Capítulo 5 - A Constituição do Homem

Enviado por Estante Virtual em sex, 08/06/2012 - 19:10
O homem é portanto em essência uma Centelha do Fogo divino, pertencendo ao plano monádico. [A Presidente resolveu estabelecer agora um conjunto de nomes para os planos, de modo que no futuro estes serão usados em vez dos outro previamente empregados. Uma tabela deles é dada abaixo como referência.
 
 
Novos NomesAntigos Nomes
Mundo DivinoPlano Âdi
Mundo MonádicoPlano Anupâdaka
Mundo EspiritualPlano Âtmico ou Nirvânico
Mundo IntuicionalPlano Búdico
Mundo MentalPlano Mental
Mundo Emocional ou AstralPlano Astral
Mundo FísicoPlano Físico
 
Estes substituirão os nomes dados no Vol. II de A Vida Interna.
 
Para aquela Centelha, residindo todo tempo naquele mundo, damos o nome de “Mônada”. Para os propósitos da evolução humana a Mônada se manifesta nos mundos inferiores. Quando ela desce um estágio e entra no mundo espiritual, se mostra lá como o tríplice Espírito, possuindo três aspectos (exatamente como nos mundos infinitamente superiores a Deidade tem Seus Três Aspectos). Destes três - um permanece sempre naquele mundo, e o chamamos de Espírito no homem. O segundo aspecto se manifesta no mundo intuicional, e falamos dele como sendo a Intuição no homem. O terceiro se mostra no mundo mental superior, e o chamamos de Inteligência no homem. Estes três aspectos tomados juntos constituem o Ego que anima o fragmento saído da alma-grupo. Assim o homem como o conhecemos, mesmo que na verdade seja uma Mônada residindo no mundo monádico, mostra-se como um Ego no mundo mental superior, manifestando estes três aspectos de si mesma (Espírito, Intuição e Inteligência) através daquele veículo de matéria mental superior a que chamamos de corpo causal.
 
Este Ego é o homem durante o estágio humano de evolução; ele é a correspondência mais próxima, de fato, da concepção anti-científica comum sobre a Alma. Ele vive inalterado (exceto por seu crescimento) desde o momento da individualização até que a humanidade seja transcendida e mergulhada na divindade. Ele não é jamais afetado pelo que chamamos nascimento e morte; o que costumeiramente consideramos como sendo sua vida é só um dia de sua vida. O corpo que podemos ver, o corpo que nasce e morre, é uma roupa que ele veste para os propósitos de certa parte de sua evolução.
 
Tampouco este é o único corpo que ele assume. Antes que ele, o Ego no mundo mental superior, possa tomar um veículo pertencente ao mundo físico, deve fazer uma conexão com ele através dos mundos mental inferior e astral. Quando deseja descer ele reúne em torno de si um véu de matéria do mundo mental inferior, a que chamamos seu corpo mental. Este é o instrumento pelo qual pensa todos os seus pensamentos concretos – o pensamento abstrato sendo um poder do próprio Ego no mundo mental superior.
 
A seguir ele junta em seu redor um véu de matéria astral, a que chamamos seu corpo astral; e este é o instrumento de suas paixões e emoções, e ainda (em conjunção com a parte inferior de seu corpo mental) o instrumento de todos os pensamentos que são tingidos por egoísmo e sentimento pessoal. Somente depois de assumir estes veículos intermediários ele pode entrar em contato com o corpo físico de um bebê, e nascer no mundo que conhecemos. Ele vive através do que chamamos sua vida, adquirindo certas qualidades como resultado de suas experiências; e ao seu término, quando o corpo físico é abandonado, ele reverte o processo de descida e abandona um por um os veículos temporários que assumiu. O primeiro a ir-se é o corpo físico, e quando este é descartado, sua vida é centrada no mundo astral e ele vive em seu corpo astral.
 
A duração de sua estada naquele mundo depende da quantidade de paixão e emoção que ele desenvolveu em si nesta vida física. Se houver muito delas, o corpo astral é fortemente vitalizado, e persistirá por longo tempo; se houver pouco, o corpo astral tem menos vitalidade, e ele logo será capaz de por sua vez deixá-lo de lado. Quando isto é feito, ele se encontra vivendo em seu corpo mental. A sua força depende da natureza dos pensamentos aos quais se habituou, e usualmente sua estada neste nível é extensa. Então ela chega a um fim, e ele depõe por sua vez o corpo mental, e novamente o Ego está em seu próprio mundo.
 
