Formas-Pensamentos

Enviado por Estante Virtual em seg, 12/12/2011 - 19:45

Os corpos mental e astral são os que estão principalmente ligados com a produção do que é chamado forma-pensamento. A palavra forma-pensamento não é inteiramente exata, porque as formas produzidas podem ser compostas de matéria mental, ou, na grande maioria dos casos, tanto de matéria mental como de matéria astral.

Embora neste livro estejamos tratando, antes de mais nada, do astral e não do corpo mental, contudo, as formas-pensamentos, como acabamos de dizer, na grande maioria dos casos são tanto astrais como mentais. A fim, portanto, de tornar inteligível o assunto, é necessário tratar amplamente tanto com o aspecto mental como com o aspecto astral.

Um pensamento puramente intelectual e impessoal – tal como o relacionado com a álgebra ou a geometria – estaria confinado à matéria mental. Se, por outro lado, o pensamento traz consigo qualquer desejo egoísta ou pessoal, ele atrairá para si a matéria astral, além da mental. Se, ainda mais, o pensamento for de natureza espiritual, se tiver o toque do amor e da aspiração, ou profundo e não egoístico sentimento, então pode também entrar nele um pouco do esplendor e glória do plano búdico.

Cada pensamento definido produz dois efeitos: primeiro, uma vibração radiante, depois uma forma flutuante.

A vibração instalada no corpo mental e dele irradiando é acompanhada com um jogo de cores que tem sido descrito como o do borrifar de uma cascata quando a luz do sol a atravessa, porem em grau elevadíssimo de cor e vívida delicadeza.

Essa vibração radiante tende a reproduzir seu próprio ritmo de movimento em qualquer corpo mental com o qual ela possa entrar em contato, isto é, produzir pensamentos do mesmo tipo daqueles a partir dos quais a vibração se originou. Deve-se notar que a vibração radiante leva consigo não o assunto do pensamento, mas seu caráter. Assim, as ondas de pensamento-emoção irradiando de um hindu engolfado em devoção a Khri Krishna tenderia a estimular os sentimentos devotos em quem quer que tombasse sob a sua influencia, não necessariamente dirigidos tais sentimentos para Khri Krishna, mas, no caso de um cristão, para Cristo, no caso de um budista, para o Senhor Buda, e assim por diante.

O poder da vibração para produzir tais efeitos depende principalmente da nitidez e precisão do pensamento-emoção, bem como naturalmente da quantidade de força nele colocada.

Essas vibrações radiantes tornam-se menos eficazes na proporção da distância em que estão da sua fonte, embora seja provável que a variação se mostre proporcional ao cubo da distancia, e não (como acontece com a gravidade e com outras forças) ao quadrado, por causa da adicional ( quarta) dimensão envolvida.

A distância até a qual uma onda de pensamento pode irradiar eficazmente depende da oposição que encontra. Ondas do tipo inferior da matéria astral são, habitualmente, logo desviadas ou dominadas por uma quantidade de outras vibrações do mesmo nível, tal como um som suave é afogado no estrépito de uma cidade.

O segundo efeito, o de uma forma flutuante, é causado pela porção de vibração que o corpo mental lança de si próprio, modelada pela natureza do pensamento, que junta em torno de si matéria de ordem correspondente de delicadeza, retirada da essência elemental circundante do plano mental. Essa é uma forma-pensamento pura e simples, composta apenas de matéria mental.

Se feita dos melhores tipos de matéria, será de grande poder e energia e pode ser usada como o agente mais poderoso quando dirigida por uma vontade firme e forte.

Quando o homem dirige sua energia para objetos externos de desejo ou está ocupado com atividades passionais ou emocionais, processo idêntico se verifica em seu corpo astral: uma porção dele é expulsa e reúne em torno de si própria a essência elemental do plano astral. Essas formas-pensamentos-de-desejo são causadas por Kama-Manas, a mente sob o domínio da natureza animal, Manas dominada por Kama.

Tal forma-pensamento-de-desejo tem como corpo a essência elemental, e como alma animadora, por assim dizer, o desejo ou a paixão que a projetou. Tanto essas formas-pensamentos-de-desejo ou a paixão que a projetou. Tanto essas formas-pensamentos-de-desejo como as formas-pensamentos puramente mentais são chamadas elementais artificiais. A vasta maioria das formas-pensamentos comuns são do primeiro tipo, pois poucos são os pensamentos dos homens e mulheres comuns que não sejam matizados pelo desejo, a paixão ou a emoção.

Tanto a essência elemental mental como a astral, que possuem vida meio inteligente que lhes é própria, respondem muito facilmente à influência do pensamento humano e ao humano desejo: conseqüentemente, cada impulso enviado, seja do corpo mental de um homem, seja de seu corpo astral, reveste-se imediatamente de um veículo temporário de essência elemental. Esses elementais artificiais tornam-se, assim, uma espécie de criaturas vivas, entidades de intensa atividade, animadas pela idéia que as gerou. São, na verdade, amiúde, tidas erroneamente, pelos psíquicos e clarividentes não treinados, como entidades realmente vivas.

