Auxiliares Invisíveis

Submitted by Estante Virtual on Wed, 12/14/2011 - 16:40

O estudante das páginas precedentes terá percebido, a esta altura, que os casos de “intervenção” de agentes invisíveis nos assuntos humanos, que ocorrem de tempos em tempos, e que são naturalmente bastante explicados, racional e simplesmente, por alguém que entenda alguma coisa do plano astral e de suas possibilidades.

No Oriente, a existência de “auxiliares invisíveis” sempre foi reconhecida; mesmo na Europa tivemos as velhas histórias gregas da interferência dos deuses nos negócios humanos, e a lenda romana de Castor e Pollus guiou a legião da república nascente na Batalha do Lago de Regillus. Nos tempos medievais havia muitas histórias de santos que apareciam em momentos críticos e mudavam a sorte em favor das hostes cristãs – tal como São Tiago liderando as tropas espanholas – e os anjos da guarda que às vezes salvavam um viajante de sérios perigos e mesmo da morte.

Auxílio pode ser dado aos homens por várias classes de habitantes do plano astral. Ele pode vir de espíritos-da-natureza, de devas, dos fisicamente mortos, ou daqueles que, embora ainda fisicamente vivos, podem funcionar livremente no plano astral.

Os casos nos quais o auxílio aos homens é dado por espíritos-da-natureza são poucos. Os espíritos-da-natureza evitam os redutos do homem, detestando suas emanações, sua azafama, sua inquietação. Também, a não ser os de ordem mais alta, são geralmente inconseqüentes e impensados, mais se parecendo a crianças descuidadas que brincam do que as entidades sérias e responsáveis. Em geral não se pode confiar neles para nada que represente firme cooperação nessa classe de trabalho, embora um deles ocasionalmente se, torne apegado a um ser humano e lhe preste bons serviços.

O trabalho do Adepto ou Mestre se desenvolve principalmente nos subplanos superiores do plano mental, onde Ele pode influenciar a verdadeira individualidade dos homens, e não a mera personalidade, que é tudo quanto pode ser alcançado nos mundos astral e físico. Raramente, contudo, o Adepto acha necessário, ou desejável, trabalhar num plano tão baixo quanto o astral.

A mesma consideração pode ser feita a propósito dos devas, sendo que os dessa classe de entidade, que às vezes respondem aos apelos e às súplicas mais altas do homem, trabalham antes no plano mental do que no astral ou físico e, mais freqüentemente, em períodos entre encarnações do que durante a existência física..

Auxílios vêm, às vezes, dos que tiveram morte física recente e ainda permanecem em íntimo contato com os negócios terrenos. O estudante perceberá facilmente, contudo, que o volume de tal auxílio deve ser, na natureza das coisas, excessivamente limitado, porque as pessoas menos egoístas e prestativas são as que menos provavelmente são encontradas depois da morte detendo-se, em integral consciência, nos níveis inferiores do plano astral, aos quais a terra se faz mais acessível.

Ademais, para que uma pessoa morta possa influenciar outra que está fisicamente viva, ou esta última deve ser de uma sensitividade fora do comum ou o auxiliar deve possuir um certo conhecimento e habilidade. Tais condições, como é evidente, raramente são encontradas.

Segue-se, então, que presentemente o trabalho de auxilio nos planos mental e astral inferiores está principalmente em mãos dos discípulos dos Mestres e de quaisquer outros que tenham evoluído o bastante para funcionar conscientemente nesses dois planos.

Variada como é essa classe de trabalho no plano astral, todo ele é dirigido naturalmente para impulsionar a evolução. Ocasionalmente está vinculado com o desenvolvimento dos reinos inferiores, o elemental, bem como o vegetal e o animal, desenvolvimento esse que pode ser acelerado sob certas condições. Na verdade, em alguns casos é apenas através da conexão com o homem ou com o uso do homem que o progresso desses reinos inferiores tem lugar. Assim, por exemplo, um animal pode individualizar-se somente através de certas classes de animais que foram domesticados pelo homem.

A mais importante parte do trabalho é se relacionar de uma forma ou outra com a humanidade, principalmente com o seu desenvolvimento espiritual; não obstante, algumas vezes também se dá ajuda puramente física.