Devido à falta de desenvolvimento, ele ainda está só parcialmente cônscio naquele mundo; as vibrações de sua matéria são rápidas demais para fazer qualquer impressão sobre ele, assim como os raios ultravioletas são rápidos demais para fazer qualquer impressão sobre nossos olhos. Depois de um repouso lá, ele sente o desejo de descer até um nível onde as ondulações lhe sejam perceptíveis, a fim de que possa sentir-se plenamente vivo; assim ele repete o processo de descida para dentro da matéria mais densa, e assume de novo um corpo mental, um astral e um físico. Como seus corpos anteriores já terão todos se desintegrado, cada um em seu tempo, estes novos veículos são inteiramente distintos dos outros, e assim ocorre que em sua vida física ele não tem qualquer lembrança das outras vidas semelhantes que a precederam.
 
Quando atua neste mundo físico ele lembra através de seu corpo mental; mas uma vez que há um novo, assumido só depois deste nascimento, naturalmente ele não pode conter nenhuma memória de nascimentos anteriores nos quais não teve parte alguma. O próprio homem, o Ego, relembra sim todos eles quando está em seu próprio mundo, e ocasionalmente uma recordação parcial ou influência deles se infiltra através de seus veículos inferiores. Usualmente ele não lembra, em sua vida física, das experiências de vidas pregressas, mas de fato manifesta na vida física as qualidades que aquelas experiências desenvolveram nele. Cada homem é portanto exatamente o que fez de si durante aquelas vidas passadas; se nelas ele tiver desenvolvido boas qualidades em si mesmo, ele agora as possui; se negligenciou em treinar-se, e conseqüentemente permitiu-se à fraqueza e má disposição, ele se encontrará precisamente nestas condições agora. As qualidades, boas ou más, com que nasce são aquelas que tiver construído para si mesmo.
 
Este desenvolvimento do Ego é o objetivo de todo o processo de materialização; ele assume aqueles véus de matéria precisamente porque através deles ele está apto para receber vibrações às quais pode responder, de modo que suas faculdades latentes possam ser assim desdobradas. Mesmo que o homem desça do alto para estes mundos inferiores, é só através desta descida que um pleno conhecimento dos mundos superiores se desenvolve nele. A consciência plena em qualquer dos mundos envolve o poder de perceber e responder a todas as vibrações daquele mundo; portanto o homem comum não tem ainda consciência perfeita em nenhum nível – nem mesmo em seu mundo físico que ele julga conhecer. É possível para ele desenvolver sua percepção em todos esses mundos, e é por meio desta consciência desenvolvida que observamos todos estes fatos que ora descrevo.
 
O corpo causal é o veículo permanente do Ego no mundo mental superior. Consiste de matéria da primeira, segunda e terceira subdivisões daquele mundo. Em pessoas comuns ele ainda não é totalmente ativo, sendo vivificada só a matéria que pertence à terceira subdivisão. À medida que o Ego desdobra suas potencialidades latentes através do longo curso de sua evolução, a matéria superior é gradualmente trazida à atividade, mas é só no homem aperfeiçoado a quem chamamos de Adepto que ela está desenvolvida até sua extensão máxima. Tal matéria pode ser distinguida pela visão clarividente, mas apenas por um vidente que saiba como usar a visão do Ego.
 
É difícil descrever um corpo causal completamente, porque os sentidos pertencentes a seu mundo são todos diferentes e mais elevados do que os nossos neste nível. A lembrança da aparência de um corpo causal como é possível a um clarividente trazê-la a seu cérebro físico é a imagem de um ovóide, que envolve o corpo físico do homem, estendendo-se até uma distância de cerca de quarenta e cinco centímetros a partir da superfície normal daquele corpo. No caso de um homem primitivo ele se assemelha a uma bolha, e dá a impressão de ser vazio. Na realidade é preenchido de matéria mental superior, mas como ainda não foi chamada à atividade permanece incolor e transparente. Com a continuidade do progresso gradualmente é posto em alerta pelas vibrações que lhe chegam dos corpos inferiores. Isso advém só lentamente, porque as atividades do homem nos primeiros estágios de sua evolução não têm um caráter que encontre expressão em matéria tão fina como a do corpo mental superior; mas quando um homem atinge o estágio onde ele é capaz de pensamento abstrato ou emoção altruísta a matéria do corpo causal é despertada em resposta.
 