Assim, quando um homem pensa num objeto concreto – um livro, uma casa, uma paisagem etc. – constrói minúscula imagem do objeto na matéria de seu corpo mental. Essa imagem flutua na parte superior daquele corpo, quase sempre diante do rosto do homem e mais ou menos ao nível de seus olhos. Permanece ali durante todo o tempo em que o homem estiver pensando no objeto, às vezes mesmo algum tempo mais, a extensão daquela vida dependendo da intensidade e clareza do pensamento. A forma é bastante objetiva e pode ser vista por qualquer outra pessoa que possua visão mental. Se um homem pensa em outra pessoa, cria um minúsculo e exato retrato dessa pessoa.

Costuma-se comparar as formas-pensamentos, praticamente, com uma garrafa de Leyden (recipiente carregado de eletricidade estática), a própria garrafa correspondendo à essência elemental e a carga elétrica referindo-se ao pensamento-emoção. E tal como a garrafa de Leyden, quando toca outro objeto, descarrega sua eletricidade acumulada sobre o objeto, o mesmo faz um elemental artificial quando se choca com um corpo mental ou astral. Descarrega sobre esse corpo sua energia mental e emocional acumulada.

Os princípios subjacentes na produção de todas as formas de pensamento-emoção podem ser assim definidos:

  1. Cor, determinada pela qualidade do pensamento ou emoção.
  2. Forma, determinada pela natureza do pensamento ou emoção.
  3. Clareza de contorno, determinada pela precisão do pensamento ou emoção.

O período de vida de uma forma-pensamento depende de ( 1 ) sua intensidade inicial; ( 2 ) a força que lhe seja comunicada pela repetição do pensamento, seja pelo gerador, seja por outros. Sua vida pode ser continuamente reforçada por essa repetição, já que um pensamento, sobre o qual nos detemos longamente, adquire grande estabilidade de forma. Além disso, as formas-pensamentos de tipo idêntico são mutuamente atraídas e, ainda mutuamente, fortalecem-se, criando uma forma de grande energia e intensidade.

Ademais, tal forma-pensamento parece possuir o desejo instintivo de prolongar sua vida, e reagirá sobre seu criador, tendendo a evocar nele a renovação do sentimento que a criou. Reagirá da mesma forma, embora não perfeitamente, sobre quaisquer outras pessoas com as quais possa entrar em contato.

As cores nas quais as formas-pensamentos se expressam são idênticas às encontradas na aura.

O brilho e a profundidade das cores são habitualmente a medida da força e da atividade do sentimento.

Para nosso presente propósito, podemos classificar as formas-pensamentos em três espécies: ( 1 ) as relacionadas apenas com seu originador; ( 2 ) as relacionadas com outra pessoa; ( 3 ) as que não são nitidamente pessoais.

Se o pensamento de um homem é a seu próprio respeito ou baseado num sentimento pessoal, como costumam ser os pensamentos em sua vasta maioria, a forma pairará na vizinhança imediata do seu gerador. A qualquer tempo então, quando ele estiver em condição passiva, seus pensamentos e sentimentos não estando especificamente ocupados, sua própria forma-pensamento retornará para ele, descarregando-se sobre si próprio. Além disso, cada homem também serve como magneto para atrair a si as formas-pensamentos de outras, que sejam idênticas às suas, atraindo assim para sua própria pessoa um reforço de energia vinda de fora. As pessoas que se estão tornando sensitivas imaginaram, às vezes, em tais casos, que tinham sido tentadas pelo “diabo”, quando suas próprias formas-pensamentos-de-desejo eram a “tentação”. Longa meditação sobre o mesmo assunto pode criar uma forma-pensamento de tremendo poder. Tal forma durará, possivelmente, por muitos anos e durante algum tempo terá toda a aparência e poder de uma verdadeira e viva entidade. A maioria dos homens atravessa a vida encerrados numa gaiola construída por eles próprios, rodeada por massas de formas criadas pelos seus pensamentos habituais. Um resultado importante disso está em cada homem olhar o mundo através de suas próprias formas-pensamentos e assim ver tudo colorido por elas.

Dessa maneira, as formas-pensamentos do próprio homem reagem sobre ele, inclinando-se a se reproduzirem e instalando assim hábitos definidos de pensamento e sentimento, que podem ser benéficos se forem de caráter elevado, mas que são entorpecedores e um inconveniente para o desenvolvimento, obscurecendo a visão mental e facilitando a formação do preconceito e das tendências e atitudes fixas que se podem transformar em determinados vícios.

Tal como escreveu um Mestre: “O homem está constantemente povoando sua corrente no espaço com um mundo que lhe é próprio, repleto dos filhos de suas fantasias, desejos, impulsos e paixões”. Essas formas-pensamentos permanecem em sua aura, aumentando em número e intensidade, até que certas espécies entre elas dominem sua vida mental e emocional e o homem antes responda aos seus impulsos do que se decida por outros: assim são criados hábitos, a expressão externa de sua força armazenada, e assim seu caráter é construído.

Ademais, como cada homem deixa atrás de si uma esteira de formas-pensamentos, segue-se que quando andamos ao longo de uma rua estamos caminhado por um mar de pensamentos de outros homens. Se um homem deixar sua mente vazia por algum tempo, esses pensamentos de outros passam através dela: se um deles chama a sua atenção, sua mente dele se apodera, torna-o próprio, fortalece-o pelo acréscimo de sua força e então torna a lançá-lo fora, a fim de que vá afetar alguma outra pessoa. Um homem não é, portanto, responsável por um pensamento que flutue em sua mente, mas é responsável se o tomar para si, meditar sobre ele e mandá-lo a outros, fortalecido.