No livro clássico sobre o assunto, Auxiliares Invisíveis, de C. W. Leadbeater, alguns exemplos típicos de intervenção física são dados. Às vezes um auxiliar invisível, com sua visão mais ampla, pode perceber o perigo que está ameaçando alguém e imprimir a idéia na pessoa ameaçada, ou sobre um amigo que irá ajudá-la. Dessa maneira, naufrágios têm sido às vezes evitados. Em outras ocasiões, o auxiliar pode materializar-se ou ser materializado por um auxiliar mais experiente, de forma suficiente para afastar alguém do perigo, como, por exemplo, tirar uma criança de um edifício em chamas, evitar que alguém tombe num precipício, reconduzir ao lar crianças perdidas, e assim por diante. Temos o exemplo de um auxiliar que, encontrando um menino que tombara sobre um rochedo e tivera uma artéria cortada, foi materializado para que pudesse atar um ligadura e assim deter a hemorragia, que, de outra forma, teria sido fatal, e, ao mesmo tempo, outro auxiliar levou à mente da mãe o perigo em que se encontrava o filho, conduzindo-a então ao lugar do acidente.

Pode-se perguntar como uma entidade astral se torna consciente de um grito ou de um acidente físico. A resposta é que aquele grito, trazendo em si sentimento ou emoção muito forte, produz efeito sobre o plano astral e dá ali exatamente a mesma idéia que daria no plano físico. No caso de um acidente, o ímpeto de emoção causado pela dor ou pelo medo arde como uma grande luz e não poderia deixar chamar a atenção de uma entidade astral que estivesse por perto.

A fim de levar um corpo astral à necessária materialização, de forma que atos puramente físicos possam ser realizado, um conhecimento do método usado para isso é claramente essencial.

Há três variedades definidas de materialização: ( 1 ) a que é tangível, embora não visível aos olhos físicos comuns. Nas sessões espíritas esta é a espécie mais comum e é usada para mover pequenos objetos e para a “voz direta”. Um tipo de matéria é usada, matéria que não pode refletir nem obstruir a luz, mas que sob certas circunstancias pode ser usada para produzir sons. Uma variedade dessa classe é a que pode afetar alguns raios ultravioletas, dando assim possibilidade de serem feitas “fotografias-de-espiritos”. ( 2 ) A que é visível, mas não é tangível. ( 3 ) A materialização perfeita, que é tanto visível como tangível. Muitos espíritas estão familiarizados com estes três tipos.

Tais materializações, conforme aqui estamos considerando, são realizadas por um esforço da vontade. Esse esforço, dirigido para a matéria que se modifica de seu estado natural para outro, estará temporariamente opondo-se à vontade cósmica, por assim dizer. O esforço deve ser mantido todo o tempo, porque, se a mente se afastar por meio segundo que seja, a matéria foge e retorna à sua condição original, como o clarão de um relâmpago.

Nas sessões espíritas, uma materialização completa é produzida pela utilização de matéria dos corpos físicos e etéricos do médium e também da dos presentes. Em tais casos, é claro que uma conexão muito intima se instala entre o médium e o corpo materializado. A significação de tal coisa será considerada mais adiante.

No caso do auxiliar treinado, que acha necessário produzir uma materialização temporária, um outro método, bem diferente, é usado. Discípulo algum de um Mestre jamais teria permissão para impor tal tensão em corpo alheio, como ocorreria se a matéria desse corpo fosse usada para a materialização; nem, realmente, tal plano seria necessário. Um método muitíssimo menos perigoso é o de condensar éter circundante ou mesmo do ar físico, a quantidade de matéria que seja necessária. Esse trabalho, embora sem dúvida alguma fora do poder da entidade média que se manifesta numa sessão, não apresenta dificuldade para o estudante de química oculta.

Num caso dessa natureza, embora tenhamos a reprodução exata do corpo físico, ele é criado pelo esforço mental e de matéria inteiramente estranha ao corpo. Conseqüentemente, o fenômeno conhecido como repercussão não poderia ter lugar, como pode acontecer quando uma forma é materializada com matéria retirado do corpo de um médium.

Um dano feito a uma forma materializada por um auxiliar pela repercussão do que um homem pode ser afetado por um dano feito a uma estatua de mármore que o reproduza.

Mas, no plano astral, se alguém for insensato bastante para pensar que um perigo referente ao físico - por exemplo, um objeto que cai – pode lesar alguém, um dano ao corpo físico, através de repercussão, é possível.