Quando estes padrões ondulatórios são despertados nele mostram-se em seu corpo causal como cores, de modo que em vez de ser uma mera bolha transparente pouco a pouco se torna uma esfera cheia de matéria das mais adoráveis e delicadas tonalidades – um objeto cuja formosura está além de toda concepção. É comprovado pela experiência que estas cores têm um significado. A vibração que denota o poder de emoção altruísta se mostra como um rosa pálido; a que indica alto poder intelectual é amarela; a que expressa simpatia é verde, enquanto que o azul indica sentimento devocional, e um luminoso azul violáceo caracteriza a espiritualidade superior. O mesmo esquema de significados cromáticos se aplica aos corpos que são construídos de matéria mais densa, mas à medida que nos aproximamos do mundo físico os tons em cada caso são comparativamente mais grosseiros – não só menos delicados mas também menos vívidos.
 
No decurso da evolução nos mundos inferiores o homem freqüentemente introduz em seus veículos qualidades que são indesejáveis e inteiramente inadequadas para sua vida como Ego – tais como, por exemplo, o orgulho, a irritabilidade, a sensualidade. Esta, como o resto, são redutíveis a vibrações, mas são em todos os casos vibrações das subdivisões inferiores de seus respectivos mundos, e portanto não podem se reproduzir no corpo causal, que é construído exclusivamente de matéria das três subdivisões superiores de seu mundo. Pois cada seção do corpo astral atua fortemente sobre a seção correspondente do corpo mental, mas apenas sobre a seção correspondente; não pode influenciar nenhuma outra parte. Assim o corpo causal pode ser afetado só pelas três porções superiores do corpo astral; e as oscilações destas representam só boas qualidades.
 
O efeito prático disso é que o homem não pode construir no Ego (isto é, em seu Eu real) nada senão boas qualidades; as más qualidades que ele desenvolve são por natureza transitórias e devem ser descartadas à medida em que avança, porque ele já não tem em si matéria que as possa expressar. A diferença entre os corpos causais do selvagem e do santo é que no primeiro é vazio e incolor, e no segundo é cheio de matizes brilhantes e fulgurantes. Quando o homem passa para além mesmo da santidade e se transforma em um grande poder espiritual, seu corpo causal aumenta em tamanho, porque tem muito mais a expressar, e também começa a irradiar de si em todas as direções poderosos raios de luz viva. Em alguém que já tenha obtido o Adeptado este corpo é de enormes dimensões.
 
O corpo mental é construído de matéria das quatro subdivisões inferiores do mundo mental, e se expressa os pensamentos concretos do homem. Aqui também encontramos o mesmo esquema de cores que no corpo causal. Os tons são algo menos delicados, e percebemos um ou dois acréscimos. Por exemplo, um pensamento de orgulho se mostra como laranja, enquanto a irritabilidade é manifesta por um escarlate brilhante. Podemos ver aqui o marrom brilhante da avareza, o marrom acinzentado do egoísmo, e o verde acinzentado da falsidade. Aqui também vemos a possibilidade de uma mistura de cores; a afeição, o intelecto, a devoção podem ser tingidos pelo egoísmo, e neste caso suas cores distintivas são mescladas ao marrom do egoísmo, de modo que temos uma aparência impura e opaca. Mesmo que suas partículas estejam sempre em movimento rápido entre si, este corpo tem ao mesmo tempo uma espécie de frouxa organização.
 
O tamanho e formato do corpo mental são determinados pelos do veículo causal. Há nele certas estrias que o dividem mais ou menos irregularmente em segmentos, cada um deles correspondendo a certo departamento do cérebro físico, de modo que cada tipo de pensamento deveria funcionar através de sua posição devidamente designada. O corpo mental ainda é tão imperfeitamente desenvolvido nos homens comuns que há muitos em quem um grande número de departamentos especiais ainda não está em atividade, e qualquer tentativa de pensamento pertencente a estes departamentos tem de percorrer algum canal inadequado que já esteja completamente aberto. O resultado é que aquele pensamento sobre estes assuntos é para a maioria das pessoas confuso e incompreensível. Este é o porquê de algumas pessoas terem cabeça para a matemática e outras serem incapazes de somar corretamente – é a causa pela qual algumas pessoas instintivamente entendem, valorizam e desfrutam da música, enquanto outras não distinguem uma melodia da outra.
 