Um exemplo de formas-pensamentos está nas nuvens sem forma, de intensa tonalidade azul, que podem ser vistas com freqüência rolando pelo espaço, como coroas de fumaça densa sobre as cabeças dos fiéis numa igreja. Nas igrejas onde o nível de espiritualidade é baixo, as mentes dos homens podem criar fileiras de cifras, representando seus cálculos de negócios, transações comerciais e especulações, enquanto a mente das mulheres pode criar quadros de chapéus, jóias etc.

O hipnotismo fornece outro exemplo de formas-pensamentos. O operador pode criar uma forma-pensamento e projeta-la sobre um papel em branco, onde será visível para o individuo hipnotizado: ou pode tornar a forma-pensamento tão objetiva que o paciente irá vê-la e senti-la como se fosse, de fato, um objeto físico. A literatura do hipnotismo está repleta de tias exemplos.

Se a forma-pensamento está dirigida para outra pessoa, irá para essa pessoa. Um, de dois efeitos, pode então resultar daí. ( 1) Se na aura da pessoa visada há material capaz de responder simpaticamente à vibração da forma-pensamento, então a forma-pensamento permanecerá junto da pessoa ou mesmo em sua aura, e, quando chegue a oportunidade, descarrega-se automaticamente, inclinando-se assim a fortalecer na pessoa aquele ritmo particular de vibração. Se a pessoa a quem é dirigida a forma-pensamento acontece estar ocupada ou já engolfada em alguma linha definida de pensamento, a forma-pensamento, não podendo descarregar-se no corpo mental da pessoa, que já está vibrando a um determinado ritmo, fica suspensa na vizinhança até que o corpo mental da pessoa esteja suficientemente descansado para permitir sua entrada, quando então a forma-pensamento imediatamente se descarrega.

Fazendo isso ela exibirá o que parece uma quantidade bastante considerável de inteligência e adaptabilidade, embora seja realmente uma força atuando ao longo de uma linha de menor resistência – pressionando com firmeza numa direção todo o tempo, e aproveitando qualquer canal que lhe aconteça encontrar. Tais elementais podem naturalmente ser fortalecidos e seu período de vida estendido pela repetição do mesmo pensamento.

( 2 ) Se, por outro lado, não houver na aura da pessoa matéria capaz de responder, então a forma-pensamento não pode afetá-la. Portanto, irá refluir dali, com força proporcional à energia com a qual foi atirada contra o alvo, retornando para bater em seu criador.

Assim, por exemplo, o pensamento de desejo de uma bebida não pode entrar no corpo de um abstêmio. Golpearia seu corpo astral, mas não chegaria a penetrar nele e retornaria a quem o tivesse enviado.

O velho ditado que diz: “Maldições ( podemos acrescentar bênçãos ) voltam para o lugar de onde vieram”, transmite essa verdade e explica acontecimentos em que, tal como muitos o sabem, maus pensamentos dirigidos a pessoas boas e altamente desenvolvidas, não as afetam de forma alguma, mas reagem às vezes com terrível e devastador efeito sobre seu criador. Daí se depreende também, é óbvio, que a mente e o coração puro são a melhor proteção contra assaltos inamistosos de sentimento e pensamento.

Por outro lado, uma forma-pensamento de amor e desejo de proteção, fortemente dirigida para alguém muito amado, atua como agente de amparo e proteção. Procurará todas as oportunidades para servir e defender, aumentará forças amistosas e enfraquecerá as inamistosas que ataquem sua aura. Pode proteger a pessoa contra a irritabilidade, a impureza, e o medo etc.

Pensamentos amigáveis e sinceros bons desejos criam e mantêm, assim, o que é virtualmente um “anjo da guarda”, sempre ao lado da pessoa em que se pensa, não importando o que ela possa ser. Os pensamentos e orações de muitas mães, por exemplo, têm dado assistência e proteção ao seu filho. Tais pensamentos são vistos com freqüência pelos clarividentes e em raros casos podem mesmo materializar-se, tornando-se visíveis.

Torna-se, assim, evidente o fato de que um pensamento de amor enviado de uma pessoa para outra envolve uma real transferência de certa quantidade, tanto de força como de matéria, que vai de quem o envia para quem o recebe.

Se o pensamento for suficientemente forte, a distancia não faz nenhuma diferença, mas um pensamento fraco e difuso não é eficaz para além de uma área limitada.

Uma variante do nosso primeiro grupo consiste naqueles casos em que um homem pensa fortemente em si próprio num lugar distante. A forma assim criada contém uma grande proporção de matéria mental, toma a imagem de quem pensa e, de inicio, é pequena e comprimida. Atrai em redor de si uma quantidade considerável de matéria astral e habitualmente expande-se até atingir o tamanho natural antes de aparecer no seu destino. Tais formas são vistas com freqüência por clarividentes e não é raro serem tomadas como o corpo astral da pessoa ou mesmo pela própria pessoa.

Quando tal coisa acontece, o pensamento ou desejo deve ser suficientemente forte para fazer uma de três coisas: ( 1 ) evocar, por influência mesmérica, a imagem de quem pensa na mente da pessoa para a qual ele deseja aparecer; ( 2 ) pelo mesmo poder estimular, no momento, as faculdades psíquicas da pessoa visada, de forma que ela possa ver o visitante astral; ( 3 ) produzir uma materialização temporária que será fisicamente visível.