O assunto repercussão é abstruso e difícil, e ainda assim de forma alguma compreendido. A fim de compreendê-lo perfeitamente, é provável que fosse necessário compreender as leis da vibração simpática não só em um, mas em outros planos.

Não há qualquer dúvida quanto ao estupendo poder da vontade sobre a matéria de todos os planos, de forma que só se o poder da vontade for suficientemente forte, na verdade, qualquer resultado pode ser produzido por sua ação direta, sem qualquer conhecimento ou mesmo pensamento por parte da pessoa que exerce a vontade tal como ela é para fazer seu trabalho.

Não há limite para o grau até o qual a vontade pode ser desenvolvida.

Esse poder se aplica no caso de materialização, embora seja uma arte que deve ser apreendida como qualquer outra. Um homem mediano do plano astral não seria mais capaz de materializar-se sem ter previamente apreendido como fazê-lo do que o homem mediano deste plano seria capaz de tocar violino sem ter previamente tomado as lições necessárias.

Há, contudo, casos excepcionais quando intensa simpatia e firme deliberação capacita uma pessoa a efetuar uma materialização temporária, mesmo que não saiba conscientemente como fazê-la.

Vale a pena notar que esses raros casos de intervenção física por parte de um auxiliar astral são com freqüência realizados em virtude de um vinculo kármico entre o auxiliar e a pessoa auxiliada. Desta forma, velhos serviços são reconhecidos e as bondades recebidas numa vida são pagas numa vida futura, mesmo pelos métodos pouco comuns que descrevemos.

Nas grandes catástrofes, quando muitas pessoas são mortas, às vezes é permitido que uma ou duas pessoas sejam “milagrosamente” salvas, porque acontece que não é de seu “Karma” morrer então, isto é, elas não devem à Lei Divina coisa alguma que precise ser paga daquela maneira particular.

Muito ocasionalmente, assistência física é dada a seres humanos, mesmo por um Mestre.

C. W. Leadbeater descreve um caso que aconteceu com ele próprio. Caminhando ao longo de uma estrada, ele ouviu subitamente a voz de seu instrutor hindu, que no momento estava fisicamente a 7000 milhas de distancia, gritando: “Salte para trás!” Ele deu violento salto para a retaguarda exatamente quando o pesado tubo de uma chaminé de metal estourou sobre o pavimento, a menos de um metro diante dele.

Outro caso notável é registrado, a propósito de uma senhora que se via em sério risco no meio de perigoso motim de rua e que foi subitamente retirada da multidão e colocada, sem qualquer dano, numa travessa da rua, que estava vazia. Seu corpo deve ter sido erguido diretamente sobre as casas medianeiras e colocado no pavimento da rua próxima. Provavelmente um véu de matéria etérica foi atirado sobre ela, durante a passagem, de forma que não fosse visível ao passar pelo ar.

Através de uma consulta aos capítulos de A Vida Depois da Morte, temos a evidencia de que há um amplo terreno para o trabalho dos auxiliares invisíveis entre as pessoas que morrem. A maioria delas está em condição de completa ignorância quanto à vida depois da morte, e muitas, pelo menos nos paises ocidentais, estão também aterrorizadas com a perspectiva do “inferno”e da “danação eterna” e há muito que fazer para esclarecer as pessoas quanto ao seu verdadeiro estado e sobre a natureza do mundo astral no qual se encontram.

O trabalho principal feito pelo auxiliar invisível é o de acalmar e confortar os mortos recentes, libertando-os sempre que possível do terrível, embora desnecessário, medo que com tanta freqüência os assalta, e não só lhes causa muito sofrimento como retarda seu progresso para esferas mais altas, bem como capacitando-os, tanto quanto se pode, a compreender o futuro que têm pela frente.

Disseram que esse trabalho foi, em períodos remotos, atendido exclusivamente por uma alta classe de entidades não-humanas. Mas há algum tempo, os seres humanos que podem funcionar conscientemente no plano astral têm tido o privilégio de dar assistência a essa tarefa de amor.

Nos casos em que a reestruturação do corpo astral pelo elemental de desejo teve lugar, um auxiliar astral pode romper essa reestruturação e restaurar o corpo astral em sua condição anterior, de forma que a pessoa morta tome conhecimento de todo o plano astral e não apenas de um de seus subplanos.