Toda a matéria do corpo mental deveria estar circulando livremente, mas algumas vezes o homem permite que seu pensamento sobre certo assunto se fixe e solidifique, então a circulação é impedida, e há uma congestão que logo endurece numa espécie de calosidade no corpo mental. Tal calosidade se manifesta aqui em baixo para nós como um preconceito; e até que seja completamente reabsorvido e a circulação restaurada, é impossível para o homem pensar com verdade ou ver com clareza no que diz respeito àquele departamento particular de sua mente, pois a congestão impede a livre passagem das vibrações tanto para fora como para dentro.
 
Quando um homem utiliza qualquer parte de seu corpo mental ele não só vibra mais rapidamente no momento, mas ainda temporariamente se expande e cresce em tamanho. Se houver um pensar prolongado sobre algum assunto este aumento se torna permanente, e assim é possível para o homem aumentar o tamanho de seu corpo mental seja ao longo de linhas desejáveis ou indesejáveis.
 
Bons pensamentos produzem vibrações na matéria mais fina do corpo, os quais por gravidade específica tendem a flutuar na parte superior do ovóide; onde haja maus pensamentos, como egoísmo e avareza, há sempre oscilações na matéria mais grosseira, que tendem a gravitar em direção à parte mais baixa do ovóide. Conseqüentemente o homem comum, que se permite não raramente a pensamentos egoístas de vários tipos, usualmente expande a parte inferior de seu corpo mental, e apresenta mais ou menos a aparência de um ovo com sua parte mais larga para baixo. O homem que tiver reprimido estes pensamentos vis, e tiver se devotado aos superiores, tende a expandir a parte superior de seu corpo mental, e portanto apresentará a aparência de um ovo com sua parte mais larga para cima. De um estudo das cores e estrias do corpo mental de um homem o clarividente pode perceber o seu caráter e o progresso que tiver feito em sua vida atual. A partir de características semelhantes no corpo causal ele pode ver quais progressos o Ego fez desde sua formação original, quando o homem deixou o reino animal.
 
Quando um homem pensa em qualquer objeto concreto – um livro, uma casa, uma paisagem – ele constrói uma pequena imagem do objeto na matéria de seu corpo mental. Esta imagem flutua na parte superior daquele corpo, usualmente defronte à face do homem e perto do nível dos olhos. Lá permanece enquanto o homem estiver contemplando o objeto, e usualmente por um breve tempo depois, cuja duração depende da intensidade e da clareza do pensamento. Esta forma é muito objetiva, e pode ser vista por outra pessoa, se esta tiver desenvolvido a visão de seu próprio corpo mental. Se um homem pensa em outro, ele cria um pequeno retrato exatamente da mesma maneira. Se seu pensamento é meramente contemplativo e não envolve sentimento (como afeto ou antipatia) ou desejo (como o de ver tal pessoa) o pensamento usualmente não afeta perceptivelmente o homem em que pensa.
 
Se associado ao pensamento sobre a pessoa houver um sentimento, como por exemplo de afeição, um outro fenômeno ocorre além da formação da imagem. O pensamento de afeição assume uma forma definida, que é construída de matéria do corpo mental do pensador. Por causa da emoção envolvida, ele recolhe ao seu redor também matéria de seu corpo astral, e assim temos uma forma astro-mental que se desprende do corpo em que foi gerada, e se move pelo espaço em direção ao objeto do sentimento ou afeição. Se o pensamento é suficientemente forte, a distância não faz qualquer diferença; mas o pensamento de uma pessoa comum normalmente é fraco e difuso, e assim não tem efeito fora de uma área limitada.
 
Quando esta forma-pensamento alcança o seu objeto descarrega-se em seu corpo astral ou mental, comunicando-lhes sua própria freqüência de vibração. Pondo em outros termos, um pensamento de amor enviado de uma pessoa para outra envolve a verdadeira transferência de certa quantidade de força e de matéria do emissor ao receptor, e seu efeito sobre o receptor é o de despertar o sentimento de afeição nele, e leve mas permanentemente aumentando seu poder de amar. Mas um tal pensamento também reforça o poder de afeição no pensador, e portanto faz um bem simultaneamente para os dois.
 