As aparições no momento da morte, que de forma alguma são raras, representam realmente, com muita freqüência, a forma astral do moribundo, mas podem também ser formas-pensamentos evocadas pelo seu ansioso desejo de ver algum amigo, antes de morrer. Em alguns casos o visitante é percebido logo depois da morte e não um pouco antes, mas por inúmeras razões essa forma de aparição é menos freqüente do que as outras.

Um espírito familiar pode ser ( 1 ) uma forma-pensamento, ( 2 ) uma impressão extraordinariamente vívida na luz astral, ou ( 3 ) um autêntico ancestral, apegado à terra, ainda vagando em algum lugar particular.

Relacionado com isso podemos acrescentar que sempre que uma intensa paixão foi sentida, tal como terror, dor, tristeza, ódio etc., uma impressão tão poderosa se faz na luz astral que pessoas dotadas do mais ligeiro lampejo de faculdade psíquica podem ser impressionadas por ela. Um ligeiro e temporário aumento da sensibilidade capacitará um homem a visualizar toda a cena: daí muitas historias sobre locais assombrados, e sobre influencias desagradáveis em pontos que se tornam conhecidos.

Aparições no local onde um crime foi cometido são, quase sempre, formas-pensamentos projetadas pelo criminoso, que, esteja vivo ou morto, mas muito especialmente quando morto, está perpetuamente pensando, sempre e sempre, nas circunstâncias da sua ação. Já que esses pensamentos estão, como é natural, vívidos em sua mente na data aniversária de seu crime, pode acontecer que a forma-pensamento seja forte bastante para se materializar de forma a se tornar visível à visão física, assim explicando muitos casos em que a manifestação é periódica.

Da mesma forma uma jóia que tenha sido causa de muitos crimes, pode reter as impressões e paixões que levam ao crime, com absoluta nitidez, por muitos milhares de anos, continuando a irradiá-las.

Um pensamento tremendamente enérgico e concentrado, seja de benção ou de maldição, cria a existência de um elemental que vem a ser, virtualmente, uma bateria de acumuladores viva, com um mecanismo de relógio a ela apenso. Essa bateria pode ser arranjada para se descarregar regularmente, a determinada hora do dia ou em certa data aniversária, ou sob determinadas circunstâncias. Muitos exemplos dessa classe de elemental têm sido registrados, especialmente na Alta Escócia, onde avisos físicos ocorrem antes da morte de um membro da família. Nesses casos, quase sempre é a poderosa forma-pensamento que dá o aviso, segundo a intenção de que está carregada.

Um desejo suficientemente forte – esforço concentrado de amor ou de ódio – criará tal entidade de uma vez para sempre, uma entidade que será, então, bastante desligada de seu criador e levará adiante o trabalho que lhe foi designado, sem considerar as intenções e desejos posteriores que aquele venha a manifestar. Simples arrependimento não a traz de volta nem evita a sua ação, tal como o arrependimento não pode deter uma bala, uma vez disparada. O poder da entidade só poderia ser bastante neutralizado com o envio, em seu seguimento, de pensamentos de tendência contrária.

Ocasionalmente, não conseguindo exercer sua força sobre seus objetivos nem sobre seu criador, um elemental dessa classe pode tornar-se uma espécie de demônio errante, atraído por qualquer pessoa que manifeste idênticos sentimentos. Se for suficientemente poderoso, conseguirá mesmo apoderar-se de um cascão que passe e nele instalar-se, empregando mais cautelosamente seus recursos. Nessa forma pode manifestar-se através de um médium e, fingindo-se um amigo bem conhecido, obtém influencia sobre pessoas que, de outra maneira, não conseguiria impressionar.

Tais elementais, transformados assim em demônios errantes – tenham sido consciente ou inconscientemente formados – procuram invariavelmente prolongar sua vida, seja alimentando-se como vampiros da vitalidade dos seres humanos, seja influenciando-os para que eles lhes façam ofertas. Entre as tribos simples, primitivas, têm conseguido, com freqüência, tornar-se considerados como deuses da aldeia ou da família. Os tipos menos perigosos podem contentar-se com oferendas do arroz e alimento cozido; os de classe mais baixa, os mais repulsivos, pedem sacrifícios sangrentos. Ambas as variedades existem hoje na Índia e, em número maior, na África.

Sugando principalmente a vitalidade de seus devotos e usando também a nutrição que podem obter com as suas oferendas, conseguem prolongar sua existência durante anos ou mesmo séculos. Chegam até a realizar fenômenos ocasionais, muito simples, a fim de estimular o zelo e a fé de sus seguidores, e tornam-se invariavelmente desagradáveis, de alguma forma, se os sacrifícios forem negligenciados.

Os magos negros da Atlântida – os “senhores da face escura”- ao que parece especializaram-se nesse tipo de elementais artificiais, e alguns deles, segundo se tem sugerido, conservam sua existência mesmo em nossos dias. A terrível deusa hindu, Káli, será provavelmente uma relíquia desse tipo.

A imensa maioria das formas-pensamentos é, simplesmente, cópia ou imagem de pessoas ou de outros objetos materiais. Constroem-se primeiro dentro do corpo mental e passam então para o exterior, mantendo-se suspensas diante do homem. Isso se aplica ao que quer que seja em que se possa estar pensando: pessoas, casas, paisagens ou qualquer outra coisa.

Um pintor, por exemplo, imagina, com o material de seu corpo mental, a concepção de seu quadro futuro, projeta-a no espaço diante de si, mantém-na diante dos “olhos da mente”, e a copia. Essa forma-pensamento-emoção persiste e pode ser tomada como contraparte invisível da pintura, irradiando suas próprias vibrações e afetando todos os que fiquem sob sua influência.

