P: Uma vez explicado o que Deus, a alma e o homem não são, conforme sua doutrina, pode agora dizer o que são?
T: Na sua origem e na eternidade, os três (como o universo e tudo quanto contém) formam um só com a Unidade absoluta, a essência deífica incognoscível, sobre a qual já falei. Não cremos na criação, mas sim nas aparições periódicas e consecutivas do universo, desde o plano subjetivo do ser ao objetivo, em intervalos regulares de tempo, cobrindo períodos de duração imensa.
P: Por favor, detalhe melhor sobre esse assunto.
T: Como primeira comparação e como auxílio para um conceito mais correto, vamos usar como base o ano solar, e, como segunda comparação, as duas metades desse mesmo ano, produzindo cada uma um dia e uma noite de seis meses de duração, nos pólos. Pois bem: imagine, em vez de um ano solar de 365 dias, a Eternidade; que o Sol representa o universo, e os dias e noites polares de seis meses são dias e noites que duram 182 trilhões ou quatrilhões de anos, ao invés de 182 dias cada um. Assim como o Sol sai a cada manhã de seu espaço subjetivo (para nós), e contrário, em nosso horizonte objetivo, do mesmo modo, periodicamente, surge o universo no plano da objetividade, procedendo do da subjetividade, os antípodas do primeiro. Assim é o "Ciclo da Vida", e da mesma forma que o Sol desaparece de nosso horizonte, desaparece o universo em períodos regulares, quando começa a "noite universal". Os hindus chamam a essas alternativas os Dias e as Noites de Brahma, ou o tempo do Manvantara e o do Pralaya (dissolução). Os ocidentais podem chamá-las, se preferir, de Dias e Noites Universais. Durante as noites, Tudo está em Tudo; cada átomo é reabsorvido na homogeneidade.