Todo pensamento constrói uma forma; se o pensamento for dirigido para outra pessoa, viaja até ela; se for nitidamente egoísta permanece nas imediações do pensador; se não pertence a nenhuma destas categorias, flutua por um tempo no espaço e então se desintegra lentamente. Todo homem está portanto deixando atrás de si por onde quer que vá um rastro de formas-pensamento; andando pela rua estamos todos caminhando em meio a um mar de pensamentos alheios. Se um homem deixa sua mente em branco por alguns momentos, estes pensamentos residuais de outros mergulham nela, na maior parte dos casos deixando apenas reduzida impressão nela. Às vezes algum chega que atrai sua atenção, de modo que sua mente o incorpora e o torna seu, reforça-o pela adição de sua própria força, e então o despede novamente para afetar alguém mais. Um homem, portanto, não é responsável por um pensamento que flutue em sua mente, porque pode não ser seu, mas de outrem; mas ele é responsável se o incorpora, se se fixa nele e o emite reforçado.
 
Pensamentos auto-centrados de qualquer tipo pairam em torno do pensador, e a maioria dos homens cerca seus corpos mentais com uma concha de pensamentos assim. Uma concha assim obscurece a visão mental e facilita a formação de preconceitos.
 
Cada forma-pensamento é uma entidade temporária. Representa como se uma bateria carregada, esperando uma oportunidade de descarregar-se. Sua tendência é sempre reproduzir sua própria freqüência de vibração no corpo mental que a incorpora, e assim desperta nele um pensamento semelhante. Se a pessoa a quem é dirigido estiver por acaso ocupada ou já engajada em alguma seqüência definida de pensamento, as partículas de seu corpo mental já estarão vibrando em determinada freqüência, e de momento não podem ser afetadas de fora. Neste caso a forma-pensamento espera, pairando perto do seu objetivo até que ele esteja suficientemente repousado para permitir sua entrada; então descarrega-se nele, e com este ato deixa de existir.
 
O pensamento auto-centrado se comporta exatamente do mesmo modo a respeito de seu gerador, e descarrega-se sobre ele quando a oportunidade se oferece. Se for um mau pensamento, ele geralmente o considera como a sugestão de um demônio tentador, quando na verdade ele tenta a si mesmo. Usualmente cada pensamento definido cria uma forma-pensamento nova; mas se uma forma-pensamento da mesma natureza já estiver pairando em torno do pensador, sob certas circunstâncias um novo pensamento no mesmo assunto, em vez de criar uma nova forma, funde-se com a antiga e a reforça, de modo que uma longa ruminação sobre o mesmo assunto cria às vezes uma forma-pensamento de tremendo poder. Se o pensamento for mau, tal forma-pensamento pode tornar-se uma verdadeira influência maligna, perdurando talvez por muitos anos, e tendo durante algum tempo toda a aparência e poderes de uma entidade viva real.
 
Todos estes descritos são os pensamentos comuns não premeditados do homem. Um homem pode fazer uma forma-pensamento intencionalmente, e endereçá-la a outrem no intuito de ajudá-lo. Esta é uma das linhas de atividade adotadas por aqueles que desejam servir a humanidade. Uma constante corrente de poderoso pensamento dirigida com inteligência para outra pessoa pode ser da maior valia para ela. Uma forte forma-pensamento pode ser um verdadeiro anjo-da-guarda, e proteger seu objeto da impureza, da irritabilidade ou do medo.
 
Uma interessante ramificação deste assunto é o estudo das várias formas e cores assumidas pelas formas-pensamento de vários tipos. As cores indicam a natureza do pensamento, e estão de acordo com aquelas que já descrevemos como existentes nos corpos. As formas são duma variedade infinita, mas freqüentemente são de algum modo típicas da espécie de pensamento que expressam.
 
Cada pensamento de caráter definido, como um pensamento de afeição ou ódio, de devoção ou suspeita, de raiva ou medo, ou orgulho ou ciúme, não só cria uma forma mas igualmente irradia uma vibração. O fato de que cada um destes pensamentos é expresso por uma certa cor indica que o pensamento se expressa como uma oscilação da matéria de certa parte do corpo mental. Esta freqüência de oscilação se transmite para a matéria mental circundante precisamente do mesmo jeito que as vibrações de um sino se transmitem ao ar circundante.
 