Da mesma maneira um romancista constrói, com material mental, as imagens de seus personagens, e então, usando a sua vontade, move esses bonecos de uma posição ou agrupamento para outro, de forma que o enredo da história é literalmente desenvolvido diante dele.

Efeito curioso surge de tal caso. Um travesso espírito-da-natureza ( ver capítulo XX) pode animar as imagens e leva-las a fazerem coisas que não são as que o autor pretendia para a atividade delas. Mais freqüentemente um escritor morto pode perceber as imagens e, ainda interessado na arte de escrever, consegue moldar os tipos e influenciar suas ações, de acordo com suas próprias idéias. O escritor real muitas vezes percebe que o enredo está agindo sozinho, de acordo com um plano bastante diferente da sua concepção original.

Lendo um livro, o estudante autêntico pode, com a atenção integralmente concentrada, entrar em contato com a forma-pensamento original, que representa a concepção do autor ao escrever. Através da forma-pensamento, o próprio autor pode mesmo ser alcançado e maior informação assim obtida, bem como a obtenção de luz sobre pontos difíceis.

Há no mundo mental, como no astral, muitas reproduções de historias bem conhecidas, cada nação tendo, habitualmente, sua apresentação particular, os personagens vestidos com seus próprios trajes nacionais. Existem, assim, excelentes formas-pensamentos de aspecto vivo, referentes a pessoas como Sherlock Holmes, Capitão Kettle, Robinson Crusoe, personagens de Shakespeare etc.

Na verdade, há no mundo astral grande número de formas-pensamentos de caráter relativamente permanente, muitas vezes o resultado do trabalho acumulado das gerações. Muitas se referem a pretensas histórias religiosas, e a visão delas, por parte de pessoas sensitivas, é responsável por muitas e verdadeiras narrações dadas por videntes não treinados de ambos os sexos. Qualquer grande acontecimento histórico, no qual se pensa constantemente e é imaginado vividamente por grande numero de pessoas, existe como exata forma-pensamento no plano mental, e quando quer que surja forte emoção com ela relacionada, materializa-se também na matéria astral e, conseqüentemente, pode ser vista por um clarividente.

O que ficou dito acima aplicá-se igualmente, como é natural, a cenas e situações da ficção, do drama etc.

Considerados em conjunto, é fácil compreender o tremendo efeito que essas formas-pensamentos ou elementais artificiais têm na produção de sentimentos nacionalistas ou de raça, torcendo as mentes e criando preconceitos, porque as formas-pensamentos de igual tendência inclinam-se a se agregarem, formando uma entidade coletiva. Vemos tudo através dessa atmosfera, sendo cada pensamento mais ou menos refratado por ela,e, de acordo com ela, vibrando nosso próprio corpo astral. Como a maioria das pessoas é mais receptiva do que iniciadora em sua natureza, atuam quase como reprodutores automáticos dos pensamentos que as alcançam, e assim a atmosfera nacional é continuamente intensificada. Esse fato explica, obviamente, muitos dos fenômenos de consciência coletiva (ver capítulo XXV ).

A influencia dessas formas-pensamentos agrupadas vai ainda mais longe. Formas-pensamentos de tipo destrutivo agem como agente destruidor e muitas vezes desencadeiam a devastação sobre o plano físico, causando “acidentes”, convulsões da natureza, tempestades, terremotos, inundações, ou crime, doença, distúrbios sociais e guerras.

É possível, também, para pessoas mortas e outras entidades não humanas, tais como perversos espíritos-da-natureza, por exemplo, entrar nessas formas-pensamentos e vivifica-las. O vidente treinado deve aprender a distinguir a forma-pensamento, mesmo quando vivificada, dos seres vivos e fatos importantes do mundo astral dos moldes temporários em que eles são vazados.

Nossa terceira classe de formas-pensamento-emoção consiste daquelas que não estão diretamente ligadas a qualquer objeto e que se expressam portanto em formas que lhes são inteiramente próprias, exibindo suas qualidades inerentes na matéria que atraem para seu derredor. Nesse grupo, portanto, temos um relance das formas naturais para os planos astral e mental. As formas-pensamentos dessa classe manifestam-se, invariavelmente, no plano astral, já que a imensa maioria delas são expressões de sentimento, bem como de pensamento.

Uma forma assim flutua, simplesmente, destacada na atmosfera, a todo o tempo irradiando vibrações semelhantes às enviadas pelo seu criador. Se não entrar em contato com qualquer outro corpo mental, a irradiação exaure gradualmente sua provisão de energia e a forma se desintegra. Mas se consegue despertar simpáticas vibrações em qualquer corpo mental que lhe esteja próximo, uma atração surge e a forma-pensamento é quase sempre absorvida por aquele corpo mental.

Pelo que ficou dito acima, vemos que a influência de uma forma-pensamento tem alcance menor que a de uma vibração-pensamento, mas atua com precisão muito maior. Uma vibração-pensamento reproduz pensamentos de uma ordem similar ao que o levou a nascer. Uma forma-pensamento reproduz o mesmo pensamento. As radiações podem afetar milhares e despertar neles pensamentos do mesmo nível do original, embora nenhum lhe seja idêntico. A forma-pensamento consegue influenciar apenas uns poucos, mas nesses poucos casos reproduzirá exatamente a idéia inicial.

