma personalidade, seja um parente, um amigo ou a um deus, bem mais que o sentimento de amor à humanidade, que encontra expressão no quarto subplano.

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