Esta radiação se move em todas as direções, e onde quer que se imprima em outro corpo mental que esteja em uma atitude passiva ou receptiva, comunica a ele algo de sua própria vibração. Isso não veicula uma idéia completa definida, como o faz a forma-pensamento, mas tende a produzir um pensamento do mesmo caráter que o seu. Por exemplo, se o pensamento for devocional suas ondulações suscitarão devoção, mas o objeto da adoração pode ser diferente no caso de cada pessoa sobre cujo corpo mental incida. A forma-pensamento, de outra parte, pode atingir só uma pessoa, mas comunicará àquela pessoa (se receptiva) não só um sentimento genérico de devoção, mas também uma imagem precisa do Ser por quem a adoração foi originalmente sentida.
 
Qualquer pessoa que habitualmente pense pensamentos puros, bons e fortes está utilizando para este propósito a parte mais alta de seu corpo mental – uma parte que de modo algum é utilizada pelo homem comum, e está inteiramente subdesenvolvida nele. Este indivíduo é portanto um poder para o bem no mundo, e estará sendo de grande utilidade para todos em suas imediações que sejam capazes de algum tipo de resposta. Pois a vibração que ele irradia tende a despertar uma nova e mais alta porção de seus corpos mentais, e conseqüentemente abrindo-lhes também novos campos de pensamento.
 
Pode não ser exatamente o mesmo pensamento que foi enviado, mas será da mesma natureza. As ondulações geradas por um homem pensando sobre Teosofia não necessariamente veiculam idéias Teosóficas a todos em seu redor; mas eles realmente despertam neles pensamentos mais liberais e mais elevados do que aqueles a que antes estavam acostumados. Por outro lado, as formas-pensamento geradas sob tais circunstâncias, ainda que mais limitadas em sua ação do que a irradiação, são também mais precisas; elas podem afetar somente aqueles que nalguma extensão estão abertos a elas, mas para estes veicularão idéias Teosóficas definidas.
 
As cores do corpo astral comportam os mesmos significados daquelas dos veículos superiores, mas existem diversas oitavas de cor abaixo delas, e muito mais de perto se aproximam dos tons que vemos no mundo físico. Ele é o veículo da paixão e da emoção, e conseqüentemente pode exibir cores adicionais, expressando os sentimentos menos desejáveis do homem, que não podem se mostrar em níveis mais altos; por exemplo, um marrom avermelhado fosco indica a presença de sensualidade, enquanto nuvens negras demonstram malícia e ódio. Um curioso cinza lívido denuncia a presença de medo, e um cinza muito escuro, normalmente disposto em pesados anéis em torno do ovóide, indica uma condição de depressão. A irritabilidade é mostrada pela presença de uma quantidade de pequenas manchas escarlates no corpo astral, cada uma representando um pequeno impulso de raiva. A inveja é mostrada por um peculiar verde amarronzado, geralmente semeado com as mesmas nódoas escarlates. O corpo astral tem o tamanho e forma como os já descritos, e no homem comum seu contorno é claramente delineado; mas no caso do homem primitivo ele é amiúde excessivamente irregular, e se assemelha a uma nuvem rodopiante composta das cores mais desagradáveis.
 
Quando o corpo astral está relativamente quieto (na verdade jamais está em completo repouso) as cores que são vistas nele indicam as emoções a que um homem em geral habituou-se. Quando o homem experimenta uma efusão de algum sentimento particular, o padrão de vibração que expressa aquele sentimento por um momento domina todo o corpo astral. Se, por exemplo, for devoção, todo o corpo astral será banhado de azul, e enquanto a emoção permanecer no ápice as cores normais pouco fazem além de modificar o azul, ou aparecem vagamente através de um véu daquele azul; mas em breve a veemência do sentimento se dissipa, e as cores normais se reafirmam. Mas por causa do acesso de emoção a parte do corpo astral que normalmente é azul terá crescido em tamanho. Assim um homem que freqüentemente sente alta devoção logo vem a possuir uma larga área de azul permanentemente existindo em seu corpo astral.
 