O estudante deve procurar um trabalho clássico no gênero: Formas-Pensamentos, de Annie Besant e C.W. Leadbeater, e ali encontrará ilustrações coloridas de muitas formas-pensamentos. Todo este capítulo, realmente, é em grande parte um sumário condensado dos princípios enunciados naquele trabalho.

Pensamentos ou sentimentos vagos mostram-se como vagas nuvens. Pensamentos e sentimentos definidos criam claramente formas definidas. Assim, uma forma definida de afeição dirigida a determinado indivíduo forma-se de maneira não muito diversa do que acontece com um projétil; um pensamento de afeição protetora torna-se de certa forma parecido a um pássaro, com a porção central em amarelo e duas projeções em forma de asa, coloridas em tom rosado; um pensamento de amor universal torna-se cor-de-rosa, no feitio de um sol, seus raios partindo para todas as direções.

Os pensamentos nos quais o egoísmo ou a ganância são destacados tomam quase sempre o feitio ganchoso, os ganchos em alguns casos realmente cravados no objeto desejado.

Como princípio geral, a energia de um pensamento egoísta move-se em curva fechada e assim inevitavelmente retorna e se exaure sobre seu próprio nível. Um pensamento absolutamente destituído de egoísmo, o mesmo se dando com um sentimento desse tipo, vai para a frente, entretanto, em curva aberta e assim não retorna, no sentido comum, mas atravessa o plano acima, porque apenas nessa condição mais alta, com sua dimensão adicional, pode encontrar lugar para se expandir. Mas, atravessando assim, tal pensamento ou sentimento abre uma porta, como simbolicamente podemos dizer, de dimensão equivalente ao seu diâmetro e obtém assim um canal através do qual os planos mais altos podem derramar-se para os inferiores – muitas vezes com maravilhosos resultados, como no caso da oração, tanto para quem emitiu o pensamento como para outros.

Aqui temos a mais alta e melhor parte da fé na resposta dada às orações. Nos planos mais altos há um fluxo infinito de força sempre pronto e à espera de derramar-se quando um canal lhe é oferecido. Um pensamento de devoção inteiramente destituída de egoísmo oferece esse canal, a maior e a mais nobre parte de um pensamento assim subindo até o próprio Logos. A resposta que Ele dá é um descer da vida divina, fortalecendo e elevando o autor do canal e derramando em torno dele uma influência poderosa e benéfica, que flui através do reservatório existente nos planos mais altos para auxiliar a humanidade. Esse acréscimo ao reservatório de força espiritual é a verdade que está implícita na idéia católica das obras de super-rogação. Os Nirmânakâyas estão especialmente associados com esse grande reservatório de força.

A meditação sobre um Mestre forma um vínculo com Ele, vínculo observado pelo clarividente como uma espécie de linha de luz. O Mestre, sempre subconscientemente, sente o choque de tal linha e envia ao longo dela, em resposta, um fluxo magnético constante que continua a agir muito depois do término da meditação. A regularidade em tal meditação é um fator muito importante.

Um pensamento de segura e bem mantida devoção podem assumir uma forma bastante semelhante a uma flor, enquanto a aspiração religiosa criará um cone azul, o ápice apontando para cima.

Tais formas-pensamentos de devoção mostram-se, muitas vezes, extraordinariamente belas, variando muito em seu contorno, mas caracterizadas por pétalas curvas que apontam para cima, como chamas azuis. É possível que o feitio de flor, característico das formas religiosas, tenha produzido o costume de oferecer flores, no culto religioso, já que as flores sugerem as formas visíveis à visão astral.

A curiosidade intensa, ou o desejo de saber, toma a forma de uma serpente amarela; a cólera explosiva, ou a irritação, é mancha vermelha e laranja; a cólera refreada tem a forma de um estilete agudo, vermelho; o ciúme despeitado mostra-se como cobra de tonalidade marrom.

As formas produzidas por pessoas que têm a mente e a emoção bem sob controle e são bastante treinadas em meditação mostram-se claras, objetos simétricos de grande beleza, muitas vezes tomando formas geométricas bem conhecidas, como triângulos, dois triângulos entrelaçados, estrelas de cinco pontas, hexágonos, cruzes, e assim por diante, numa indicação de pensamentos relacionados com a ordem cósmica ou com conceitos metafísicos.

O poder do pensamento unido de várias pessoas é sempre muitíssimo maior do que o resumo de seus pensamentos separados: esse poder seria representado, mais aproximadamente, pelo produto desses pensamentos.

A música também produz formas que não são, talvez, tecnicamente, formas-pensamentos – a não ser que as tomemos, como poderíamos, como resultado do pensamento do compositor, expressado pela habilidade do intérprete através do seu instrumento.

Essas formas musicais variarão de acordo com o tipo de música, o tipo de instrumento que a reproduz e a habilidade e méritos do executante. A mesma peça musical, se corretamente tocada, sempre construirá a mesma forma, mas essa forma, quando tocada por um órgão de igreja ou por uma orquestra, será imensamente maior, bem como de textura diferente daquela que produz a interpretação ao plano. Haverá também uma diferença em textura entre o resultado de uma peça musical tocada ao violino e a mesma peça executada por uma flauta. Há também ampla diferença entre a radiante beleza de uma forma produzida por um verdadeiro artista, perfeito na expressão e na execução, e o efeito relativamente pesado que lhe dá um instrumentista bisonho, mecânico.

