Existem pessoas cujas mentes seriam incapazes de apreciar a grandeza intelectual dos antigos, mesmo nas ciências físicas, ainda que recebessem a mais completa demonstração de seu profundo saber e de suas realizações. Assim, por exemplo, elas rirão da idéia da eficácia dos talismãs. Que os sete espíritos do Apocalipse têm relação com os sete poderes ocultos da Natureza, eis algo que parece incompreensível e absurdo às suas frágeis mentes; e a mera idéia de um mágico que afirma poder realizar maravilhas por meio de ritos cabalísticos fá-las retorcer-se de riso. Percebendo apenas a figura geométrica traçada sobre um papel, um pedaço de metal, ou outra substância, elas não podem imaginar como alguém razoável seria capaz de conferir-lhes qualquer poder oculto. Mas aqueles que se deram ao trabalho de se informar sabem que os antigos realizaram grandes descobertas tanto na Psicologia como na Física e que as suas investigações deixaram poucos segredos ainda por descobrir.
Aplicai um pedaço de ferro sobre um ímã, e ele impregnar-se-á de seu princípio sutil e tornar-se-á capaz de comunicá-lo por sua vez a outro ferro. Ele não pesa mais nem parece diferente do que era antes. E, no entanto, uma das forças mais sutis da Natureza lhe penetrou a substância. Um talismã, em si talvez um mero pedaço de metal, um fragmento de papel, ou um retalho de um tecido qualquer, foi no entanto impregnado pela influência do maior de todos os ímãs, a vontade humana, com um poder para o bem ou para o mal de tão reais efeitos como a propriedade sutil que o aço adquiriu em seu contado com o ímã. Deixai que um sabujo fareje uma peça de roupa que foi trajada pelo fugitivo, e ele o seguirá através do pântano e da floresta até o seu refúgio. Dai um manuscrito a um dos “psicômetros” do Prof. Buchanan, qualquer que seja a sua antiguidade, e ele vos descreverá o caráter do autor, e talvez mesmo a sua aparência pessoal. Alcançai uma madeixa de cabelo ou qualquer outro objeto que esteve em contado com a pessoa de quem ser quer saber algo a uma clarividente, e ela entrará em simpatia com esta de modo tão íntimo que lhe poderá seguir passo a passo a vida.
Os criadores nos contam que os animais jovens não devem ser reunidos com os animais velhos; e os médicos inteligentes proíbem os pais de permitirem que as crianças muito jovens ocupem suas camas. Quando Davi estava velho e fraco, suas forças vitais foram restabelecidas colocando-se uma jovem em estreito contato com ele a fim de que pudesse absorver-lhe a força. A falecida Imperatriz da Rússia, irmã de Guilherme I, imperador da Alemanha, estava tão fraca nos últimos anos de sua vida que os médicos lhe aconselharam seriamente a manter em seu leito à noite uma robusta e saudável jovem camponesa. Quem quer que tenha lido a descrição dada pelo Dr. Kerner da Vidente de Prevost, Mme. Hauffe, deverá recordar-se de suas palavras. Ela declarou repetidamente que se mantinha viva apenas devido à atmosfera das pessoas que a cercavam e às suas emanações, que eram vivificadas de maneira extraordinária pela sua presença. A vidente era simplesmente um vampiro magnético, que absorvia, atirando-se a ela, a vida daqueles que eram fortes o suficiente para lhe comunicarem a sua vitalidade na forma de sangue volatilizado. O Dr. Kerner observa que essas pessoas ressentiam dessa perda de força.
Graças a esses exemplos familiares da possibilidade de um fluido sutil comunicar-se de um indivíduo ao outro, ou à substância por este tocada, torna-se mais fácil compreender que, através de um determinada concentração da vontade, um objeto de outro modo inerte pode ser impregnado de um poder protetor ou destrutivo de acordo com o objetivo que se tem em vista.
Uma emanação magnética, produzida inconscientemente, é seguramente vencida por uma emanação mais enérgica com a qual entra em choque. Mas quando uma vontade inteligente e poderosa dirige a força cega, e a concentra num dado ponto, a emanação mais fraca dominará com freqüência a mais forte. Uma vontade humana tem o mesmo efeito sobre o Âkasa.
Certa feita, testemunhamos em Bengala uma exibição de força de vontade que ilustra um aspecto altamente interessante do assunto. Um adepto de Magia fez alguns passes sobre uma peça de estanho comum, o interior de uma marmita, que estava à sua frente, e, olhando-a atentamente durante uns poucos minutos, ele parecia recolher o fluido imponderável aos punhados e lançá-lo sobre a sua superfície. Quando o estanho foi exposto à plena luz do dia durante seis segundos, a superfície brilhante se cobriu imediatamente como um filme. Em seguida, manchas de uma cor escura começaram a surgir sobre a superfície da peça; e quando, cerca de três minutos depois, o estanho nos foi entregue, encontramos impressa sobre ela uma pintura, ou melhor, uma fotografia da paisagem que se estendia à nossa frente; exata como a própria Natureza, de colorido perfeito. Ela permaneceu por cerca de oito horas e então lentamente se esvaneceu.
Este fenômeno explica-se facilmente. A vontade do adepto condensou sobre o estanho um filme de Âkasa que o transformou durante algum tempo numa chapa fotográfica sensibilizada. A luz fez o resto.