Quando a efusão de sentimento devocional sobrevém, usualmente é acompanhada de pensamentos devocionais. Ainda que primariamente formados no corpo mental, reúnem igualmente em seu redor igualmente uma grande quantidade de matéria astral, de modo que sua ação se dá em ambos os mundos. E em ambos mundos também existe a radiação que previamente descrevemos, de maneira que um homem devoto é um centro de devoção, e influenciará outras pessoas a compartilharem tanto de seus pensamentos quanto de seus sentimentos. O mesmo é verdade no caso da afeição, raiva, depressão – e na verdade todos os outros sentimentos.
 
A maré emocional em si não afeta em muito o corpo mental, ainda que possa por algum tempo tornar quase impossível para qualquer atividade advinda daquele corpo mental penetrar no cérebro físico. Isto não é porque aquele corpo propriamente seja afetado, mas sim porque o corpo astral, que atua como uma ponte entre ele e o cérebro físico, está vibrando tão inteiramente numa só freqüência que é incapaz de veicular qualquer vibração que não esteja em harmonia com ela.
 
As cores permanentes do corpo astral reagem sobre o mental. Elas produzem nele suas correspondentes, diversas oitavas acima, da mesma forma que uma nota musical produz sobretons. O corpo mental por sua vez reage sobre o causal de modo semelhante, e assim todas as boas qualidades expressas nos veículos inferiores se fixam, gradualmente, de modo definitivo no Ego. As más qualidades não o podem fazer, pois as freqüências de vibração que as expressam são impossíveis para a matéria mental superior da qual o corpo causal é feito.
 
Até aqui estivemos descrevendo veículos que são a expressão do Ego em seus respectivos mundos – veículos que ele provê para si mesmo; no mundo físico temos um veículo que lhe é provido pela Natureza sob leis que mais adiante serão explicadas – os quais, mesmo que em certo sentido sejam uma expressão de si, de forma alguma são uma manifestação perfeita. Na vida comum vemos somente uma pequena parte deste corpo físico – somente a parte constituída das subdivisões sólida e líquida da matéria física. O corpo contém matéria de todas as sete subdivisões, e todas elas desempenham seu papel em sua vida e lhe são de igual importância.
 
Usualmente falamos da parte invisível do corpo físico como sendo o duplo etérico; “duplo” porque reproduz exatamente o tamanho e a forma da parte do corpo que podemos ver, e “etérico” porque é feito daquele tipo de matéria mais sutil por cujas vibrações a luz é transmitida à retina do olho. (Isto não deve ser confundido com o verdadeiro éter do espaço – aquele que é a negação da matéria) Esta parte invisível do corpo físico nos é de grande importância, uma vez que é o veículo pelo qual fluem as correntes de vitalidade que mantêm o corpo vivo, e sem ela, como uma ponte para veicular vibrações de pensamento e sentimento desde o astral até a matéria física mais densa e visível, o Ego não poderia fazer uso das células de seu cérebro.
 
A vida de um corpo físico é de perpétua mudança e a fim de que possa viver, necessita constantemente de ser suprido a partir de três fontes distintas. Deve ter comida para sua digestão, ar para sua respiração, e vitalidade para sua absorção. Esta vitalidade é essencialmente uma força, mas quando se reveste de matéria nos aparece como um elemento definido, que existe em todos os mundos de que falamos. Por ora estamos interessados naquela manifestação dela que encontramos na mais alta subdivisão do mundo físico. Exatamente como o sangue circula pelas veias, assim o faz a vitalidade ao longo dos nervos; e precisamente como qualquer anormalidade no fluxo de sangue de imediato afeta o corpo físico, também a menor irregularidade na absorção ou fluxo de vitalidade afeta esta parte superior do corpo físico.
 
A vitalidade é uma força que originalmente provém do Sol. Quando um átomo físico ultérrimo é carregado com ela, atrai para seu redor seis outros átomos, e se tornam um elemento etérico. A força original de vitalidade é subdividida em sete, cada um dos átomos carregando uma carga separada. O elemento assim formado é absorvido pelo corpo humano através da parte etérica do baço. Lá é fragmentado em suas partes componentes, que imediatamente fluem para as várias partes do corpo que lhe são designadas. O baço é um dos sete centros de força na parte etérica do corpo físico. Em cada um de nossos veículos devem haver sete de tais centros em atividade, e quando estão assim ativos são visíveis à visão clarividente. Eles aparecem usualmente como vórtices superficiais, pois são os pontos em que a força dos corpos superiores penetra nos inferiores. No corpo físico estes centros estão:
 
(1) na base da espinha,
(2) no plexo solar,
(3) no baço,
(4) sobre o coração,
(5) na garganta,
(6) entre as sobrancelhas, e
(7) no topo da cabeça.
 