As formas musicais conservam-se como estruturas coerentes durante um período considerável de tempo – pelo menos uma ou duas horas – e durante todo esse período estarão irradiando suas vibrações características para todos os lados, tal como fazem as formas-pensamentos.

No livro Formas-Pensamentos, são dados três exemplos coloridos de formas musicais nascidas da música de Mendesssohn, de Gounod e de Wagner, respectivamente.

As formas construídas variam muito segundo os diferentes compositores. Uma abertura de Wagner forma um todo magnífico, como se fora montanha em que as pedras fossem chamas. Uma das fugas de Bach ergue uma forma ordenada, ousada porém precisa, rude porém simétrica, com riachos paralelos, em prata, ouro ou rubi, correndo através deles, marcando os sucessivos retornos do motif. Um dos Lieber obne Worte, de Mendelssohn, faz nascer uma estrutura etérea, como um castelo de filigrama trabalhado em prata fosca.

Essas formas, criadas pelos executantes da música, são bastante diferentes das formas-pensamentos que vêm do próprio compositor e que muitas vezes persistem durante anos, mesmo durante séculos, se ele for por todo esse tempo compreendido e apreciado, de forma que sua concepção original seja fortalecida pelos pensamentos de seus admiradores. Edifícios idênticos são construídos pela idéia de um poeta sobre seu épico ou pela concepção de um escritor quanto ao seu tema. Às vezes, uma multidão de espíritos-da-natureza pode ser vista admirando as formas musicais e banhando-se nas ondas de influência que delas emanam.

Ao estudar as representações pictóricas das formas-pensamentos é importante ter em mente que as formas-pensamentos são objetos quadrimensionais. Há, portanto, uma impossibilidade prática de descrevê-las adequadamente em palavras que pertencem às nossas comuns experiências tridimensionais e ainda menos de apresentá-las em gravuras de duas dimensões, sobre papel. Estudantes da quarta dimensão vão compreender que o máximo que se pode fazer é representar uma parte das formas quadrimensionais.

É um fato notável, e possivelmente significativo, o de muitos dos mais altos tipos de formas-pensamentos assemelharem-se muitíssimo às formas vegetais e animais. Temos assim, pelo menos, a presunção de que as forcas da natureza trabalham de maneira semelhante àquela através da qual o pensamento e a emoção trabalham. Desde que todo o universo é uma poderosa forma-pensamento trazida à existência pelo Logos, bem pode ser que minúsculas partes dele também resultem das formas-pensamentos de entidades menores, ocupadas no mesmo trabalho criador. Essa concepção faz lembrar a crença hindu sobre a existência de 330 milhões de Devas.

Vale a pena reparar também que, enquanto algumas das formas-pensamentos se mostram tão complicadas e tão delicadamente modeladas que ao reproduzi-las fica além do poder da mão humana, ainda assim elas podem ser reproduzidas, bastante aproximadamente, através de meios mecânicos. O instrumento conhecido como Harmonógrafo consiste numa ponta fina guiada em seu caminho por vários pêndulos, cada um dos quais tem sua própria e independente oscilação, todas elas combinadas num movimento composto que se comunica à ponta, que, por sua vez, registra esse movimento sobre uma superfície apropriada.

Outras formas, embora mais simples, parecem-se com as figuras produzidas na areia pela famosa placa sonora de Chladni, ou pelo Eidofone ( vide Eidophone Voice Figures, de M. E. Hungues ).

Escalas e arpejos lançam voltas e curvas como as produzidas por um laço: uma canção com coro constrói uma quantidade de contas ensartadas num fio prateado de melodia; numa alegre canção a três vozes, sem acompanhamento, são produzidos fios entrelaçados de diferentes cores e texturas. Um hino de procissão constrói uma serie de formas retangulares nítidas, como elos de cadeia ou carros de composição ferroviária. Um canto anglicano forma fragmentos cintilantes, muito diferentes da luminosa uniformidade do canto gregoriano, que não é diferente do efeito dos versículos sânscritos cantados por um pandit hindu.

Musica militar produz longa esteira de formas em rítmica vibração, o compasso regular daquelas ondulações inclinando-se a reforçar as dos corpos astrais dos soldados, quando o impacto de uma sucessão de firmes e poderosas oscilações fornecem , por aquela ocasião, a força de vontade que talvez se visse afrouxada pela fadiga.

Um temporal cria flamejante faixa colorida, o trovão trazendo forma que sugere a de uma bomba que explode ou esfera irregular eriçada de pontas. As ondas quebrando sobre a areia formam linhas paralelas ondulantes, de colorido mutável, linhas que se transformam em cordilheiras de montanhas, quando de um temporal. O vento nas folhas de uma floresta cobre-a com uma teia iridescente, erguendo-se e tombando em suave movimento ondulatório.

O canto dos pássaros aparece como linhas curvas e laços de luz, desde os dourados globulosos do pássaro sineiro até a massa amorfa e rudemente colorida dos gritos dos papagaios ou das araras. O rugido de um leão também é visível na matéria superior e é possível que algumas criaturas selvagens possam ver, por via clarividente, essa forma, tendo aumentado assim o seu terror. Um gato, ao ronronar, rodeia-se de películas concêntricas, em nuvem rosada; o latido de um cão envia projéteis de pontas agudas, não muito diferentes do disparo de um rifle, que atravessam o corpo astral de pessoas e perturbam-nas seriamente. O ladrar de um sabujo atira contas parecidas com bolas de futebol, de movimento mais lento e menos tendentes a se fazerem perigosas. A cor dessas bolas é habitualmente vermelha, ou marrom, variando com a emoção do animal e o timbre de sua voz.