Outros que tem estado por mais tempo no plano astral podem também receber auxílio sob a forma de explicações e conselhos enquanto fazem seu curso através dos diferentes estágios. Assim, eles podem ser avisados do perigo e retardamento causados pela tentativas de se comunicarem com os vivos por intermédio de um médium e, às vezes, embora isso se dê raramente, uma entidade já atraída para o círculo espírita pode ser guiada para uma vida mais alta e mais saudável. A memória de tal ensinamento não pode naturalmente ser levada direta para a encarnação seguinte, mas sempre permanece o real conhecimento interior e, portanto, uma forte predisposição para aceitar tais ensinamentos imediatamente, quando os ouvirem de novo, na nova vida.

Alguns dos recentemente falecidos vêem-se no plano astral como realmente são e sentem-se portanto cheios de remorsos. Aqui o auxiliar pode explicar que o passado é passado, que o único arrependimento que vale a pena é resolver agir melhor para o futuro, e que cada homem deve tomar a si próprio tal como é, e com firmeza trabalhar pelo progresso, levando uma vida mais autëntica no futuro.

Outros, por sua vez, sentem-se perturbados pelo desejo de reparação por algum dano que praticaram quando na terra e querem tranqüilizar sua consciência revelando um segredo que os desacredita e que zelosamente guardaram; dizer qual é o esconderijo de dinheiro ou papéis importantes, e assim por diante. Em alguns casos é possível para o auxiliar intervir de alguma forma no plano físico e assim satisfazer o morto. Mas na maioria dos casos, o máximo que ele pode fazer é explicar que agora é tarde demais para tentar uma reparação, sendo portanto inútil sofrer por esse acontecimento, e persuadi-lo a abandonar seus pensamentos terrenos, que o mantêm preso ao chão da terra e fazer de sua nova vida o melhor que puder.

Imensa quantidade de trabalho é também feita para os vivos, levando bons pensamentos nas mentes dos que estão em condições de recebê-los.

Seria muitíssimo fácil – fácil a um ponto de parecer incrível para os que não compreendem praticamente o assunto – um auxiliar dominar a mente de um homem mediano e levá-lo e pensa exatamente como o auxiliar entendesse, sem despertar suspeitas de influência externa sobre a mente da pessoa. Tal procedimento todavia seria inteiramente inadmissível. Tudo quanto pode ser feito é atirar o bom pensamento à mente da pessoa, entre os milhares que estão constantemente surgindo nela, e esperar que a pessoa o receba, se faça dono dele, e aja de acordo.

Assistência muito variada pode ser oferecida dessa maneira. Consolação é com freqüência dada aos que estão desgostosos ou doentes; reconciliações são tentadas entre os que têm estado separados por conflito de opiniões ou interesses; ansiosos pesquisadores da verdade são guiados para ela; quase sempre é possível dar solução a algum problema espiritual ou metafísico da mente de alguém que tem pensado ansiosamente nele. Conferencistas podem ser ajudados com sugestões e ilustrações que são materializadas em matéria mais sutil diante de quem fala, ou impressas em seu cérebro.

Um auxiliar invisível habitual depressa adquire alguns “pacientes”que ele visita toda a noite, tal como um médico da terra faz sua ronda habitual entre seus pacientes. Cada trabalhador se torna, assim, o centro de um pequeno grupo, o líder de uma turma de auxiliares para os quais ele sempre encontra trabalho. No mundo astral o trabalho pode ser encontrado para qualquer número de trabalhadores, e quem quer que o deseja – homem, mulher, criança – pode ser um deles.

Um discipulo pode ser, com freqüência, empregado como agente naquilo que virtualmente representa resposta às preces. Embora seja verdade que qualquer desejo espiritual sincero, tal como o que pode ser expresso na oração, é uma força que traz automaticamente algum resultado, também é um fato que tal esforço espiritual oferece uma oportunidade para a influência dos Poderes do Bem. Um auxiliar bem intencionado pode, assim, tornar-se o canal através do qual a energia é transportada. Isto é verdadeiro no que se refere à meditação, e amplamente aplicável.

Em alguns casos o auxiliar é tomado como o santo ao qual o suplicante rezou, e há muitas histórias para ilustrar isso.

Discípulos que estão preparados para o trabalho são empregados também para sugerir pensamentos verdadeiros e belos a autores, poetas, artistas e músicos.

Às vezes, embora mais raramente, é possível avisar pessoas sobre o perigo de alguma atividade a que se estão entregando, sobre seu desenvolvimento moral, afastar a má influência de alguma pessoa ou lugar, ou neutralizar as maquinações dos magos negros.