Existem outros centros adormecidos, mas seu despertar é indesejável.
 
O formato de todos os corpos superiores, vistos pelo clarividente, é ovóide, mas a matéria que os compõem não é distribuída igualmente por todo o ovo. No meio deste ovóide fica o corpo físico. O corpo físico atrai fortemente matéria astral, e por sua vez a matéria astral atrai fortemente a matéria mental. Portanto de longe a maior parte da matéria do corpo astral é reunida dentro da moldura física; e o mesmo é verdadeiro a respeito do veículo mental. Se virmos o corpo astral de um homem em seu próprio mundo, à parte do corpo físico ainda perceberíamos a matéria astral agregada na forma exata do físico, ainda que, como esta matéria é mais fluídica por natureza, o que vemos é um corpo construído de densa névoa, em meio a um ovóide de névoa muito mais rarefeita. O mesmo vale para o corpo mental. Portanto, se nos mundos astral ou mental encontrássemos um conhecido, nós o reconheceríamos por sua aparência tão prontamente como no mundo físico.
 
Esta, assim, é a verdadeira constituição do homem. Em primeiro lugar ele é uma Mônada, uma Centelha do Divino. Daquela Mônada o Ego é uma expressão parcial, formado a fim de que possa entrar em evolução, e possa retornar à Mônada com alegria, trazendo sua seara consigo sob forma de qualidades desenvolvidas pela experiência acumulada. O Ego por sua vez com o mesmo propósito põe parte de si nos mundos inferiores, e podemos chamar esta parte de personalidade, porque o vocábulo latino persona significa máscara, e esta personalidade é a máscara que o Ego enverga quando se manifesta nos mundos inferiores ao seu. Assim como o Ego é uma parte pequena e uma expressão imperfeita da Mônada, também a personalidade é uma parte pequena e uma expressão imperfeita do Ego; de modo que o que usualmente pensamos que seja o homem na verdade é somente o fragmento de um fragmento.
 
A personalidade usa três corpos ou veículos, o mental, o astral e o físico. Enquanto o homem é o que dizemos vivo e desperto na Terra física, ele está limitado por seu corpo físico, pois ele usa os corpos astral e mental somente como pontes para conectar-se ao seu veículo mais baixo. Uma das limitações do corpo físico é que ele rapidamente se torna fatigado e requer descanso periódico. A cada noite o homem o deixa ao dormir, e recolhe-se ao veículo astral, que não se cansa, e portanto não precisa de sono. Durante este sono do corpo físico o homem fica livre para mover-se pelo mundo astral; mas a extensão em que faz isso depende de seu desenvolvimento. O selvagem primitivo usualmente não se move além de poucos quilômetros longe de sua forma física adormecida – e muitas vezes nem tanto assim; e possui só a mais vaga das consciências.
 
O homem educado geralmente é capaz de viajar em seu veículo astral para onde quiser, e tem muito mais consciência no mundo astral, ainda que nem sempre disponha da faculdade de trazer à vida desperta qualquer lembrança do que tiver visto ou realizado enquanto dormia o seu corpo físico. Às vezes ele de fato lembra de algum incidente que tenha presenciado, alguma experiência que tenha tido, e então ele chama isso um sonho vívido. Mais freqüente suas lembranças são irremediavelmente misturadas com vagas reminiscências da vida desperta, e com impressões feitas de fora sobre a parte etérica de seu cérebro. Assim temos aos sonhos confusos e amiúde absurdos da vida comum. O homem desenvolvido se torna tão plenamente consciente e ativo no mundo astral quanto no físico, e traz a este uma lembrança integral do que tiver feito no outro – isto é, ele possui uma vida contínua sem qualquer perda de consciência durante todas as vinte e quatro horas, e da mesma forma durante toda a sua vida física, e mesmo através da própria morte.
 

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