O mungido de uma vaca produz formas pesadas e rombudas, como tocos de madeira. Um rebanho de ovelhas forma nuvem amorfa, cheia de pontas, parecida a uma nuvem de poeira. O arrulhar de um casal de pombos desenha formas curvas, graciosas, tal como a letra S invertida.

Voltando aos sons humanos, uma exclamação colérica atira-se como espada escarlate; o cascatear de tagarelice tola constrói intricada rede de linhas metálicas, de um tom duro, entre o marrom e o cinzento, formando barreira quase perfeita contra qualquer pensamento ou sentimento mais alto e mais belo. O corpo astral de uma pessoa tagarela é impressionante lição objetiva sobre a insensatez da conversa desnecessária, inútil e desagradável.

O riso de uma criança forma borbulhantes desenhos rosados, o gargalhar de uma pessoa cuja mente é vazia tem o efeito explosivo de massa irregular, quase sempre marrom, ou de um verde sujo. O riso zombeteiro atira projéteis sem forma, de um vermelho opaco, quase sempre pintalgado de marrom esverdeado, eriçado de pontas agudas.

As cachinadas da pessoa constrangida dão o aparecimento e cor de um poço de lama fervente. Risinhos nervosos criam um emaranhado parecido ao das algas marinhas, em linhas de um marrom com linhas de tom amarelo opaco, e têm mau efeito sobre o corpo astral. Risada alegre, bondosa, sobe em formas arredondadas, em ouro e verde. Assovio suave e musical produz efeito não muito diferente do de flauta pequena, porém mais agudo e mais metálico. Assovio dissonante dispara pequenos projéteis pontudos, de tonalidade marrom sujo.

Inquietação, reboliço, produzem na aura vibrações trêmulas, de forma que nenhum pensamento ou sentimento pode passar par dentro ou para fora sem distorção, e mesmo os bons pensamentos que estão sendo enviados para fora são tomados por um estremecimento que virtualmente os neutraliza. A exatidão no pensar é essencial, mas ela deve ser obtida pela perfeita calma e não através de precipitação e de inquietação.

O apito estridente de uma locomotiva produz projétil muito mais penetrante e poderoso do que o latido de um cão e ocasiona no corpo astral um efeito comparável ao de uma espada enterrada no corpo físico. Um ferimento astral cura-se em poucos minutos, mas o choque não desaparece tão depressa do organismo astral.

O disparo de um canhão produz um serio efeito sobre as correntes astrais e sobre os corpos astrais. Tiros de rifle ou pistola atiram em derredor uma cascata de pequenas agulhas.

Ruídos repetidos afetam os corpos mental e astral, precisamente como as pancadas afetam o corpo físico. No corpo físico, o resultado é dor; no corpo astral, significa irritabilidade; no corpo mental, uma sensação de fadiga e incapacidade de pensar claramente.

Está bastante claro que todos os sons altos, agudos ou súbitos, devem, tanto quanto possível, ser evitados por quem deseje conservar seus veículos astral e mental em boa ordem. Especialmente desastroso é o efeito, por exemplo, do permanente ruído e estrondo de uma cidade sobre os plásticos corpos astral e mental das crianças.

Todos os sons da natureza mesclam-se num tom, chamado pelos chineses o “Grande Tom”, ou King. Isto também tem sua forma, uma síntese de todas as formas, vasta e mutável como o mar, representando a nota da nossa terra na música das esferas. Alguns escritores dizem que essa nota é o Fá da nossa escala.

É possível, naturalmente, destruir uma forma-pensamento, e isso é feito às vezes quando por exemplo uma pessoa é perseguida por uma forma-pensamento maligna depois da morte, criada provavelmente pelo ódio de quem foi prejudicado pela pessoa , no mundo físico. Embora tal forma-pensamento possa parecer quase uma criatura viva – há um exemplo em que ela apareceu como um enorme gorila deformado – é apenas, uma criação temporária de má paixão e de forma alguma uma entidade que evolui, de modo que dissipa-la é como destruir uma garrafa de Leyden e de maneira nenhuma um ato criminoso.

A maioria dos homens reconhece que atos prejudiciais a outrem são positiva e obviamente errados, mas poucos compreendem que também é errado sentir ciúmes, ódio, ambição etc., mesmo que tais sentimentos não sejam expressos em palavras ou ações. Um exame das condições da vida após a morte ( capítulos XIII-XV ) revela que tais sentimentos prejudicam a pessoa que os alimenta e causam a tal pessoa um agudo sofrimento após a morte.

Assim, um estudo das formas-pensamentos faz sentir, ao estudante aplicado, as tremendas possibilidades de tais criações e a responsabilidade ligada ao correto uso delas. Pensamentos não são apenas coisas, mas coisas excessivamente poderosas. Cada pessoa está gerando-os incessantemente, noite e dia. Muitas vezes não é possível dar auxilio não possa ser dado pelo pensamento, ou no qual o pensamento deixe de produzir um resultado definido. Ninguém deve hesitar em fazer uso desse poder, em toda a sua extensão, contanto que ele seja sempre empregado em propósitos altruístas e para impulsionar o divino plano da evolução.

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