Há tanto trabalho para os auxiliares invisíveis no plano astral que se faz enfático o dever, para o estudante, de preparar-se, por todas as maneiras ao seu alcance, para assisti-los em sua atuação. O trabalho dos auxiliares invisíveis não seria feito a não ser que houvesse discípulos no estágio em que esse é o melhor trabalho que podem fazer. Assim que passem para além desse estágio em que esse é o melhor trabalho que podem fazer. Assim que passem para além desse estágio e possam fazer trabalho superior, com certeza lhes será dado esse trabalho superior.

Devemos ter em mente que, quando o poder e o treinamento são dados a um auxiliar, eles lhe são dados sob restrições. Jamais ele deve usá-los egoisticamente, jamais deve exibi-los para satisfazer curiosidades, jamais deve empregá-los para espionar negócios alheios, jamais dar o que as sessões espíritas chamam testes, isto é, ele nada deve fazer que possa ser provado como fenômeno no mundo físico. Pode levar mensagem a um morto, mas não pode, a não ser que tenha ordens diretas de seu Mestre para isso, levar de volta uma reposta do morto para os vivos. Assim, a turma de auxiliares invisíveis não é o escritório de um detetive nem um centro astral de informações, mas pretende apenas fazer simples e caladamente o trabalho que lhe é confiado ou que surge no seu caminho.

Um estudante de ocultismo, à proporção que progride, em lugar de dar assistência apenas a indivíduos, aprende a tratar com classes, nações e raças. Conforme adquire os poderes exigidos e o conhecimento, começa a manipular as forças maiores do akasa e a luz astral, e mostram-lhe como obter o máximo possível de cada influência cíclica favorável. É levado a relacionar-se com os grandes Nirmanakayas, e torna-se um de Seus esmoleres, aprendendo como empregar as forças, que são o fruto do Seu sublime auto-sacrifício.

Não há mistérios nas qualificações necessárias para quem aspira a ser um auxiliar; até um certo ponto elas já foram descritas, mas pode ser útil expô-las ampla e categoricamente:

(1) Unidade de propósito, às vezes chamada mente em uma só direção ou concentração. O aspirante deve fazer do trabalho de ajudar terceiros o seu primeiro e principal dever. O trabalho que o Mestre lhe destinar deve ser o grande interesse de sua vida.

Ademais, é necessário saber discernir, não só entre trabalho útil e inútil, mas, também, entre as diferentes espécies de trabalho útil. Economia de esforço é a lei primeira do ocultismo, e todo estudante deve devotar-se ao trabalho mais alto que puder realizar. É também essencial que o estudante faça o máximo do que estiver ao seu alcance, no plano físico, para favorecer os mesmos grandes fins de ajuda a seus semelhantes.

(2) Autocontrole.- Isto compreende controle completo do temperamento, de forma que nada visto ou ouvido possa causar irritação real, porque as conseqüências de tal irritação seriam mais sérias no plano astral do que no plano físico. Se um homem com a faculdade inteiramente despertada no plano astral sentisse cólera contra uma pessoa daquele plano, iria causar-lhe sério e talvez fatal dano. Qualquer manifestação de irritabilidade, de excitação ou impaciência no mundo astral faria imediatamente do auxiliar um objeto apavorante, de forma que aqueles a quem desejasse ajudar fugiriam dele, aterrorizados.

Registrou-se um caso em que o auxiliar invisível se colocou num tal estado de excitação que seu corpo astral cresceu imensamente em tamanho, vibrando violenta e irradiantemente cores flamejantes. A pessoa recentemente falecida que ele esperava ajudar, ficou horrorizada ao ver aquela esfera enorme, ardente, flamejante, aproximando-se dela; tomou-a pelo demônio teológico em pessoa, e fugiu aterrorizada; seu terror aumentou ao ver que o suposto auxiliar a perseguia persistentemente.

Alem disso, o controle nervoso é essencial, de forma que nada do que surja como visão fantástica ou terrível possa abalar a intrepidez do estudante. Como ficou dito antes, para que sejam seguros desse controle dos nervos, para que se tornem adequados para o trabalho a ser feito, é que os candidatos, hoje como nos velhos dias, são sempre levados a passar pelo que chamam testes da terra, da água, do ar e do fogo.

