Algumas palavras sobre os skandhas

Enviado por Estante Virtual em dom, 02/12/2012 - 20:21

P: O que sucede com os skandhas inferiores da personalidade depois da morte do corpo? São aniquilados completamente?

T: São e não são; outro mistério metafísico e oculto para vocês. São destruídos como material ao serviço da personalidade; permanecem como efeitos kármicos, como germes flutuando na atmosfera do plano terrestre, prontos a voltar à vida, qual inimigos vingativos e rancorosos, aderindo-se à nova personalidade do Ego quando se reencarna.

 

P: Isto excede à minha inteligência e é muito difícil de entender.

T: Não o será se você assimilar todas as minúcias. Então há de ver que quanto à lógica, consistência, filosofia profunda, compaixão e eqüidade divinas esta doutrina da reencarnação não tem paralelo na terra. É a crença em um perpétuo progresso para cada Ego que se encarna; é uma evolução do externo ao interno, do material ao espiritual, alcançando ao fim de cada etapa, a unidade absoluta com o Princípio divino. De uma força a outra força; da beleza e perfeição de um plano à beleza e perfeição superiores de outro plano, com acessos a nova glória, novo conhecimento e poder em cada ciclo, tal é o destino de todo Ego, que deste modo se converte em seu próprio Salvador em cada mundo e encarnação.

 

P: Mas o Cristianismo ensina o mesmo; também prega o progresso.

T: Sim, mas acrescentando algo. Fala-nos da impossibilidade de alcançar a salvação sem ajuda de um salvador milagroso; e, além disso, condena à perdição a todos aqueles que não aceitam o dogma. Precisamente esta é a diferença que existe entre a Teologia cristã e a Teosofia. A primeira impõe a crença da descida do Ego espiritual ao eu inferior; a segunda recomenda a necessidade de se esforçar na própria elevação até o Christos, ou estado de Buddhi.

 

P: Não acredita que ensinar o aniquilamento da consciência, em caso de um fracasso, equivale ao aniquilamento do Eu na opinião dos que não são metafísicos?

T: Do ponto de vista daqueles que crêem literalmente na ressurreição do corpo, e insistem em que cada osso, cada artéria e átomo da carne surgirão corporalmente no Dia do Juízo, é indubitável. Se você insiste em que a forma perecível e as qualidades finitas são as que constituem o homem imortal, nesse caso, dificilmente nos entenderemos. E se não compreender que limitando a existência de cada Ego há somente uma vida na terra, converte a Deidade em um Indra eternamente cego, considerado de acordo com a letra morta Purânica; em um Moloch cruel, em um Deus que produz uma inexplicável confusão na terra, e que quer, além do mais, que por isso lhe demos graças; então, quanto antes cortarmos esta conversa, melhor.

 

P: Já que fugimos do assunto relativo aos skandhas, voltemos à questão da consciência que sobrevive à morte. Este é um ponto que interessa à maioria das pessoas. Em Devakhan possuímos um conhecimento maior do que na vida terrestre?

T: Num certo sentido podemos adquirir maiores conhecimentos, isto é, podemos desenvolver em mais alto grau qualquer das faculdades que prezamos e que nos esforçamos em fazer nossas durante a vida, contanto que estejam relacionadas com coisas abstratas e ideais, como são a música, a pintura, a poesia etc.; pois Devakhan é apenas uma continuação idealizada e subjetiva da vida terrestre.

 

P: Mas se em Devakhan o espírito se vê livre da matéria, por que não possui a completa sabedoria?

T: Porque o Ego está, por assim dizer, unido à recordação de sua última encarnação. Assim é que, se refletir sobre o que já disse e enlaçar todos os fatos, há de ver que o estado devakhânico não é um estado de onisciência, mas sim uma continuação transcendente da vida pessoal que acaba de findar. É o descanso da alma depois do sofrimento da vida.

 

P: Os cientistas materialistas asseguram que com a morte do homem tudo finda; que o corpo humano simplesmente se desintegra nos próprios elementos que o compõem, e que o que chamamos alma é unicamente uma consciência passageira, filha e produto indireto da ação orgânica, que se dissipará como o vapor. Não é estranho este modo de pensar?

T: Não creio nisso. Dizendo que a própria consciência morre com o corpo, apenas emitem uma profecia inconsciente; porque, a partir do momento em que estejam firmemente convencidos de sua afirmativa, não haverá sobrevivência possível para eles. Não há regra sem exceção.

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