O estudante tem de compreender que no corpo astral a rocha mais densa não oferece impedimento à sua liberdade de movimentação, que ele pode saltar impunemente dos mais altos rochedos, mergulhar com absoluta confiança no coração de um vulcão em fúria, ou nos mais profundos abismos dos insondáveis oceanos. Essas coisas devem ser bem compreendidas pelo estudante, para que ele possa agir confiante e instintivamente.

É necessário, também, o controle da mente e do desejo. Da mente, porque sem o poder de concentração seria impossível fazer bom trabalho; do desejo, porque, no mundo astral, desejar é, com freqüência, ter, e, a não ser que o desejo seja bem controlado, o estudante pode enfrentar criações nascidas de si próprio e das quais se envergonharia profundamente.

( 3 ) Calma. – Isto significa ausência de aflição e depressão. Grande parte do trabalho consistindo em acalmar os perturbados e animar os tristes, está claro que o auxiliar não poderia fazer tal coisa se a sua aura estivesse constantemente vibrando, agitada e aflita, ou coberta pelo tom cinzento da depressão. A visão otimista de tudo está sempre mais próxima da visão divina, portanto da verdade, porque só o bom e o belo podem ser permanentes, enquanto o mal, por sua própria natureza, é temporário. Calma inabalável leva a uma serenidade jubilosa, e faz a depressão impossível.

Como dissemos antes, a depressão é terrivelmente contagiosa, e deve ser inteiramente eliminada por aqueles que pretendam tornar-se auxiliares invisíveis. Essas pessoas devem caracterizar-se por sua absoluta serenidade sob todas as dificuldades possíveis e pela radiante alegria com que levam auxilio aos demais.

( 4 ) Conhecimento. – Quanto maior seja o conhecimento de um homem sobre todos os assuntos, mais útil ele será. Deve preparar-se, pois, pelo estudo cuidadoso de tudo quanto tem sido escrito sobre o plano astral na literatura oculta, porque não pode pretender que outros, cujo tempo já está integralmente tomado, usem um pouco desse tempo para lhe explicar o que ele poderia ter aprendido por si mesmo, no mundo físico, dando-se ao trabalho de ler livros.

Não há talvez, no trabalho de um ocultista, espécie alguma de conhecimento que não tenha uso par o trabalho.

( 5 ) Amor.- Esta, a última e a maior das qualificações, também é a menos compreendida. Podemos dizer, enfaticamente, que não se trata de sentimentalismo molóide, transbordando em vagas e alvoroçadas generalidades que temem manter-se firmes ao lado do direito para não serem tomadas pelos ignorantes como “pouco fraternas”. O que se deseja é amor bastante forte para agir sem falar nele próprio, é o intenso desejo de servir, que está sempre alerta para a oportunidade de fazê-lo, mesmo que o prefira realizar anonimamente. É o sentimento que sobe do coração de quem compreendeu o grande trabalho do Logos e, desde que o viu, sabe que para ele não pode haver, nos três mundos, outra atividade a não ser a de identificar-se com ele até o limite máximo de sua capacidade, mesmo que seja de uma forma humilde de converter-se num canal minúsculo para aquele estupendo amor de Deus, que, como a Paz de Deus, ultrapassa todo entendimento.

Devemos recordar que duas pessoas no plano astral, para se comunicarem astralmente uma com a outra, precisam ter uma linguagem comum. Portanto, quanto maior número de línguas um auxiliar do plano astral conheça, mais útil ele será.

O padrão estabelecido para um Auxiliar Invisível não é impossível. Ao contrário, pode ser obtido por todos os homens, embora possa tomar-lhes tempo. Todos conhecem algum caso de desgosto ou angústia, seja entre vivos ou entre mortos; isso não importa. Ao prepararmo-nos para dormir, devemos tomar a resolução de fazer o possível, enquanto adormecidos e usando o corpo astral, para ajudar aquela pessoa. Se a lembrança do que foi feito penetra ou não na consciência desperta, é coisa sem importância. Podemos ter certeza de que algo foi conseguido, e algum dia, mais cedo ou mais tarde, teremos a prova de que o sucesso existiu.

Com a pessoa que está inteiramente desperta no plano astral, o último pensamento antes de adormecer importa menos, porque ela tem o poder de passar facilmente de um pensamento para outro, no mundo astral. Neste caso, o fio geral do seu pensamento é o fator importante, porque tanto durante o dia como durante a noite sua mente tenderá a movimentar-se da forma acostumada.

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